Joanna de Ângelis - Livro Momentos de Consciência - Divaldo P. Franco - Cap. 4
Conflitos e consciência
Nos alicerces do inconsciente dormem todos os processos da evolução antropológica e as aquisições psicológicas do ser em forma de experiências vividas.
Toda vez que uma delas não pôde ser assimilada, e passou aos arquivos profundos, permanecerá como possibilidade de emergir do arcabouço onde dorme , reaparecendo na feição de conflito.
Os conflitos resultam igualmente das ambições insatisfeitas, dos desejos frustrados e das manifestações íntimas que ficaram recalcadas sem o concurso da razão.
O ser humano, libertando-se das heranças do primarismo, estagia na fronteira dos hábitos instintivos e do discernimento do que lhe é factível realizar.
Adaptado aos fenômenos automáticos, nem sempre dispõe de forças para superar a limitação, de onde nascem as incertezas e dúvidas que se transformam em complexos conflitos emocionais.
Comportamentos arraigados e insegurança escamoteiam-se nos painéis do impulsos tormentosos, complexos perturbadores, tendendo a infelicitar a criatura que lhe experimenta a constrição.
O conflito e o claro-escuro do que fazer ou não realizar, tendendo sempre para o desequilíbrio e a aflição.
Não digerido, transforma-se em expressão emocional de desajuste, somatizando distonias orgânicas que abrem espaço para a instalação de várias doenças.
Parasito vigoroso, o conflito deve ser identificado para posterior eliminação.
Toda vez que algo se apresente sombrio na área da emoção, por medo, ignorância, pressão ou fraqueza, pode tornar-se conflito mais tarde.
Só há, no entanto, conflito, quando a consciência não luz discernimento, e, ainda obliterada, deixa-se conduzir apenas pela inteligência ou pelos instintos, permanecendo sem direcionamento.
A existência humana é um desafio.
Todo desafio propõe esforço para a luta.
Quando o ser recua num tentame, eis que perde a oportunidade de afinar os seus valores, a prejuízo do crescimento pessoal.
Desenvolvendo as aptidões cada vez que tem coarctada uma ação ou não entendendo uma situação, o ser bloqueia a faculdade de produzir, perdendo-se no emaranhado dos receios e das incertezas.
Cabe-lhe, portanto, logicar para agir, medir as possibilidades e produzir, trabalhando pelo aprimoramento interior, que responde pela harmonia psicofísica do seu processo evolutivo.
A consciência alarga os horizontes do pensamento, facultando a saúde real, que se expressa como equilíbrio perante o cosmo.
Sendo a criatura um cosmo em miniatura , é regida pelas mesmas leis do grande Universo.
Desse perfeito entrosamento entre os pequenos e o grande Foco, surge a harmonia que é a sua mais nobre manifestação.
Os fenômenos conflitivos que se manifestam na conduta e na emoção da criatura são efeitos do estágio em que se encontra o espirito reencarnado.
O organismo, amoldando-se aos sutis, equipamentos espirituais reflete a necessidade de progresso que o caracteriza, impelindo-o à incessante transformação intelecto-moral : sua meta, sua busca.
Ademais, face à historiografia do seu passado, o ser ainda padece conflitos que lhe são sugeridos e transmitidos por sequazes ou vítimas espirituais de jornadas transatas, que a morte não aniquilou.
Diante da palpitante e frequente manifestação dos conflitos nas vidas humanas, Allan Kardec solicitou esclarecimentos aos Numes Tutelares, conforme se lê na pergunta 361 de O Livro dos Espíritos:
Qual a origem das qualidades morais, boas ou más, do homem?
“São as do Espírito nele encarnado. Quanto mais puro é esse Espírito, tanto mais propenso ao bem é o homem.”
Desse modo, a superação dos conflitos se dará mediante o esforço ingente oferecido pelo ser em evolução que se deixe plenificar.
Joanna de Ângelis
Fonte: Momentos de Consciência-pdf
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