
Ermance Dufaux - Livro Prazer de Viver - Wanderley S. de Oliveira - Cap. 9
Significado da Caridade
"A verdadeira caridade não consiste apenas na esmola que dais, nem, mesmo, nas palavras de consolação que lhe aditeis. Não, não é apenas isso o que Deus exige de vós. A caridade sublime, que Jesus ensinou, também consiste na benevolência de que useis sempre e em todas as coisas para com o vosso próximo.". (O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XI - item 14.)
Caridade! Ela é a alma da vida na criação, porque alimenta o Engenho Divino e Universal pela cooperação e permuta.
Caridade é o movimento sublime da alma na construção do bem.
Entendê-la como mero ato compulsivo ou agendado de beneficiar alguém ou alguma obra será limitar seu conceito cósmico.
Caridade é ação educativa.
Nem sempre, no entanto, ela tem educado, reduzindo-se ao amparo amenizador de dores e necessidades, que não ultrapassa a conotação de simples dever social conferido a todos na humanidade.
A ação no bem, antes de tudo, é estímulo e experiência para quem a pratica.
Do contrário, restringe-se a exercícios de doação para desafrouxar" sentimentos, ato não menos meritório, mas distante do significado sagrado da palavra que foi descrita por Adolfo, bispo de Argel, na inspirada poesia que diz: "Caridade!
Sublime palavra que sintetiza todas as virtudes, és tu que hás-de conduzir os povos à felicidade".
Constatam-se frequentemente nos nossos ambientes educativos do Espiritismo, várias almas distraídas quanto aos deveres mais profundos na aferição e no proveito pessoal nesse assunto.
Empenham-se em movimentos espetaculares de filantropia, asilando sonhos de grandeza espiritual para depois da morte, como se obtivessem garantia automática de redenção e paz interior.
Ninguém pode, em são juízo, afirmar que exista alguma ação no bem sem proveito.
Reflitamos, porém, que as expectativas e o entendimento de muitos corações iluminados pelas concepções doutrinárias, penetram o reino da ilusão por esperar "saltos evolutivos no além" em razão dos pequenos passos de altruísmo, que apenas começaram a dar.
A decepção, no entanto, estarrece tais corações quando libertos da matéria.
Constatam que fizeram luz para muitos, não conquistando sua luz pessoal e inalienável.
A luz que espalhamos aos outros sempre será avalista dos mais prestimosos créditos de amparo na carne ou fora dela. Entretanto, não constitui saldo defensivo contra as investidas do mal que ainda brota do próprio imo.
A transformação dos impulsos infelizes e o desenvolvimento de valores nobres são as únicas credenciais de autoridade e harmonia no trajeto da Terra para o mundo espiritual.
Milhões de almas, bem-intencionadas e solidárias, encontram-se em estágios de dor na imortalidade devido à negligência com a qual se portaram ante os mais singelos deveres morais de cidadania, saúde e conduta recta.
Entre esses, encontram-se muitos espíritas, devotos da actividade assistencial.
A caridade material é regime abençoado no exercício do afecto e da empatia, auxiliando o homem a se libertar dos grilhões do egoísmo.
Entretanto, em razão de nossas lutas interiores, essa conotação da caridade pode nos acostumar facilmente, ao automatismo, à compulsão, acrescidos das deformadas noções de quitação de carmas pelos serviços assistenciais, arruinando excelentes chances de crescimento, auto-avaliação e desenvolvimento de habilidades.
Assevera Isabel de França:
A caridade sublime, que Jesus ensinou, também consiste na benevolência de que useis sempre e em todas as coisas para com o vosso próximo".
Caridade em bom conceito é interesse emocional edificante pelo outro.
O ato verdadeiro da caridade encerra em si a benevolência - o sentimento de amor ao semelhante no que há de mais puro e alteritário.
Somente nesse patamar de emoção nobre, igualmente nos beneficiamos da acção caritativa, atingindo, então a finalidade maior no exercício do bem, que é consolida-lo em nós, além daquilo que pudermos realizar pelo outro.
O bem tem de ser Dom e gerar valores, antes de tudo, para quem o faz.
Uma reflexão merece a atenção de todos nós, nas tarefas abençoadas de amor ao próximo, no seio de nossas agremiações espíritas:
acima das práticas devemos colocar o relacionamento.
A ilusão, infelizmente, tem dilatado e incentivado ideias de salvacionismo fácil por meio de práticas que algumas vezes não passam de mecanismos do ego Para aplacar a ansiedade de destaque e prestígio de criaturas em vivências personalistas.
Sem nenhum sentimento de menosprezo, e com todo o respeita e carinho filca nosso convite aos trabalhadores da seara para uma reavaliação com fins de melhoria em todas as nossas iniciativas doutrinárias em nome do bem.
Quem não admite a possibilidade de melhora e mudança nos roteiros de acção doutrinária, possivelmente terá estacionado no proveito individual perante as realizações que exerce, ainda podendo estimular outros à estagnação.
Repensemos com proveito nossas tarefas de amor.
Tomemos por base um dos conceitos mais completos nesse tema:
"Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?"
"Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.
Ermance Dufaux
Fonte: Prazer de Viver; Kardecpédia
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