André Luiz - Livro Libertação - Chico Xavier - Cap. 2
A palestra do Instrutor
Ao nos retirarmos do educandário, o Instrutor Gúbio, pousando sobre Elói, o nosso companheiro, e sobre mim, os olhos lúcidos, acentuou:
— Para muitas criaturas, é difícil compreender a arregimentação inteligente dos espíritos perversos. Entretanto, é lógica e natural. Se ainda nos situamos distantes da santidade, não obstante os propósitos superiores que já nos orientam, que dizer dos irmãos infelizes que se deixaram prender, sem resistência, às teias da ignorância e da maldade? Não conhecem região mais elevada que a esfera carnal, a que ainda se ajustam por laços vigorosos. Enleados em forças de baixo padrão vibratório, não apreendem a beleza da vida superior e, enquanto mentalidades frágeis e enfermiças se dobram humilhadas, os gênios da impiedade lhes traçam diretrizes, enfileirando-as em comunidades extensas e dirigindo-as em bases escuras de ódio aviltante e desespero silencioso. Organizam, assim, verdadeiras cidades, em que se refugiam falanges compactas de almas que fogem, envergonhadas de si mesmas, ante quaisquer manifestações da divina luz. Filhos da revolta e da treva aí se aglomeram, buscando preservar-se e escorando-se, aos milhares, uns nos outros…
Auscultando-nos a surpresa manifesta, o Instrutor prosseguiu, respondendo-nos às arguições íntimas:
— Tais colônias perturbadoras devem ter começado com as primeiras inteligências terrestres entregues à insubmissão e à indisciplina, ante os ditames da Paternidade Celestial. A alma caída em vibrações desarmônicas, pelo abuso da liberdade que lhe foi confiada, precisa tecer os fios do reajustamento próprio e milhões de irmãos nossos se recusam a semelhante esforço, ociosos e impenitentes, alongando o labirinto em que muitas vezes se perdem por séculos. Inabilitados para a jornada imediata, rumo ao Céu, em virtude das paixões devastadoras que os magnetizam, arrebanham-se de conformidade com as tendências inferiores em que se afinam, ao redor da Crosta Terrestre, de cujas emanações e vidas inferiores ainda se nutrem, qual ocorre aos próprios homens encarnados. O objetivo essencial de tais exércitos sombrios é a conservação do primitivismo mental da criatura humana, a fim de que o Planeta permaneça, tanto quanto possível, sob seu jugo tirânico.
As observações de Gúbio escaldavam-me o cérebro.
Eu também havia passado pelos baixos círculos da vida, depois do transe corporal; entretanto, não identificara a existência dessas condensações organizadas de entidades malignas do campo espiritual, embora ouvisse, em muitas ocasiões, impressionantes comentários em torno delas.
Efetivamente, não conseguia, por mim mesmo, exumar todas as recordações do angustiado período que a porta do túmulo me oferecera.
Vira-me perseguido, através de longos pântanos… Errara, aflitivamente, dias e noites que me pareceram sem fim, atormentado e desditoso; todavia, custava-me crer que as atividades maléficas gozassem de organismo diretor. Por isto mesmo, de mente agora centralizada nos propósitos do bem, aventurei uma indagação.
