sábado, 14 de março de 2020

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 2ª Parte - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos - Capítulo 6 - Da vida espírita - Questão 258 - Escolha das provas (Miramez)



Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 2ª Parte - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos - Capítulo 6 - Da vida espírita


Escolha das provas


258. No estado errante, antes de nova existência corpórea, o Espírito tem consciência e previsão do que lhe vai acontecer durante a vida?

– Ele mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer, nisto consiste o seu livre arbítrio.

258-a. Não é Deus quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo?

– Nada acontece sem a permissão de Deus, porque foi Ele quem estabeleceu todas as leis que regem o universo. Perguntareis agora por que Ele fez tal lei em vez de tal outra! Dando ao Espírito a liberdade de escolha, deixa-lhe toda a responsabilidade dos seus atos e das suas conseqüências, nada lhe estorva o futuro, o caminho do bem está à sua frente, como o do mal. Mas se sucumbir, ainda lhe resta uma consolação, a de que nem tudo se acabou para ele, pois Deus, na sua bondade, permite-lhe recomeçar o que foi mal feito. É necessário distinguir o que é obra da vontade de Deus e o que é da vontade do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes vós que o criastes, mas Deus, tivestes, porém, a vontade de vos expordes a ele, porque o considerastes um meio de adiantamento, e Deus o permitiu.


Allan Kardec





O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez

Questão 258 comentada


A razão nos convida a apreciar com profundidade esse assunto de escolha de provas, quando o Espírito está na erraticidade. Temos o livre-arbítrio, mas em uma escala progressiva, e até certo ponto, porque Deus é quem comanda tudo, dentro da Sua autoridade total.

O Espírito pode escolher as provas que haverá de enfrentar na Terra, mas, quando passa dos limites, quando a sua usura, o seu orgulho falam mais alto do que as suas necessidades de se educar, a mão de Deus intervém, dando-lhe o que pode suportar e que lhe serve de aprendizado. É, pois, engenhosa essa escolha; nem sempre a alma pode escolher o que quer, porque por vezes não sabe optar pelo que realmente lhe convém.

No caso de Espíritos envolvidos nas paixões inferiores, que se encontram na inconsciência do que devem escolher, certamente que esses não podem programar as suas provas, assim como a criança, o velho esclerosado ou o retardado mental não podem sair para as ruas à hora que desejarem.

Para esse trabalho de escolha e assistência, aos reencarnantes, Deus colocou falanges e mais falanges de anjos benfeitores, conscientes de seus deveres ante os necessitados.

Nunca se pode generalizar esses casos de escolhas; elas são variadas, de acordo com o reencarnante, e muitos Espíritos, já com categoria espiritual elevada, pedem conselhos aos Espíritos que os guiam nas escolhas das suas provas, sobre a família e o meio social em que deverão reencarnar. São almas que desejam acertar e não querem negligenciar nas diretrizes do bem e da verdade, e ainda pedem aos seus mentores espirituais para avisar-lhes sobre os perigos, no momento em que estiverem à beira do abismo. São Espíritos com a maturidade que os assemelha à lavoura cuja colheita se aproxima. E que Deus nos abençoe e que existam muitos deles na Terra.

Mas quando o Espírito tem a liberdade de escolher suas provas e avança para certas dificuldades que pesam em seus ombros, e Deus o permite, Ele, o Senhor, é misericordioso e oferta muitos recursos para que a alma aproveite as lições. Nada é perdido em lugar algum do universo porque a Sabedoria Divina tudo vê, e Suas mãos sempre abençoam, convertendo o mal em bem, o ódio em amor, a violência em paz, a inimizade em perdão. Mesmo que o Espírito se desvie da estrada nobre que desejou seguir, ele acumula experiências e torna a voltar, revestindo-se de novo corpo, com mais facilidade de acertar.

Podemos ponderar sobre os nossos feitos na Terra e as decisões que tomamos no decorrer da nossa existência. Temos o livre-arbítrio de escolher, no entanto, muitas escolhas não acontecem, porque o Senhor não achou conveniente ao nosso tamanho evolutivo. Isso sucede todos os dias; basta observarmos os acontecimentos na sutileza da vida. Situações há em que determinada pessoa escolhe, por exemplo, dirigir um país e quase toda nação assim o deseja. Entretanto, Deus não permite que assim aconteça.

Assim também se passa no mundo dos Espíritos: quem pode escolher, escolhe as provas; a quem não pode, elas são impostas, e outros pedem conselhos aos benfeitores maiores, sobre o que é melhor para eles. Enfim, tudo é escola, tudo são lições, porque nada se perde na casa de Deus. A Sua vontade é sempre soberana.


Miramez






Filosofia Espírita – Volume VI - João Nunes Maia

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