Luz para Amália
Sem registro de data, deve fazer mais de vinte anos que ouvi de Chico este caso.
A notável médium espanhola Amália Domingo Soler ficou cega. Em extrema penúria, frequentava uma casa de caridade em que se distribuía sopa. Ali, as pessoas eram antes cadastradas ou fichadas, exigência burocrática que a ocasião tornava impiedosa e que talvez se destinasse a produzir estatísticas, como se estas tivessem importância nesses casos.
Certo dia, recolhida em seu aposento, orou, pedindo a Jesus que lhe devolvesse a visão. Em comovedora lembrança dos companheiros de infortúnio, prometeu que trabalharia para construir uma casa onde os desvalidos recebessem o prato de sopa, sem que lhes fosse perguntada qualquer coisa, nem sequer o nome.
Ainda sentada na cama, decorridos alguns instantes, começou a ouvir vozes. Claramente ouviu que pediam em coro: “Luz, Senhor! Luz para Amália! Luz para Amália!”
Fechada na escuridão, ficou algo confusa, julgando ouvir vozes humanas. Levantando-se, começou a tatear, perguntando quem estava no quarto.
Enganava-se. As vozes vinha do Mundo Espiritual. De móvel em móvel, suas mãos a levaram até ao velho guarda-roupa, que tinha um espelho.
Os olhos sem vida encheram-se de luz e ela se viu, refletida, com toda a nitidez da visão que lhe fora restituída pelo Mestre! Daí em diante, nunca mais deixou de servir sopa a uma legião de anônimos necessitados.
Adelino Silveira & Chico Xavier
Nenhum comentário:
Postar um comentário