— Com que fim — perguntei — essas legiões retardadas se mancomunam, além da morte, se despidas da vestimenta grosseira de carne devem saber, mais que nunca, que se empenham em combates inúteis? Não se sentem, porventura, transportadas ao plano do esclarecimento puro, quanto à posição que lhes diz respeito? Não se cercam presentemente de mais sublimes revelações da Natureza? Não lhes quadrariam, mais justos, o trabalho edificante e o estudo nobre, na elevada aspiração de galgar a sabedoria santificante, estrada acima? Por que motivo se aglomeram, assim, através de ajuntamentos desprezíveis e diabólicos? Fácil de entender-se a jornada evolutiva do homem, depois do sepulcro, mas o estacionamento deliberado, na crueldade e no ódio, além da morte, dá para confundir a mente de qualquer…
O orientador sorriu, maneiroso, e considerou:
— Reportamo-nos a Espíritos perfeitamente humanos, não obstante desencarnados, e tais perguntas, André, poderiam ser formuladas, mesmo na Crosta da Terra. Por que razão, nós mesmos, antes de acordar a consciência para a revelação divina, nos precipitávamos nas linhas inferiores, todos os dias, contrariando espetacularmente a Lei? A frente dos olhos, contávamos com bendito dilúvio de claridade solar, jorrando incessante do Espaço Infinito… sabíamos que a existência do corpo correria rápida, que seríamos defrontados pela morte comum a todos, que regressaríamos do mundo carnal pela mesma porta misteriosa, através da qual penetráramos nele; no entanto, quantas vezes teremos menoscabado a Sabedoria Excelsa, com atitudes de criminosa indiferença? Ante as sugestões do Plano Divino que te povoam, agora, o pensamento, lembras-te de algum tempo passado em que tivesses cogitado sinceramente da própria sublimação? Se desenterrarmos o pretérito, meu caro, encontraremos lamentáveis reminiscências… Não nos compete parar ou desanimar. À maneira do tronco frágil, é imperioso crescer, subir, por alcançar o oxigênio de cima, e, apesar de algemados ao que fomos, à semelhança da árvore humilde presa aos resíduos do complicado envoltório que lhe encerrava a semente, reclamamos ascensão, ar puro e largueza de condições para produzirmos o bem que o Senhor espera de nós.
A argumentação de Gúbio era bela e sugestiva; entretanto, eu sentia dificuldades para aceitar a ideia de purgatórios e infernos dirigidos.
— Concordo com as elucidações — exclamei reverente —, mas é quase incrível tanta ignorância, além do corpo que nos conserva em ilusão… a sepultura abre-nos a todos um caminho novo. É razoável que a mente perturbada sofra amarguras de reajustamento até que se restaure; todavia, apropriar-se um espírito desencarnado de certos setores do caminho, como se fora deles senhor absoluto para perpetuar sua tirania, é observação que me escapava…
— Sim — tornou o orientador, convincente —, para quem refletiu sobre o assunto, durante muito tempo, em sentido contrário à realidade, o apontamento surpreende bastante; todavia, não vejo obstáculos à apreensão do ensinamento. Reconheçamos, por exemplo, que o homem comum já atravessou, desde milênios, a estação evolutiva em que se demora o irracional e, em várias ocasiões, revela comportamento de nível inferior ao dele.
Imprimindo grave entono à voz agradável e fraternal, acrescentou:
— Notemos que nós mesmos, os desencarnados, nos movemos num campo de matéria que se caracteriza por densidade específica, embora rarefeita, quando confrontada com as antigas formas físicas, e nossa mente, em qualquer parte, na Crosta ou aqui onde nos achamos, é um centro psíquico de atração e repulsão. O espírito encarnado respira numa zona de vibrações mais lentas, enfaixado num veículo constituído de trilhões de células que são outras tantas vidas microscópicas inferiores. Cada vida, porém, por mais insignificante, possui expressão magnética especial. A vontade, não obstante condicionada por leis cósmicas e morais, inclinará a comunidade dos corpúsculos vivos que permanecem a seu serviço por tempo limitado, à maneira do eletricista que liga as forças da usina para atividades num charco ou para serviços numa torre. Sendo cada um de nós uma força inteligente, detendo faculdades criadoras e atuando no Universo, estaremos sempre engendrando agentes psicológicos, através da energia mental, exteriorizando o pensamento e com ele improvisando causas positivas, cujos efeitos podem ser próximos ou remotos sobre o ponto de origem. Abstendo-nos de mobilizar a vontade, seremos invariáveis joguetes das circunstâncias predominantes, no ambiente que nos rodeia; contudo, tão logo deliberemos manobrá-la, é indispensável resolvamos o problema de direção, porquanto nossos estados pessoais nos refletirão a escolha íntima. Existem princípios, forças e leis no universo minúsculo, tanto quanto no universo macrocósmico. Dirija um homem a sua vontade para a ideia de doença e a moléstia lhe responderá ao apelo, com todas as características dos moldes estruturados pelo pensamento enfermiço, porque a sugestão mental positiva determina a sintonia e receptividade da região orgânica, em conexão com o impulso havido, e as entidades microbianas, que vivem e se reproduzem no campo mental dos milhões de pessoas que as entretêm, acorrerão em massa, absorvidas pelas células que as atraem, em obediência às ordens interiores, reiteradamente recebidas, formando no corpo a enfermidade idealizada. Claro que nesse capítulo temos a questão das provas necessárias, nos casos em que determinada personalidade renasce, atendendo a impositivos das lições expiatórias, mas, mesmo aí, o problema de ligação mental é infinitamente importante, porquanto o doente que se compraz na aceitação e no elogio da própria decadência acaba na posição de excelente incubador de bactérias e sintomas mórbidos, enquanto que o espírito em reajustamento, quando reage, valoroso, contra o mal, ainda mesmo que benéfico e merecido, encontra imensos recursos de concentrar-se no bem, integrando-se na corrente de vida vitoriosa.
