sexta-feira, 10 de julho de 2020

Joanna de Ângelis - Livro Amor Imbatível Amor - Divaldo P. Franco - Cap. 62 - Amor que liberta



Joanna de Ângelis - Livro Amor Imbatível Amor - Divaldo P. Franco - Cap. 62


Amor que liberta


A vigência do amor no ser humano constitui a mais alta conquista do desenvolvimento psicológico e também ético, porquanto esse estágio que surge como experiência do sentimento concretiza-se em emoções profundamente libertadoras, que facultam a compre­ensão dos objetivos essenciais da existência humana, como capítulo valioso da vida.

O amor suaviza a ardência das paixões canalizan­do-as corretamente para as finalidades a que se pro põem, sem as aflições devastadoras de que se reves­tem.

No emaranhado dos conflitos que às vezes o assal­tam, mantém-se em equilíbrio norteando o comporta­mento para as decisões corretas.

Por isso é sensato e sereno, resultado de inumerá­veis conquistas no processo do desenvolvimento inte­lectual.

Enquanto a razão é fria, lógica e calculada, o amor é vibrante, sábio e harmônico.

No período dos impulsos, quando se apresenta sob as constrições dos instintos, é ardente, apaixonado, cer­cado de caprichos, que o amadurecimento psicológico vai equilibrando através do mecanismo das experiên­cias sucessivas.

Orientado pela razão faz-se dúlcido e confiante, não extrapolando os limites naturais, a fim de se não tornar algema ou converter-se em expressão egoísta.

Não obstante se encontre presente em outras emo­ções, mesmo que em fase embrionária, tende a desen­volver-se e abarcar as sub-personalidades que manifes­tam os estágios do primitivismo, impulsionando-as para a ascensão, trabalhando-as para que alcancem o estágio superior.

É o amor que ilumina a face escura da personali­dade, conduzindo-a ao conhecimento dos defeitos e auxiliando-a na realização inicial da auto-estima, pas­so importante para vôos mais audaciosos e necessários.

A sua presença no indivíduo confere-lhe beleza e alegria, proporciona-lhe graça e musicalidade, produ­zindo irradiação de bem-estar que se exterioriza, tor­nando-se vida, mesmo quando as circunstâncias se apre sentam assinaladas por dificuldades, problemas e do­res, às vezes, excruciantes.

Vincula os seres de maneira incomum, possuindo a força dinâmica que restaura as energias quando com­balidas e conduz aos gestos de sacrifício e abnegação mais grandiosos possíveis.

O compromisso que produz naqueles que se unem possui um vínculo metafísico que nada interrompe, tor­nando-se, dessa forma, espiritual, saturado de esperan­ças e de paz.

O amor, quando legítimo, liberta, qual ocorre com o conhecimento da verdade, isto é, dos valores perma­nentes, os que são de significado profundo, que supe­ram a superficialidade e resistem aos tempos, às circunstâncias e aos modismos.

Funciona como elemento catalisador para os altos propósitos existenciais.

A sua ausência abre espaço para tormentos e ansi­edades que produzem transtornos no comportamento, levando a estados depressivos ou de violência, porquanto, nessa circunstância, desaparecem as motivações para que a vida funcione em termos de alegria e de fe­licidade.

Quando o amor se instala nos sentimentos, as pes­soas podem encontrar-se separadas, ele, porém, perma­nece imperturbável. A distância física perde o sentido geográfico e o espaço desaparece, porque ele tem o poder de preenchê-lo e colocar os amantes sempre próximos, pelas lembranças de tudo quanto significa a arte e a ciência de amar. Uma palavra evocada, um aroma sentido, uma melodia ouvida, qualquer detalhe desen­cadeia toda uma série de lembranças que o trazem ao tempo presente, ao momento sempre feliz.

O amor não tem passado, não se inquieta pelo fu­turo. E sempre hoje e agora.

O amor inspira e eleva dando colorido às paisagens mais cinzentas, tornando-se estrelas luminosas das noites da emoção.

Não necessita ser correspondido, embora o seu ca­lor se intensifique com o combustível da reciprocida­de.

Não há quem resista à força dinâmica do amor.

Muitas vezes não se lhe percebe a delicada presen­ça. No entanto, a pouco e pouco impregna aquele a quem se direciona, diminuindo-lhe algumas das desa­gradáveis posturas e modificando-lhe as reações conflitivas.

Na raiz de muitos distúrbios do comportamento pode ser apontada a ausência do amor que se não rece­beu, produzindo uma terra psicológica árida, que abriu espaço para o surgimento das ervas daninhas, que são os conflitos.

O amor não se instala de um para outro momento, tendo um curso a percorrer.

Apresenta os seus pródromos na amizade que des­perta interesse por outrem e se expande na ternura, em forma de gentileza para consigo mesmo e para com aquele a quem se direciona.

É tão importante que, ausente, descaracteriza o sen­tido de beleza e de vida que existe em tudo.

A sua vigência é duradoura, nunca se cansando ou se amargurando, vibrando com vigor nos mecanismos emocionais da criatura humana.

Quando não se apresenta com essas características de libertação, é que ainda não alcançou o nível que o legitima, estando a caminho, utilizando-se, por enquanto, do prazer do sexo, da companhia agradável, do in­teresse pessoal egoístico, dos desejos expressos na con­duta sensual: alimento, dinheiro, libido, vaidade, res­sentimento, pois que se encontra na fase alucinada do surgimento…

O amor é luz permanente no cérebro e paz contí­nua no coração.


Joanna de Ângelis







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