quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Léon Denis - Livro No Invisível - Cap. V - Educação e função dos médiuns



Léon Denis - Livro No Invisível - Cap. V


Educação e função dos médiuns


Quantas vezes, em sessões de estudo, temos ouvido dizerem os nossos guias: “Quando, do seio dos Espaços, vimos até vós, tudo se restringe, se amesquinha e se vai pouco a pouco retraindo. Lá, nas alturas, possuímos meios de ação que nem podeis compreender; esses meios se enfraquecem logo que entramos em relação com o ambiente humano”. 

Tanto que um desses grandes Espíritos baixa ao nosso nível e se demora em nossas obscuras regiões, logo o invade uma impressão de tristeza; ele sente como que uma depressão, uma diminuição de seus poderes e percepções. Só por um constante exercício da vontade, com o auxílio das forças magnéticas hauridas no Espaço, é que se habitua ao nosso mundo e nele cumpre as missões de que é encarregado. 

Porque, na obra providencial, tudo se acha regulado para o ensino gradual e o progresso da Humanidade. Os Espíritos missionários e instrutores vêm revelar, por meio das faculdades mediúnicas, as verdades que o nosso grau de evolução nos permite apreender e compreender. Desenvolvem, na esfera humana, as elevadas e puras concepções da divindade e nos vão, passo a passo, conduzindo a uma compreensão mais vasta do objetivo da existência e dos humanos destinos. Não se deve esperar de tais Espíritos as provas banais, os testemunhos de identidade que tantos experimentadores exigem; mas de nossos colóquios com eles se exala uma impressão de grandeza, de elevação moral, uma irradiação de pureza, de caridade, que sobre excederá todas as provas materiais e constituirá a melhor das demonstrações morais. 

Os Espíritos superiores leem o que em nosso íntimo se passa, conhecem as nossas intenções e dão muito pouco apreço às nossas fantasias e caprichos. Para atender aos nossos chamados e prestar-­nos assistência, exigem de nossa parte uma vontade firme e perseverante, uma fé elevada, um veemente desejo de nos tornarmos úteis. Reunidas essas condições, aproximam-se de nós; começa então, muitas vezes sem o sabermos, um demorado trabalho de adaptação dos seus fluidos aos nossos. São as preliminares forças de toda relação consciente. À medida que se estabelece a harmonia das vibrações, a comunicação se acentua sob formas apropriadas às aptidões do sensitivo: audição, visão, escrita, incorporação. 

Os Espíritos superiores, indiferentes às satisfações de opiniões materiais e interesseiras, comprazem-se ao pé dos homens que procuram no estudo um meio de aperfeiçoamento. A pureza de nossos sentimentos lhes facilita a ação e aumenta a influência. 

Outros Espíritos de menor categoria, por um impulso de dedicação, ligam-­se a nós e nos acompanham até ao termo de nossa peregrinação terrestre. São os gênios familiares ou Espíritos protetores. Cada pessoa tem o seu. Eles nos guiam, em meio das provações, com uma paciência e uma bondade admiráveis, sem jamais se cansarem. Os médiuns devem recorrer à proteção desses amigos invisíveis, quase sempre membros adiantados de nossa família espiritual, com quem outrora vivemos neste mundo. Aceitaram a missão, tantas vezes ingrata, de velar por nós; através de nossas alegrias e aflições, de nossas quedas e reabilitações, nos encaminham para uma vida melhor, em que nos acharemos de novo reunidos para uma mesma tarefa, identificados em um mesmo amor.


Léon Denis












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