Registrava as explicações, profundamente edificado, e, não obstante a longa pausa que se fez espontaneamente, não ousei interromper o curso da argumentação, a fim de não quebrar a linha do pensamento.
Prestimoso e digno, Gúbio continuou:
— Nossa mente é uma entidade colocada entre forças inferiores e superiores, com objetivos de aperfeiçoamento. Nosso organismo perispiritual, fruto sublime da evolução, quanto ocorre ao corpo físico na esfera da Crosta, pode ser comparado aos pólos de um aparelho magneto-elétrico. O espírito encarnado sofre a influenciação inferior, através das regiões em que se situam o sexo e o estômago, e recebe os estímulos superiores, ainda mesmo procedentes de almas não sublimadas, através do coração e do cérebro. Quando a criatura busca manejar a própria vontade, escolhe a companhia que prefere e lança-se ao caminho que deseja. Se não escasseiam milhões de influxos primitivistas, constrangendo-nos, mesmo aquém das formas terrestres, a entreter emoções e desejos, em baixos círculos, e armando-nos quedas momentâneas em abismos do sentimento destrutivo, pelos quais já peregrinamos há muitos séculos, não nos faltam milhões de apelos santificantes, convidando-nos à ascensão para a gloriosa imortalidade.
O Instrutor, fitando em nós o olhar percuciente e calmo, ponderou:
— Entenderam, agora, como é compreensível a opção de certos Espíritos pela casa escura do crime, depois do túmulo, qual ocorre a milhões de entidades encarnadas que, em plena harmonia com a natureza terrestre, estimam viver no domicílio da enfermidade? Atitudes mentais enraizadas não se modificam facilmente. O rei que governa milhares, o condutor que se acostumou a traçar férreas diretrizes, o homem que se habituou a dobrar caracteres alheios, quando não dispõem de princípios santificantes, no terreno idealístico, para se alimentarem intimamente na tarefa a que se consagram, não se transformam em servidores humildes de um momento para outro, só porque se desfizeram da carga de células materiais. Quando não se recomendam aos precipícios da loucura, no eclipse total da razão por tempo indeterminável, em vista dos desvarios na intelectualidade e no poder, são conservados e respeitados na obra evolutiva do mundo, pelas qualidades apreciáveis e dignas que já conquistaram, embora as paixões violentas que lhes assinalam a vida íntima, e são utilizados então por gênios superiores, nos serviços de aprimoramento planetário, em que vigiam e reajustam os mais fracos, sendo vigiados e reajustados pelos mais fortes, convertendo-se, gradual e imperceptivelmente, ao Supremo Bem, aceitando o Plano Divino em cuja execução passam a colaborar com fidelidade e valor. Em tal posição, auxiliam e são auxiliados, dão e recebem, impulsionam o progresso e progridem a seu turno…
Impôs ligeira pausa às elucidações e, em seguida, prosseguiu noutro rumo:
— Semelhante realidade obriga-nos a meditar na extensão do serviço espiritual em todos os ângulos evolutivos: Educação para a eternidade não se circunscreve à ilustração superficial de que um homem comum se reveste, sentando-se, por alguns anos, num banco de universidade — é obra de paciência nos séculos. Se árvores existem assinaladas por centenas de anos, dentro das finalidades a que se destinam, que dizer dos milênios reclamados por uma individualidade, no capítulo da própria sublimação?
Não podemos olvidar, desse modo, o amor que devemos aos ignorantes, aos fracos, aos infelizes. Imprescindível se torna caminhar nos passos daqueles que igualmente, um dia, nos estenderam compassivas mãos.
O argumento era demasiado edificante para que interferíssemos com indagações novas.
