domingo, 23 de fevereiro de 2020

Emmanuel - O Livro dos Espíritos - Allan Kardec - Cap. 4 - Pluralidade da Existências - Questão 171 - Justiça da Reencarnação




Emmanuel - O Livro dos Espíritos - Allan Kardec - Cap. 4 - Pluralidade da Existências - Questão 171


Justiça da Reencarnação



171. Sobre o que se funda o dogma da reencarnação?

— Sobre a justiça de Deus e a revelação, pois não nos cansamos de repetir: um bom pai deixa sempre aos filhos uma porta aberta ao arrependimento. A razão nos diz que seria injusto privar para sempre da felicidade eterna aqueles cujo melhoramento não dependeu deles mesmos? Todos os homens não são filhos de Deus? Somente entre os homens egoístas é que se encontram a iniquidade, o ódio implacável e os castigos sem perdão.

Comentário de Kardec: "Todos os Espíritos tendem a perfeição, e Deus lhes proporciona os meios de consegui-la com as provas da vida corpórea; mas, na sua justiça, permite-lhe realizar, em novas existências, aquilo que não puderam fazer ou acabar numa primeira prova."

Não estaria de acordo com a equidade, nem segundo a bondade de Deus, castigar para sempre aqueles que encontraram obstáculos ao seu melhoramento, independentemente de sua vontade, no próprio meio em que foram colocados. Se a sorte do homem fosse irrevogavelmente fixada após a sua morte, Deus não teria pesado as ações de todos na mesma balança e não os teria tratado com imparcialidade.

A doutrina da reencarnação, que consiste em admitir para o homem muitas existências sucessivas, é a única que corresponde a ideia da justiça de Deus com respeito aos homens de condição moral inferior; a única que pode explicar o nosso futuro e fundamentar as nossas esperanças, pois oferece-nos o meio de resgatarmos os nossos erros através de novas provas. A razão assim nos diz, e é o que os Espíritos nos ensinam.

O homem que tem a consciência da sua inferioridade encontra na doutrina da reencarnação uma consoladora esperança. Se crê na justiça de Deus, não pode esperar que, por toda a eternidade, haja de ser igual aos que agiram melhor do que ele. O pensamento de que essa inferioridade não o deserdará para sempre do bem supremo, e do que ele poderá conquistá-lo através de novos esforços, o ampara e lhe reanima a coragem. Qual é aquele que no fim da sua carreira, não lamenta ter adquirido demasiado tarde uma experiência que já não pode aproveitar? Pois esta experiência tardia não estará perdida: ele a aproveitará numa nova existência.





Nenhum comentário:

Postar um comentário