terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Chico Xavier - Livro Chico Xavier com Você - Carlos A. Baccelli - Pág. 13 - Cap. Num sábado de 1982



Chico Xavier - Livro Chico Xavier com Você - Carlos A. Baccelli - Pág. 13

Cap. Num sábado de 1982


O criminoso é sempre um de nós que foi descoberto.


Nem sempre o nosso Chico está em condições de comentar as lições do Evangelho nas tardes de sábado. Muitas vezes, falta-lhe a voz. A reunião da sexta-feira termina, normalmente, Quando os primeiros raios solares tingem de rubro o Céu ainda esmaltado de estrelas.

Quando nos é possível na reunião terminal do sábado, no “Grupo Espírita da Prece”, buscamos ouvir o Chico, provocando algum assunto... Compreendemos que estar com ele é uma oportunidade rara e, assim, dentro dos limites, fazemos-lhe perguntas que sejam de interesse geral. Acontece também ele mesmo “puxar” conversa, contando interessantes fatos de sua vida.

A seguir, enfileiramos algo que nos foi possível obter em várias oportunidades, na certeza de que todos se edificarão, como sempre, com as preciosas lições de Chico Xavier.

Alguém comentava sobre a grande incidência de crimes na atualidade, falando ainda do rigor necessário por parte das autoridades.

O Chico autografava, parecendo estar alheio a tudo.
Um outro companheiro fez alusão à pena de morte.

E é justamente aí que o Chico aparteia: “Emmanuel costuma dizer que o criminoso é sempre um de nós que foi descoberto.”
Que profundo ensinamento. Atire a primeira pedra...

A Dra. Marlene Severino Nobre, presente a uma das reuniões, faz ao Chico duas perguntas que transcrevemos sem maiores comentários, evidentemente com as respectivas respostas.
— Chico, quando é que nós vamos aprender a “transar” com o nosso subconsciente?
— Isso vem com a evangelização. É fácil evangelizar, mas auto-evangelizar-se!...
— O que você acha desses “cursos” de Espiritismo? “Curso” de médium...
— Ah! Minha filha, eu nasci xavante, morro xavante...

Agora é ele mesmo quem nos conta, pois, como bom mineiro, o Chico também gosta de uma prosa: “Quando eu tinha 16, 17 anos, trabalhava numa casa de comércio, em Pedro Leopoldo. Muitos jovens me procuravam, então, para escrever cartas de amor para eles... Os Espíritos me diziam que tudo aquilo era treino...”

E sorriu meio maroto como quem se admira com o que já lhe sucedeu na vida. O tema era Espiritismo e hostilidade.

Comentávamos como os adeptos da Doutrina são perseguidos ainda hoje. Embora o respeito de muitos, ainda encontramos os que, veladamente, atacam, humilham...

Com os olhos contemplando o que não podíamos ver, o Chico disse: “Aqueles que caminham abrindo roteiro para o futuro dela (3ª Revelação), têm que sangrar os pés.”

E retoma o serviço dos autógrafos, como a nos dizer que o tempo urge e é preciso continuar...

Perguntei ao Chico, como foi que escolheram o nome de Luiz Gonzaga para o Centro de Pedro Leopoldo. Explicando, inicialmente, que Luiz Gonzaga era italiano, enfermeiro, tendo morrido aos 23 anos de idade no socorro aos bexigosos como um autêntico mártir da solidariedade humana, acrescenta: “Aquela época, eu tinha 16 anos e era o secretário do grupo. Quando nos reunimos para fundar o Centro, era o dia 21 de junho, data consagrada pelo calendário a São Luiz Gonzaga. Também, Lindemberg havia concluído a Travessia do Atlântico na aeronave que levava o nome “Espírito São Luiz”, só que esse havia sido Rei da França — o que foi ferido nas cruzadas e, ao que tudo indica, protetor de Allan Kardec. Então, para homenagear um e outro, demos ao nosso Centro o nome de Luiz Gonzaga.”

A surpresa maior vem agora: “Sabe, Baccelli, um dia eu estava no portão de casa, quando surgiu um mendigo perguntando se eu era o Chico Xavier. Depois de conversar um pouco, ele tirou de um saco uma imagem de São Luiz Gonzaga dizendo que havia ido ali só para me entregar!”... (Esse fato se deu em Uberaba).

De outra vez, tecendo comentários sobre o valor da palavra e do cuidado que devemos ter em pronunciar qualquer uma, Chico arrematou: “As palavras são uma rede de seda, através das quais nos escondemos, mas quem nos conhece nos vê.”

Sim, porquanto, há palavras que enganam e palavras que revelam...

E assim é Chico Xavier. Numa conversa espontânea, aparentemente sem maior significado, surge o ensinamento, a preciosa lição, o material de reflexão de que carecemos para melhor compreender a vida e... a nós mesmos.


(Do Livro Chico Xavier, à sombra do abacateiro, Cap. Num sábado de 1982, Carlos A. Baccelli)


Nenhum comentário:

Postar um comentário