O orientador percebeu a oportunidade do esclarecimento e continuou:
— Os átomos que integram a hóstia dum templo, são, no fundo, iguais àqueles que formam o pão pobre de uma penitenciária. Assim, toda matéria em si mesma. Passiva e plástica, é análoga nas mãos das entidades sábias ou ignorantes, amorosas ou brutalizadas, no estado de condensação conhecido na Crosta Planetária, e além dele. Em razão disso, são compreensíveis as transitórias construções levantadas em nosso Plano por criaturas desviadas do bem. Para quem anestesiou as faculdades no prazer fugitivo, a separação da carne geralmente constitui acesso a doloroso estágio na incompreensão. E considerando que a maioria das criaturas humanas persegue as sensações do corpo físico, qual se as atrações genésicas e o desvairado apego aos bens provisórios dos Círculos mais baixos encerrassem toda a felicidade do mundo, a colheita de personalidades desequilibradas é sempre inquietante, conservando quase inalteradas as fileiras escuras dos insensatos cultivadores da satisfação egoística a qualquer preço. Loucos perigosos, por voluntários, dirigidos por inteligências soberanas, especializadas em dominação, constituem hordas terríveis que, a bem dizer, vigiam as saídas das Esferas inferiores em todas as direções.
— E porque permite Deus semelhante irregularidade? — inquiriu Elói, sob visível consternação — não bastaria ligeira ordem do Eterno para sanar a desarmonia?
Gúbio, prestativo, não se fez esperado na resposta.
Sorrindo, franco, aduziu com interesse:
— Não será o mesmo que perguntar o motivo pelo qual o Senhor nos esperou até ontem? acreditaremos em paraísos miraculosos? não sabemos, porventura, que cada homem se sentará no trono que levantou ou se projetará ao fundo do abismo que preferiu? Além disto, é necessário reconhecer que se o lapidário aprimora a pedra, usando lima resistente, o Senhor do Universo aperfeiçoa o caráter dos filhos transviados de Sua Casa, usando corações endurecidos, temporariamente afastados de Sua Obra. Nem sempre o melhor juiz pode ser o homem mais doce.
Qualidades morais e virtudes excelsas não são meras fórmulas verbalistas. São forças vivas. Sem a posse delas, é impraticável a ascensão do espírito humano. Personalidades vulgares apegam-se à salvaguarda de recursos exteriores e neles centralizam os sentimentos mais nobres, prendendo-se a fantasias inúteis… Encarcera-se-lhes, então, a mente na insegurança, na fragilidade, no pavor. O choque da morte imprime-lhes tremendos conflitos à organização perispirítica, veículo destinado às suas próprias manifestações no Círculo novo de matéria diferente a que foram arrebatadas, e, após perderem abençoados anos no campo didático da Esfera carnal, enredadas em conflitos deploráveis, erram aflitas, exânimes e revoltadas, ajustando-se ao primeiro grupo de entidades viciosas que lhes garantam continuidade de aventura em fictícios prazeres. Formam associações enormes e compactas, com base nas emanações da Crosta do Mundo, onde milhões de homens e mulheres lhes sustentam as exigências mais baixas; fazem vida coletiva provisória à força de sugarem as energias da residência dos irmãos encarnados, qual se fossem extensa colônia de criminosos, vivendo a expensas de generoso rebanho bovino. Importa ponderar, contudo, que o homem explora a vaca, menos consciente e incapaz de ser julgada por delito de conivência, ao passo que, na Esfera humana, o quadro apresenta outro aspecto. A criatura racional não se eximirá à responsabilidade. Se o perseguidor invisível aos olhos terrestres erige agrupamentos para culto sistemático à revolta e ao egoísmo, o homem encarnado, senhor de valiosos patrimônios de conhecimento santificante, garante-lhe a obra nefasta pela fuga constante às obrigações divinas de cooperador de Deus, no plano de serviço em que se localiza, alimentando ruinosa aliança. Um e outro, por isto, partilhando os resultados da indiferença destrutiva ou da ação condenável, atritam e se vascolejam reciprocamente, tais quais feras que se entredevoram na floresta da vida. Obsidiam-se, mutuamente, quando nos atilhos educativos da carne ou na ausência deles. Atravessam séculos, assim, jungidos um ao outro, presos a lamentáveis ilusões e propósitos sinistros, com extremas perturbações para si mesmas, já que a herança celestial se faz naturalmente vedada a todos aqueles que menosprezam em si próprios as sementes divinas. Há milhões de almas humanas que se não afastaram, ainda, da Crosta Terrestre, há mais de dez mil anos. Morrem no corpo denso e renascem nele, qual acontece às árvores que brotam sempre, profundamente arraigadas no solo. Recapitulam, individual e coletivamente, lições multimilenárias, sem atinarem com os dons celestiais de que são herdeiras, afastadas deliberadamente do santuário de si mesmas, no terreno movediço da egolatria inconsequente, agitando-se, de quando em quando, em guerras arrasadoras que atingem os dois Planos, no impulso mal dirigido de libertação, através de crises inomináveis de fúria e sofrimento. Destroem, então, o que construíram laboriosamente e modificam processos de vida exterior, transferindo-se de civilização.
