Allan Kardec - Livro O Livro dos Espíritos - 1ª Parte - Das causas primárias - Cap. I
Provas da existência de Deus
6. O sentimento íntimo que temos da existência de Deus não poderia ser fruto da educação, resultado de idéias adquiridas?
“Se assim fosse, por que existiria nos vossos selvagens esse sentimento?”
Se o sentimento da existência de um ser supremo fosse tão-somente produto de um ensino, não seria universal e não existiria senão nos que houvessem podido receber esse ensino, conforme se dá com as noções científicas. (O Livro dos Espíritos - Allan Kardec)
O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez
(Filosofia Espírita Vol. 1 - João Nunes Maia - Cap. 6 - Produto da Educação)
Questão 06 comentada
A educação nos estimula para as coisas mais nobres da vida, sabemos disso; no entanto, ela é gradativa, de acordo com a nossa evolução espiritual. O modo de assimilação da educação nos meios em que se estagia é diferente de uns para os outros, de acordo com os dons despertados em cada criatura. A consciência de cada alma seleciona o que recebe, como produto do meio em que vive e dá condições à inteligência, para que esta amplie os seus valores na pauta da sua existência, e recusa o que não lhe serve, por condições que já atingiu no avanço espiritual.
Toda herança é relativa, respeitando a posição do herdeiro na vida. Consultando as grandes vidas na Terra, a razão certifïcar-nos-á desta verdade. Os Espíritos, mesmo os chamados primitivos, quando reencarnam em um meio mais evoluído, não assimilam o produto da educação oferecida, por não terem capacidade de entendimento na altura dos seus progenitores, das escolas e livros. A assertiva de que somos o produto do meio não encontra segurança nas leis da evolução. Podemos ser ou não esse produto, dependendo da faixa em que nos situemos, com aqueles com quem convivemos. E perguntamos: onde aprenderam os primeiros mestres? Qual a escola?
O aprendizado mais atuante surge das trocas de experiências entre pessoas e nações; entretanto, o surgimento do verdadeiro aprendizado das almas vem pelos processos de despertar das qualidades que, por vezes, dormem em todos os seres. Daí é que dizemos, como já falaram todos os profetas, que Toda sabedoria vem de Deus. Todo amor parte da sua magnânima personalidade.
A ideia de Deus, na grande população indígena que viveu na Terra e da qual ainda restam uns poucos elementos, é uma prova irrefutável de que Ele existe e que não foi produto do meio. Foi revelação dos próprios Espíritos que circundavam e protegiam esses elementos, nas sequências evolutivas em que a vida os colocou.
Muitos dos senhores de engenho que dominaram o Brasil por muito tempo, alimentavam e divulgavam a ideia de que a vida terminava no túmulo e que escravos eram animais de carga. Todavia, mesmo de posse do poder da situação e da força, não tiravam dos cativos a crença da existência de Deus e das almas, que utilizavam nos batuques, os corpos dos sensitivos, para os animarem nas suas provações. Onde fica o produto do meio e da agressão? Quanto mais sofre o Espírito, mais despertam suas qualidades espirituais, mais a verdade o conduz para os caminhos da luz!
Certamente que não vamos parar no exercício sublime da educação e da instrução em todas as faixas de vida e da vida, porque é nessa persistência humana e divina que fazemos a nossa parte, junto à já feita por Deus.
Os sentimentos íntimos que todos temos, quanto à imortalidade da alma e à existência de nosso Pai Celestial, rói a primeira coisa divina colocada em nossos corações espirituais pelas mãos do Criador, em forma de luz que nos ilumina a vida. Essa certeza não se vende, não se dá, ninguém tira: é nosso patrimônio, que brilha em nós com alegria e esperança, a nos falar da felicidade eterna. A meta mais inteligente é educar e instruir. Por esses meios todos os talentos desabrocham e a vida para nós passa a ser uma vida em Cristo, na presença de Deus.
Miramez
Fontes: IPEAK; Filosofia Espírita-Vol.1-pdf
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