Hammed - Livro A Imensidão dos Sentidos - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 21
Defenda-se com autorresponsabilidade
"(...) O médium experimenta as sensações do estado no qual se encontra o Espírito que vem a ele. Quando o Espírito é feliz, é tranquilo, leve, sério; quando é infeliz, é agitado, febril, e essa agitação se transmite, naturalmente, ao sistema nervoso do médium (...)" Livro dos Médiuns - 2ª Parte - Cap. 24
Carl Gustav Jung desenvolveu a expressão "sombra" para denominar tudo aquilo que somos mas ignoramos ser. Esse termo, em psicologia, significa que tudo o que o homem não quer ser ou ver em si mesmo permanece oculto no seu inconsciente. É o "outro" lado de nós mesmos, o que se encontra no "mais escuro" lado de nós mesmos, o que se encontra no "mais escuro" de nossa alma. Da "sombra" igualmente fazem parte nossas capacidades em germe que, por algum motivo, ainda não pudemos ser despertadas.
A "sombra" se compõe de nossos opostos não integrados, ou seja, quando rejeitamos nossa ambivalência - nossos aspectos radicalmente diferentes. Ao aceitarmos nossa condição de almas em evolução, assumindo os elementos naturais da estruturas humanas, isto é, as duas polaridades da vida (claridade - escuridão; intuição - razão; masculino - feminino; doçura - agressividade; humildade - orgulho; intelectual - manual; movimento - inércia), conseguiremos nos tornar seres unos ou plenos.
Ao evitarmos os extremos, faremos uma conexão entre os opostos. Sem compulsão e sem passividade, encontraremos o meio-termo, o equilíbrio. Enfim, ao abraçarmos nossa "sombra", conseguiremos a "unidade total".
A "sombra", no processo de integração, precisa ser reconhecida ou "posta em ordem", para que sua essência por nós desconhecida, não seja desencadeada para fora, de modo incontrolável e insano. Necessitamos trazê-la gradativamente para a consciência, tendo presente que tudo o que se ignora e reprime é revivido num abrangente processo de "projeção".
A "projeção"- uma das técnicas de defesa do ego, acontece quando recusamos aceitar, ou não ver, o que está "dentro de nós". Tentamos aceitar, ou não ver, o que está "dentro de nós". Tentamos nos livrar de nossas fraquezas, limitações, inseguranças, medos, atribuindo-os a alguma situação ou pessoa. Quanto mais enérgica e constante for a nossa manifestação de censura e descontentamento por determinada situação o comportamento, maior a possibilidade de ser tratar de "projeção". Na realidade, reprovamos ou criticamos veemente nos outros aquilo que não podemos aceitar em nós.
Uma das importantes "recomendações terapêuticas"de Jesus Cristo é : "Nada há no exterior do homem que penetrando nele, o possa tornar impuro; mas o que sai do homem, isto é o que o torna impuro. SE alguém tem ouvidos para ouvir,ouça! " ( Mc 7:15 e 16)
"(...) mas o que sai do homem, isso é o que o torna impuro (...)" quer dizer: o que nos "torna impuros", nos macula é a nossa visão projetada; ela provém da soma de tudo aquilo que nós não percebemos e, portanto, não nos deixa vivenciar ou desenvolver nossa realidade interior.
Quando não estamos conscientizados dos diversos aspectos de que se compõe nossa "sombra", ela é projetada no exterior de forma imprevista e constante. Em síntese, tudo aquilo com que nos deparamos "fora" de nós é algo que procede de "dentro".
Certamente que "nada há no exterior do homem que, penetrando nele, o possa tornar impuro". Em outras palavras: o que nos prejudica ou nos faz mal não provém de fora, mas de nossa intimidade desconhecida e rejeitada, que é vivida na "projeção".
Somente quando avaliamos nosso "coeficiente evolutivo" e tomamos contato com nossas dificuldades e fragilidades existenciais, é que podemos iniciar nossa real tarefa de transformação íntima. Além do mais, só conseguimos modificar aquilo que admitimos e vemos claramente em nós mesmos.
Na coletividade em que o Mestre viveu, as mulheres, especificamente, receberam a um só tempo um massacrante processo coletivo de "projeção". Lançar" aspectos da "sombra" sobre a mulher era motivo de primazia.
Em todas as etapas da humanidade, vamos encontrar as minorias, os considerados libidinosos, os adúlteros, os malfeitores e as prostitutas desempenhando um papel doloroso, pois a sociedade pode facilmente lançar-lhes de forma indiscriminada, suas "projeções". As religiões ortodoxas controlam e conduzem os indivíduos, impondo-lhes a repressão e o comportamento contínuo de "projeção" e criando-lhes formas para que vivam numa espécie de "miopia" existencial".
O Mestre, porém, exortava todos a não lançar a "sombra" pessoal ou a coletiva através do mecanismo da "projeção", usando em várias passagens do Evangelho o termo "hipocrisia" para denominar essa atitude pessoal e pública dos judeus daquela época.