O Instrutor, sentindo a profunda atenção com que lhe seguíamos a palavra, acentuou, depois de leve pausa:
— Todavia, no fluir e refluir das eras numerosas, os filhos do Planeta que se conservam atentos às determinações divinas, livres da antiga escravidão à miséria moral, tornam ao ambiente escuro do cativeiro que já abandonaram, a fim de ampararem os irmãos ignorantes e desvairados, em sublime trabalho de compaixão. Formam as vanguardas do Cristo, nos mais diversos pontos do Globo, e, aos milhões, sob o patrocínio d’Ele, operam no amor e na renúncia, avançando, dificilmente embora, humanidade a dentro, enfrentando a ofensiva incendiária e exterminadora, com as bênçãos da Luz Celeste…
A exposição não podia ser mais clara. Elói, contudo, observou, assombrado:
— Quem diria, na Terra, nosso velho domicílio, que a vida infinita se estenderia, assim, estranha e ameaçadora?
— Sim — concordou o orientador —, porém a ortodoxia no mundo costuma ser o cadáver da revelação. Argumentos teológicos de milênios obstruem os canais da inteligência humana, quanto às realidades divinas. Mas a criatura prosseguirá na tarefa de autodescobrimento. A força mental, na luta comum, permanece restrita ao círculo acanhado da personalidade egoística, copiando o molusco algemado à concha, e sabemos que semelhante energia, patrimônio eterno com que nos sublimamos ou viciamos, emite raios criadores sobre a matéria passiva que nos cerca, dependendo de nós a direção que venha a tomar. Se milhões de raios luminosos formam um astro brilhante, é natural que milhões de pequeninos desesperos integrem um inferno perfeito. Herdeiros do Poder Criador, geraremos forças afins conosco, onde estivermos. Não será tudo isto perfeitamente inteligível? É por esta razão que o Senhor mandou constar no Livro Divino o seu aviso celestial: — “eis que estou à porta e bato”. Se alguém abre a porta viva da alma, haverá realmente o colóquio redentor, entre o Mestre e o discípulo. O coração é tabernáculo e a sublimação das potências que o integram é a única via de acesso às Esferas superiores.
O devotado orientador fixou o gesto de quem dava término oportuno às explicações, sorriu, benévolo, e interrogou:
— Qual de nós cometeria o absurdo de exigir voo ao balão cativo? A mente humana, enraizada nos interesses mais fortes da Terra, não detém outro símbolo.
Calamo-nos, atendidos em nossa fome de elucidações. Colhêramos ali, na conversação de alguns minutos, precioso material de observação para longo tempo.
Prosseguíamos, agora, em silêncio, extáticos ante a beleza imponente da noite, maravilhosamente constelada.
Vento brando sussurrava cânticos sem palavras na folhagem leve e grupos de amigos, que nos defrontavam de instante a instante, mostravam no olhar a mesma doce felicidade que transbordava do arvoredo florido.
E assim, banhados em comoções inesquecíveis, buscamos o santuário em que receberíamos instruções para serviço próximo, inundados de confiança e alegria, na posição de trabalhadores jubilosos que caminhassem contentes para a luta, como se avançassem, felizes, para uma festa de luz.
André Luiz
Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano
VÍDEO:
Libertação - Cap. 02 - A palestra do instrutor
O Espírito da Letra
Apresentação: André Luiz Ruiz
O Espírito da Letra - Libertação - Analisando a obra de André Luiz psicografia de Chico Xavier.
Produção - TV Alvorada Espírita - http://www.tvalvoradaespirita.com.br
Realização - TV Mundo Maior - http://www.tvmundomaior.com.br
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