Joanna de Ângelis - Livro Libertação do Sofrimento - Divaldo P. Franco - Cap. 20
Conquistando a humildade
Todas as terrenas ambições humanas, por mais valiosas, encerram-se no silêncio aparente da sepultura, concluindo um dos capítulos da existência, a fim de dar início a outro. A sucessão desses epítomes com as suas grandezas e misérias, conquistas e prejuízos, transferindo-se de uma para outra página, constitui o livro da vida no qual cada Espírito escreve a história do processo da sua evolução.
Equivoca-se em uma etapa, e logo a reinicia, fixando a aprendizagem que lhe servirá de estrutura emocional e cultural para não mais repeti-la. Realiza um mister com precisão e equilíbrio para logo alcançar outro patamar de conhecimento, ampliando a capacidade de realização.
A sua escala de valores ético-morais torna-se ascendente, oferecendo-lhe a visão cósmica abrangente em torno da reencarnação. Todos os esforços que aplique devem convergir para a superação das mazelas ancestrais que lhe permanecem como herança de quando transitava nas esferas mais primitivas do crescimento para Deus...
Todos os tesouros que venha a acumular, considerados valiosos, deverão constituir-se de recursos que podem ser conduzidos, não lhe ameaçando a ascensão, impossibilitados de serem roubados, perdidos ou vencidos pela ferrugem, pelo tempo...
Nesse sentido, à medida que adquire consciência da responsabilidade que lhe diz respeito, melhor compreende o quanto necessita aprimorar-se interiormente, amealhando as vibrações da verdadeira humildade.
Essa conquista é de inapreciável significado, porquanto proporciona a medida exata para que adquira a compreensão de si mesmo, assim como a da própria pequenez ante a grandiosidade da Vida. Esse discernimento torna-se adquirido através de pequenos exercícios que se transformarão em conduta natural como parte integrante da existência.
O egoísmo, que predomina na natureza espiritual do ser, em face dos hábitos antigos e das lutas pela sobrevivência, ainda remanescente do instinto de conservação da vida, lutará tenazmente por manter o seu domínio, criando embaraços injustificáveis...
Torna-se necessária uma programação definida em torno da responsabilidade pessoal com a consequente conscientização dos compromissos iluminativos que serão abraçados.
Compreendendo que a felicidade não pode ficar adstrira aos interesses do imediatismo, o Espírito, agora lúcido, não se permite repetir os sucessos negativos de ontem, quando se manteve encarcerado nas paixões dissolventes que o embriagaram e o alucinaram, retendo-o nas faixas primárias, que lhe eram campo experimental e não abrigo permanente...
Porque é portadora de grande complexidade na sua estrutura íntima, a humildade impõe observação grave de tudo quanto se faz e da maneira como se faz.
Não transfere para os outros a responsabilidade que lhe diz respeito, quando se faz insucesso, nem lamenta a perda da oportunidade, retemperando, de imediato, o ânimo, para os novos tentames.
Nunca se escusa, assumindo a postura do martírio, justificando a falta de forças para levar adiante o compromisso em que se empenha.
Humildade! Quanta falta faz a humildade aos grandes-pequenos seres humanos!
Considera-te, como és: um permanente aprendiz da Vida.
Jamais te permitas a petulância de pensar que és um ser especial, catalogado como superior ou portador de uma missão maior do que a dos demais.
Se te encontras à frente de alguma empresa ou detendo responsabilidade de alto coturno em torno da administração de bens terrestres, do ensino, da condução de vidas, vigia as nascentes do coração, evitando que a água cristalina do dever se turbe, mesclando-se com o lado em repouso, em forma de prepotência ou de falsa superioridade. Tens encargos a atender, de que te deves desincumbir com desapego e elevação.
Se te encontras abençoado com a fortuna ou o poder temporal em qualquer experiência na sociedade, compreende que és mordomo e que serás chamado a dar conta do que te foi confiado...
A empáfia é doença ferruginosa do Espírito que se deixa inflar pelo seu bafio, para esvaziar-se de um para outro momento, quando a realidade a fere com certeira flechada.
O orgulho é filho dileto da presunção daquele que se supõe inatingível, embora a fragilidade de que se constitui.
A arrogância é desatino da pequenez que se agiganta em aparência, temendo a perda do que supõe haver adquirido.
A prepotência é distúrbio de conduta, que mascara o conflito de inferioridade do ser, aparentando a força que gostaria de possuir.
A vaidade é distorção de óptica espiritual, cujas lentes estão embaciadas pela nuvem da ilusão...
Todo esse cortejo de malfeitores internos encontra-se a postos para impedir que se instalem a simplicidade de conduta, o comportamento espontâneo e gentil, a sensatez que discerne entre a função e aquele que a exerce, em relação à situação momentânea que se vive e quem a vive... Nunca será demasiado logicar em torno do que se é, tendo em vista como se encontra.
O jogo do poder muda de mão a cada instante e a glória de hoje é a véspera da desgraça de amanhã, assim como a submissão de hoje pode modificar-se para o domínio da situação no futuro.
Basta um olhar, apressado que seja, no tabuleiro da política mundial, para se constatar que o perseguido de um momento torna-se o herói do futuro, que o vencedor em um pleito logo entra em decadência quando assume o poder e não pode atender a tudo conforme prometera, que o conquistador que esmaga é possuidor de um império de efêmera duração...
A humildade, porém, concede ao ser humano a medida exata do que ele é, de como se deve conduzir e tudo quanto lhe cabe realizar para alcançar a elevada meta da sua integração na Consciência Cósmica.
A existência terrena é constituída de contínuos desafios, sucedendo-se sempre um mais grave a outro que já foi solucionado. Aprende, desse modo, a permanecer participante da comunidade em que a existência te hospeda, como membro atuante, interagindo em todos os seus programas.
O homem de bem, portanto, aquele que tem a dimensão de si mesmo, sempre percebe quanto lhe falta conseguir, a fim de estar plenamente em paz, como decorrência do esforço empregado na conquista de si mesmo. Jamais se detém, quando percebe o imenso caminho a percorrer, na busca da Verdade...
Mantém-te, pois, simples de vacuidades e pleno de alegria de viver, considerando a oportunidade iluminativa que se te encontra ao alcance. Aproveita cada momento da existência, para ampliares os horizontes do progresso que te cumpre alcançar.
Cada irmão do teu caminho, é tua oportunidade de crescimento para Deus. Ninguém alcança o Paraíso sem experienciar o terrestre Éden que se encontra ínsito no coração como esplêndido no amado planeta em que nos encontramos.
Assim, a humildade torna-se a estrela brilhando à frente, convidativa e libertadora.
Joanna de Ângelis
Joanna de Ângelis (Original - Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, no dia 8 de Maio de 2008, em Zurique, Suíça)
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