Emmanuel - Livro Palavras do Infinito - Espíritos Diversos / Chico Xavier - 3ª Parte - Cap. 6
A crise espiritual, fonte dos males atuais
— Estão certos, no seu julgamento, quantos encontram, nas crises atuais, as modalidades várias de uma crise única — a de ordem espiritual.
Há por todo o canto, o fermento revolucionário. Falece à política autoridade para organizar um programa que corresponda aos anseios gerais. A ciência, a cada passo, se encontra num turbilhão de perplexidades. As religiões criaram um Deus antropomórfico, pondo de lado o “Reino do Céu” para alcançarem, por quaisquer meios, o “Reino da Terra”.
A alma humana, dentro dessas vibrações antagônicas, perde-se num emaranhado de conjecturas e de sofrimentos.
Essa inquietação geral, a ausência de paz nos corações, estabelecem a crise avassaladora que abrange todos os domínios da atividade humana.
As classes são dominadas pelos desvios de toda a ordem; vícios do pensamento, vícios dos costumes, vícios da alimentação. Que se poderia fazer para que a ordem se restabelecesse, para que o bem-estar social se efetivasse?
Far-se-ia mister pirogravar, no coração de cada homem, a legenda célebre de Delfos.
Observa-se, em todos os setores dos trabalhos do mundo, uma luta tenaz dos anseios do Espírito que almeja paz e libertação.
Há quase dois milênios, quando a civilização, simbolizada no poderio romano, se entregava a todos os desregramentos e desvarios, fez-se ouvir a voz consoladora do Mestre, o Salvador esperado por muitos séculos de ansiedade e profecias.
Sob a sua divina influência, uma transformação radical se operou dentro da civilização trabalhada pelos hábitos perniciosos. A sua vida sacrificada foi legada ao homem como o sublime modelo; sua palavra foi deixada no mundo como a lei áurea de liberdade das almas.
Passado, porém, o arrebatamento da fé, novamente os abusos da maldade humana se fizeram sentir por toda a parte, e dos quais se observa, na atualidade, a culminância.
Todavia ainda é para Jesus que os homens necessitam voltar os seus olhos. A missão do moderno espiritualismo é trazer a chave dos conhecimentos acerca dos seus grandes e inolvidáveis ensinamentos. Enquanto não compreenderem os homens os seus deveres de fraternidade cristã, não há possibilidade de se evitar as crises que assoberbam o mundo.
A guerra continuará amortalhando os corações; os artigos de primeira necessidade serão destruídos pela falsa diretriz econômica de alguns países, quando muitos choram a falta de pão; a confusão prosseguirá dentro de todos os seus matizes, até que a crise espiritual seja solucionada pelo esforço do homem, a fim de que a luz se faça no seu coração. O que se depreende, pois, do confusionismo hodierno, é que os homens necessitam mais de verdade que de dinheiro, de mais luz espiritual que de pão.
Emmanuel
Recebida em Pedro Leopoldo a 24 de junho de 1935.
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