Miramez - Livro Filosofia Espírita - Vol. I - João Nunes Maia - Cap. 41
Renovação
Tudo o que existe renova-se no turbilhão esquemático do Criador. Tudo para o qual foi estabelecido um princípio, sob as leis que regem a matéria, tem certamente um fim, na regência das mesmas leis.
Entretanto, no que tange ao Espírito, isso foge às nossas deduções, por não alcançarem elas o princípio desta lei e ser movido o Espírito por outras que lhe sustentam a vida, na vida de Deus.
Querer buscar os primórdios da alma é querer se fazer entendido naquilo que não entendeu o suficiente, explicar o inexplicável e falar o que escapa à nossa razão. Se ainda estamos começando a estudar matéria, como falar do Espírito, da maneira que a vaidade especula? Constitui isso uma grande viagem, que apenas estamos iniciando. Deus nada esconde de seus filhos, porém, nós outros é que não temos capacidade de entendimento, para compreender o que se encontra mais distante. Compete a nós avançar para sentir a verdade.
Nada se desfaz. As coisas se renovam e a renovação é o desfazer daquilo que foi feito. O envelhecimento é lei por toda parte, e o que não envelhece não pode morrer. O Espírito quando evoluído, quanto mais velho, mais novo fica e esplende uma eterna juventude por dentro, as suas modificações não são propriamente renovações, mas despertamento dos valores que dormem em seu coração espiritual, cuja gênese e destino desconhecemos. Somente somos conscientes de que em cada passo que dermos, estaremos mais próximos da felicidade. Não que esse bem-estar universal esteja longe de nós: nós é que nos fazemos distantes dele, pela nossa incapacidade. Tudo se encontra ao alcance das nossas mãos, dependendo apenas de conhecermos as vias do amor.
A matéria, quanto mais velha — velha da forma que tomou — mais se aproxima da desintegração. O Espírito, quanto mais velho — velho de despertamento —mais se integra na juventude, e a sua consciência avança para o infinito. A evolução da alma é, pois, sem limites, transcendendo os limites que os homens compreendem.
“Deus renova o mundo, como renova os seres vivos” respondem os Espíritos a Allan Kardec. A renovação dos seres vivos, na linguagem dos Espíritos, são as mudanças de corpos para o despertar da morada que vibra no seio da matéria. Não que ela se desfaça como a forma física, retornando à energia no grande suprimento, sem a consciência no estado de ser.
A chama divina que anima a matéria, em qualquer posição evolutiva, sempre cresce. Crescimento que falamos é despertamento dos valores depositados por Deus, no coração daquilo que vive para sempre, no seio divino. É bom que sejamos conscientes de que nada se acaba. Não existe morte, nem para a própria matéria, ela também tem sua ascensão, de escala a escala, e é infinita a sua purificação. A sua evolução, se assim podemos dizer, é feita sob os cuidados dos luminares da eternidade, na vigilância de Deus.
Se queres saber do princípio de tudo que existe, mesmo da matéria que podes sentir e tocar, usar e mover para o teu bem-estar, ouve: quanto mais avançares no estudo e nas deduções, quanto mais a razão ampliar as tuas normas de conhecimento, chegarás ao ponto de declarar que quanto mais sabes, mais descobres que nada sabes da genealogia dos segredos do Criador.
Os homens, mesmo os mais entendidos são, em relação à Inteligência Superior, menos do que a matéria em relação ao Espírito: estão dormindo em cima do livro do saber, sendo analfabetos. Não sabem nem ler nem compreender as lições escritas por Deus, nas páginas da natureza.
Se queres compreender as mudanças e transformações de tudo e o despertamento do Espírito, o porquê, necessário se faz amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo, esse é o princípio de toda a sabedoria humana e divina. Se não te interessares pelo amor, continuarás no centro da renovação universal e do despertar interior, pelas conseqüências do tempo e do espaço, até que a voz da vida dentro de ti, grite pelos canais da dor, o “basta” ao esquecimento das leis. Então, passarás a entender pelo sofrimento, pela leitura dinâmica da vida começarás a ter o maior respeito e a melhor vivência com a harmonia, por encontrares as sendas do amor verdadeiro pelo agente da agressão.
Miramez
Fonte: Filosofia Espírita - Vol. I -pdf
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