Uma prova da imortalidade com Chico Xavier
Depois de quase duas horas de psicografia, a reunião tem o seu término e Chico se prepara para ler as mensagens. Calmamente recoloca os óculos, que já o estão ajudando muito pouco, e toma uns goles de chá quente, o que, segundo ele, ajuda a “chamar a voz”.
A expectativa em torno das páginas escritas é muito grande; algumas mães seguram de encontro ao peito fotos dos filhos desencarnados...
Após a leitura de duas mensagens, uma das quais da poetisa Maria Dolores, o Sr. Weaker, como de hábito, repete o chamamento:
“Carta do espírito Gilmar Gomes Borges dirigida à Srta. Helenice!”
Ninguém aparece. Alguns companheiros chamam mais alto por Helenice, pois pode ser que ela esteja no pátio. Alguns minutos decorrem, sem que a destinatária apareça.
O Chico, então, dobra a mensagem e a entrega ao Sr. Weaker. Será que houve alguma falha? Nesse ínterim, quando o Chico já se preparava para autografar os quase seiscentos livros que estavam à sua espera, a nossa confreira Dª. Terezinha Pousa Corrêa de Paiva, distinta dama das lides espiritistas em Uberaba, adentra o salão do centro com um papel das mãos, lívida e profundamente emocionada.
Quase sem poder falar, conversa rapidamente com o Chico, explicando que estava na mesa lá fora, carimbando os livros, quando alguém lhe pediu para entregar a ele, quando terminasse a psicografia, uma carta solicitando notícias do tio desencarnado há quase um ano. O envelope estava fechado, mas, lendo o nome da remetente, observou chamar-se Helenice, o mesmo nome que fora chamado instantes antes para ser-lhe entregue uma mensagem do Mundo Espiritual.
Tentada, resolveu abrir o envelope e, estupefata, viu que a remetente Helenice solicitava justamente notícias de Gilmar Gomes Borges, o espírito que havia assinado a página que ninguém reclamara!
Todos, no salão do Grupo Espírita da Prece, não reprimem exclamações de admiração ante aquela comprovação impressionante.
Sem se alterar, como se para ele aquilo fosse a coisa mais natural do mundo, Chico pede à Dª Terezinha que leia a carta.
Resumidamente, a missiva solicitava notícias do Dr. Gilmar, desencarnado recentemente em Paris, França, vitimado por leucemia blástica. A família não conseguia entender o porquê da sua desencarnação longe do Brasil, em terra estranha.
Tendo Dª Terezinha encerrado a leitura da carta, Chico pede permissão para ler a mensagem que havia guardado. E o espírito começa assim:
“Querida Helenice, você me pede notícias e aqui as tem. “Diz dos seus planos de especialização em Paris, com possibilidades de ampliar estudos na Suíça e na Alemanha; que os colegas julgaram que ele estava buscando “status”, mas que desencarnar em Paris não constituía nenhum “luxo”, porquanto, a morte é a mesma em qualquer lugar...
A medida que o Chico lê a mensagem, tem-se a impressão de que o espírito responde, ítem por item, à carta...
Quando terminara, Chico passa às mãos de Dª Terezinha as notícias, solicitando encaminhá-las à destinatária, Srta. Helenice Gobbi de Almeida.
Como não poderia deixar de ser, estamos todos perplexos, embevecidos com a autenticidade do fenômeno que testemunhamos; a materialização de um espírito talvez não tivesse nos impressionado tanto...
O Mundo Espiritual age com muita sabedoria; o que se passa no ambiente de uma reunião espírita é algo que estamos longe de imaginar. Vejamos que antes da missiva passar às mãos de Chico Xavier, já a entidade comunicante, que provavelmente acompanhara a sobrinha, se comunicava... E como o Chico sempre repete, quando alguém o procura para obter mensagens: “Ah esse telefone toca de lá para cá...”
No Grupo Espírita da Prece, ninguém conseguiu comentar nada mais que não se referisse ao fato que presenciamos e, enquanto a noite se transformava em madrugada, aquele homem, já vergado pelo peso dos anos, missionário das verdades do Cristo na Terra, prosseguia no seu apostolado de amor.
E ficamos a pensar no mundo em convulsão, nas renovações sociais, nas guerras, nas disputas religiosas, no materialismo, na delinquência, na indiferença de muitos em matéria de crença, na vaidade da ciência... E aquele homem ali, qual minúsculo Sol encarcerado na gaiola do corpo, antecipando-se no tempo, orando numa singela cabana, falando em Jesus com sabedoria inigualável.
Carlos A. Baccelli
Fonte: Julio Miyamoto
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