terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Bezerra de Menezes - Livro Chico Xavier Inédito - Espíritos Diversos / Chico Xavier / Eduardo C. Monteiro - Cap. 5, Pág. 69 - Bússola do sentimento




Bezerra de Menezes - Livro Chico Xavier Inédito - Espíritos Diversos / Chico Xavier / Eduardo C. Monteiro - Cap. 5, Pág. 69


Bússola do sentimento




Chico Xavier visita Juiz de Fora em 1942

Irmãos muito amados, que a glória das alturas se derrame sobre todos os Homens de Boa Vontade, onde quer que se encontrem, nas atividades do labor divino.

Fala-vos o amigo de todos os instantes, o apagado servo de nosso Senhor Jesus Cristo, que vem rejubilar-se convosco pelas alegrias da solidariedade fraternal.

Sigamos para frente, apesar das sombras que invadem os caminhos.

O Espiritismo é a vigorosa esperança dos tempos novos. Entretanto, não poderá atingir finalidades gloriosas do seu trabalho sem o esforço dos seus obreiros fiéis.

Vejamos, meus amigos, o precioso quadro de realizações desde o Codificador até hoje. As aspirações da imortalidade, os anseios santos da fé, encontraram na doutrina consoladora dos Espíritos o seu divino sustentáculo.

Enquanto os filósofos negativistas preparavam um século XX cheio de máquinas e de teorias esterilizadoras, Jesus movimentava os seus operários abnegados e puros para que as florações sublimes da crença não se perdessem ao longo das teses de negação.

A Doutrina surge como poderoso foco de revelações para a humanidade moderna. Em toda parte, observavam-se corações em êxtase maravilhados com a nova luz. As fantasias dogmáticas foram relegadas ao lugar que lhes competia, ao passo que nova esperança se instalava nos corações.

Temos quase um século de esforço incessante de projetos expressivos de votos renovados. O velho mundo preferiu a estação do exame meticuloso, rigorista, pautando as suas normas pelo critério científico, como se a crise do mundo obedecesse a um problema de pesos e medidas materiais.

Numerosas coletividades repousaram nas exigências descabidas desprezando a fé e o sentimento como postulados desnecessários à irradiação das verdades novas.

Sabeis que a espiritualidade se movimentou célere, trazendo aos povos da América o sagrado depósito religioso. Entre nós, o Espiritismo, antes de tudo, representa luz no coração, bússola do sentimento, elevação moral do Homem.

Graças à Providência Divina, os nossos núcleos não se resumem a círculos de pura observação pretensiosa, mas, às casas de Cristo, onde o seu amor deve correr como água viva. Não podeis, por enquanto, imaginar a grandeza da nossa luta, de nossos ideais.

A Terra tem os seus véus, que obscurecem a visão sagrada do espírito. Entretanto, apesar de semelhantes condições, permanecei convictos de que a nossa tarefa é a maior de todas; é o esforço de restaurar o Cristianismo, oferecendo-lhe os nossos corações.

Amigos, é nesse círculo espiritual que as nossas responsabilidades são profundas. Se não temos disciplinas ferrenhas e dogmáticas, se não possuímos sacerdócio organizado ao feitio de outras confissões religiosas, temos a identidade da tarefa, o serviço em comum.

Quantas vezes encontramos a afirmativa de que o Espiritismo, pela liberdade conferida aos seus operários, é um rebanho sem pastor? Diante dessa declaração de irmãos nossos, é preciso recordar que o nosso pastor é Jesus, que o nosso Mestre é sempre Ele mesmo. Pela sua condição de intangibilidade para as nossas mãos materiais, não poderíamos significar sua ausência. Cristo está ao lado de seus discípulos fiéis, onde quer que permaneçam.

Por isso mesmo, ao momento que passa, os irmãos, pela tarefa, não podem olvidar o dever de solidariedade, trabalho e tolerância, aliás, anunciado por Allan Kardec, desde os dias primeiros da Codificação.

Não confundamos liberdade com desobediência. A liberdade digna com Deus é aquela que lhe respeita os desígnios sem esquecer as obrigações de cada dia. Sejamos livres, sendo, ao mesmo tempo, escravos uns dos outros em Jesus Cristo.

Não haverá obra útil em que faleçam os princípios sagrados da cooperação. É preciso auxiliar a fim de se colher resultados úteis. Não esqueçamos que nosso coração é como um templo luminoso em que o Mestre virá ao nosso encontro.

De modo geral, temos observado fenômenos há quase um século; nossas atividades muito hão perdido na esfera das puras discussões sem finalidades essenciais. Recolhamo-nos, agora, a nós mesmos. Examinemos as possibilidades infinitas, latentes em nossa organização espiritual.

Somos também como a terra; necessitamos de tratamento, de irrigação e de adubo, antes da semeadura. Cada coração é qual continente ignorado, portador de reservas de grandeza infinita.

Não procedamos como os trabalhadores ociosos, que discutem ao lado das ferramentas nas oficinas. Movimentemos as mãos na estrutura de nossa personalidade espiritual.

Quando digo “nós”, procedo obedecendo os princípios de justiça; porque desencarnação não significa redenção. Nosso esforço na Esfera invisível aos vossos olhos é profundo, de maneira a atingirmos a “nova terra” das luzes imortais.

Unamo-nos, pois, no serviço bendito da iluminação própria. Lembremos que a luta é o meio, ao passo que a perfeição é o fim.

Não temamos as quedas. Cairemos ainda muitas vezes; entretanto, devemos colocar, acima de tudo, o nosso propósito decidido de alcançar a dolorosa exemplificação do que ocorre no mundo europeu. Mais de cinquenta anos de Espiritismo científico não conseguiram dissimular a crueldade dos preconceitos na coletividade. A destruição, a morte, o arrasamento, a miséria são hoje dilacerados espinhos na coroa de sofrimentos de um continente inteiro.

Guardemos o Espiritismo-sentimento como tesouro que nos foi confiado pela Magnanimidade Divina. A ciência raciocina; mas o amor edifica. O cérebro procede à verificação; mas somente o coração pode e sabe criar.

Comprometamo-nos, pois, meus amigos, a retificar a aliança divina da fraternidade em Jesus. Sejamos irmãos uns dos outros, certos de que já encontramos numerosos críticos na estrada vasta do mundo.

Amemo-nos muito, não só de palavras, mas empenhando o coração inteiro nesse sublime compromisso. Não vos poderia, a meu ver, trazer outra mensagem.

Que Jesus nos auxilie a guardar e a defender as suas verdades santas, dentro da iluminação de nós mesmos e da iluminação do mundo, são os votos do amigo e irmão de sempre.




Bezerra de Menezes




Psicografada por Francisco Cândido Xavier, no Centro Espírita. “Dias da Cruz”, na noite de 19 de maio de 1942.

Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

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