Emmanuel - Livro Pensamento e Vida - Chico Xavier - Cap. 10
Entendimento
Emmanuel
Entendimento
O cultivador do campo não prescinde do arado com que sulcará o corpo da gleba.
O estatuário recorrerá ao buril para afeiçoar o mármore à ideia criadora que lhe inflama a cabeça.
A criatura interessada na produção de reflexos mentais protetores de sua senda não dispensará o entendimento por alicerce do trabalho renovador.
Entendimento que simbolize fraternidade operante.
Simpatia que se converta em fulcro de força atrativa, exteriorizando-nos a melhor parte, para que a melhor parte dos outros se exteriorize ao nosso encontro.
Todos somos compulsoriamente envolvidos na onda mental que emitimos de nós, em regime de circuito natural.
Categorizamo-nos bons ou maus, conforme o uso de nossos sentimentos e pensamentos, que, no fundo, constituem cargas de energia eletromagnética, com as quais ferimos ou acalentamos, ajudamos ou prejudicamos, vitalizamos ou destruímos, e que voltam, invariavelmente, a nós mesmos, impregnadas dos recursos felizes ou infelizes com que lhes marcamos a rota.
Quando coléricos e irritadiços, agressivos e ásperos para com os outros, criamos por atividade reflexa o desalento e a intemperança, a crueldade e a secura para nós mesmos, e, quando generosos e compreensivos, prestimosos e úteis para com aqueles que nos cercam, criamos, consequentemente, a alegria e a tranquilidade, a segurança e o bom ânimo para nós próprios.
Responde-nos a vida em todas as coisas e em todas as criaturas, segundo a natureza de nosso chamamento.
Até o ingresso na Consciência Cósmica, todos os seres se distinguem pela face de luz com que se alteiam para os cimos da evolução e pela face de sombra pela qual ainda sofrem a influência da retaguarda.
A própria posição vulgar do homem na Terra vale por símbolo dessa condição específica. Por cima o fulgor pleno do Sol, por baixo a escuridade do abismo.
Todos recolhemos do Pai Celeste os estímulos ao futuro e todos padecemos os reflexos do passado a se nos projetarem sobre a existência.
Desatando, assim, as algemas do mal que nós mesmos forjamos em detrimento de nossas almas, há que buscar o bem, senti-lo, mentalizá-lo e plasmá-lo com todos os potenciais de realização ao nosso alcance.
Para começar, precisaremos separar o criminoso da criminalidade, como o lavrador que estabelece diferença entre o verme e a plantação, para abolir o domínio do primeiro e enriquecer a utilidade da segunda. E assim como o trabalhador rural extingue a praga, salvando a lavoura, é necessário que o nosso entendimento improvise meios de auxiliar o companheiro que caiu sob o guante da delinquência, sem alentá-la.
Apequenar-se para ajudar, sem perder altura, é assegurar a melhoria de todos, acentuando a própria sublimação.
Entretanto, só o culto infatigável do entendimento pode garantir-nos o equilíbrio indispensável no serviço de autoburilamento em que devemos empenhar os nossos melhores sonhos, de vez que apenas o amor puro é capaz de criar em nossa mente a energia da luz divina, a expandir-se de nós em reflexos de protetora renovação.
Emmanuel
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