"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Sois semelhantes a sepulcros caiados, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão. Assim também vós: por fora pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e iniquidade."(Mt 23: 27 e 28).
As criaturas que não podem admitir honestamente suas próprias tendências e desejos inadequados vivem distraídas na superfície das tarefas espirituais e nunca chamam realmente as coisas que sentem pelos seus "nomes verdadeiros".
O desequilíbrio exterior, em última análise, é sempre correspondente à nossa própria desarmonia interior, residindo em nós, portanto, a decisão de concretizar a renovação íntima e, dessa forma, restaurar igualmente a harmonia externa. Esse entendimento é o passo primordial para a nossa recuperação fisiológica.
As pessoas que afirmam de modo conformista: "peguei" uma vibração negativa! É porque ainda não reconheceram a interligação entre os próprios sentimentos e os fatos que acontecem ao seu derredor. Aderem a um princípio de "vida determinista", onde encontram uma justificativa cômoda para evitar a autorresponsabilidade. Não se sentem responsáveis, porque desconhecem o nível de consciência com que atraem, emitem ou repelem as energias que os circundam, sempre pondo a culpa nas circunstâncias ou nos Espíritos, desencarnados ou não.
A existência vivida na consciência oferece mais segurança e controle do que vivida na inconsciência. A pessoa que aceita total responsabilidade por tudo que acontece em sua vida cria um mundo melhor para si e para todos aqueles com quem interage.
"Não sou responsável; estava fora de mim naquele exato momento", dizem alguns. Querendo ou não, somos nós que escolhemos nossas decisões e atitudes. Se dissociarmos a causa do efeito de nossos atos, enfraquecemos cada vez mais o senso de ligação entre nós e os acontecimentos.
Ninguém simplesmente "pega" energias nocivas ou atrai Espíritos infelizes de modo casual. A Vida não é injusta. Temos o que merecemos. Não somos vítimas impotentes vivendo um destino impiedoso.
Em verdade, não é preciso que a entidade espiritual domine todo o "(...) sistema nervoso do médium (...)" para influenciá-lo; basta ligar-se, por meio de um tênue fio fluídico, em um dos seus plexos nevosos (emaranhado ou rede complexa de nervos no corpo físico), correlartos aos "chakras"no corpo astral, para ter o domínio das zonas sensitivas controladas por aquele centro de força.
O Espírito, consciente ou não, se liga ao indivíduo em sua "área frágil", a qual lhe oferece campo de atração. Esse "ponto fraco" é considerado como um pequeno "cisto destrutivo", que desorganiza emocionalmente a personalidade e, em razão disso, se estabelece o assédio. É justamente nesse ponto que ocorre o "choque vibratório".
Os indivíduos que registram em seu organismo sensações desagradáveis, que chegam mesmo a dores lancinantes, apenas sintonizaram com as atmosferas espirituais de lugares, fatos ou pessoas, razão por que devem ficar cientes de que são os únicos responsáveis pelo que estão sentindo ou vivendo. Sintonia é o estado em que se encontram duas pessoas que se acham numa mesmo igualdade de emoção, ponto de vista, crença ou pensamento.
Ao rejeitarmos um sentimento, não quer dizer, de forma alguma, que ele vai desaparecer; só o excluímos da nossa identificação consciente. Pensamos que nos livramos dele, porém ele continuará a existir, alojando-se de modo geral, em alguma área fragilizada de nosso corpo energético. Em virtude disso, começamos a lutar contra um princípio que parece vir de "fora", quando, na verdade, está alojado "dentro de nós".
O homem que não enxerga sua "sombra" prolonga a fase de viver na infantilidade espiritual. Permanece utilizando mal sua capacidade energética, atraindo impurezas ou emanações deletérias dos ambientes. Realiza constante "sucção fluídica", absorvendo ou recolhendo, sem que perceba, miasmas astrais.
Todos precisamos de momentos de silenciosa reflexão para entrarmos em contanto com nosso "universo íntimo". Visualizemos alguém ou alguma situação de que realmente não gostamos. Deixemo-nos envolver pela emoção que sentimos em relação a tudo isso. A partir daí, entremos em contato com essa sensação e/ou mensagem. Essa comunicação poderá ser a "ponte elucidativa" entre algo que não aceitamos em nós mesmos e aquilo que se encontra submerso em nosso lado "sombra".
Em suma, a nossa melhor defesa contra os assédios espirituais é a autorresponsabilidade, Perante as influências negativas, não mais nos tornemos vítimas ou mártires, dizendo: "Sou um pobre coitado! Alguém tem de fazer algo por mim!", mas "Como posso transformar essa situação? Como desenvolver minhas potencialidades? Onde está o "ponto de deficiência" que eu preciso mudar? O que posso fazer para ter maior equilíbrio na vida? "
Hammed
Fonte: A Imensidão dos Sentidos-pdf
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