quinta-feira, 29 de junho de 2023

Emmanuel - Livro Alma e Coração - Chico Xavier - Cap. 1 - Começar de novo



Emmanuel - Livro Alma e Coração - Chico Xavier - Cap. 1


Começar de novo


Erros passados, tristezas contraídas, lágrimas choradas, desajustes crônicos!…

Às vezes, acreditas que todas as bênçãos jazem extintas, que todas as portas se mostram cerradas à necessária renovação!… Esqueces-te, porém, de que a própria sabedoria da vida determina que o dia se refaça cada amanhã.

Começar de novo é o processo da Natureza, desde a semente singela ao gigante solar.

Se experimentaste o peso do desengano, nada te obriga a permanecer sob a corrente do desencanto. Reinicia a construção de teus ideais, em bases mais sólidas, e torna ao calor da experiência, a fim de acalentá-los em plenitude de forças novas.

O fracasso visitou-nos em algum tentame de elevação, mas isso não é motivo para desgosto e autopiedade, porquanto, frequentemente, o malogro de nossos anseios significa ordem do Alto para mudança de rumo, e começar de novo é o caminho para o êxito desejado.

Temos sido talvez desatentos, diante dos outros, cultivando indiferença ou ingratidão; no entanto, é perfeitamente possível refazer atitudes e começar de novo a plantação da simpatia, oferecendo bondade e compreensão àqueles que nos cercam.

Teremos perdido afeições que supúnhamos inalteráveis; todavia, não será justo, por isso, que venhamos a cair em desânimo. O tempo nos permite começar de novo, na procura das nossas afinidades autênticas, aquelas afinidades suscetíveis de insuflar-nos coragem para suportar as provações do caminho e assegurar-nos o contentamento de viver.

Desfaçamo-nos de pensamentos amargos, das cargas de angústia, dos ressentimentos que nos alcancem e das mágoas requentadas no peito! Descerremos as janelas da alma para que o sol do entendimento nos higienize e reaqueça a casa íntima.

Tudo na vida pode ser começado de novo para que a lei do progresso e do aperfeiçoamento se cumpra em todas as direções. 

Efetivamente, em muitas ocasiões, quando desprezamos as oportunidades e tarefas que nos são concedidas na Obra do Senhor, voltamos tarde a fim de revisá-las e reassumi-las, mas nunca tarde demais.


Emmanuel










Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. 18 - Muitos os chamados, poucos os escolhidos - Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus - Item 9



Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. 18 - Muitos os chamados, poucos os escolhidos

Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus


9. Todos os que reconhecem a missão de Jesus dizem: Senhor! Senhor! – Mas, de que serve lhe chamarem Mestre ou Senhor, se não lhe seguem os preceitos? Serão cristãos os que o honram com exteriores atos de devoção e, ao mesmo tempo, sacrificam ao orgulho, ao egoísmo, à cupidez e a todas as suas paixões? Serão seus discípulos os que passam os dias em oração e não se mostram nem melhores, nem mais caridosos, nem mais indulgentes para com seus semelhantes? Não, porquanto, do mesmo modo que os fariseus, eles têm a prece nos lábios e não no coração. Pela forma poderão impor-se aos homens; não, porém, a Deus. Em vão dirão eles a Jesus: “Nós, Senhor, profetizamos, isto é, ensinamos em teu nome; expulsamos em teu nome os demônios; comemos e bebemos contigo”; Ele lhes responderá: “Não sei quem sois; afastai-vos de mim, vós que cometeis iniquidades, vós que desmentis com os atos o que dizeis com os lábios, que caluniais o vosso próximo, que espoliais as viúvas e cometeis adultério. Afastai-vos de mim, vós cujo coração destila ódio e fel, que derramais o sangue dos vossos irmãos em meu nome, que fazeis corram lágrimas, em vez de secá-las. Para vós, haverá prantos e ranger de dentes, porquanto o reino de Deus é para os que são brandos, humildes e caridosos. Não espereis dobrar a justiça do Senhor pela multiplicidade das vossas palavras e das vossas genuflexões. O caminho único que vos está aberto, para achardes graça perante ele, é o da prática sincera da lei de amor e de caridade.”

São eternas as palavras de Jesus, porque são a verdade. Constituem não só a salvaguarda da vida celeste, mas também o penhor da paz, da tranquilidade e da estabilidade nas coisas da vida terrestre. Eis por que todas as instituições humanas, políticas, sociais e religiosas, que se apoiarem nessas palavras, serão estáveis como a casa construída sobre a rocha. Os homens as conservarão, porque se sentirão felizes nelas. As que, porém, forem uma violação daquelas palavras, serão como a casa edificada na areia: o vento das renovações e o rio do progresso as arrastarão.

Allan Kardec 










André Luiz - Livro Paz e Renovação - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 2 - Pequenas regras de desobsessão



André Luiz - Livro Paz e Renovação - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 2


Pequenas regras de desobsessão


Procure: mais do que saber — dominar-se;

mais do que agir — elevar;

mais do que estudar — aprender;

mais do que pensar — discernir;

mais do que falar — educar;

mais do que aconselhar — servir;

mais do que escutar — compreender;

mais do que perdoar — amparar;

mais do que sofrer — resignar-se;

mais do que amar — sublimar.

Quando nos expressamos, usando o modo imperativo do verbo, não queremos dizer que nós outros — os amigos domiciliados no Mais Além — estejamos a cavaleiro dos obstáculos e dificuldades que oneram os companheiros do mundo.

Todos estamos ainda vinculados à Terra. E, na Terra, tanto adoece o cientista que cria o remédio, em favor dos enfermos, quanto os clientes que lhe desfrutam os recursos da inteligência; tanto carrega problemas o professor que ensina, quanto o aprendiz que se lhe beneficia do apoio cultural. Assim também na desobsessão. Todos os apontamentos que se relacionam com o assunto tanto se dirigem aos outros quanto a nós.


André Luiz










sábado, 24 de junho de 2023

Léon Denis - Livro O Grande Enigma - Cap. VII - A ideia de Deus e a experimentação psíquica



Léon Denis - Livro O Grande Enigma - Cap. VII


A ideia de Deus e a experimentação psíquica


Até aqui, no nosso estudo da questão de Deus, mantivemo-nos no terreno dos princípios. Nesse domínio, a ideia de Deus nos aparece qual chave da abóbada da doutrina espiritualista. Vejamos agora se não tem a mesma importância no domínio dos fatos, na ordem experimental. (1)

À primeira vista, pode parecer estranho ouvir dizer que a ideia de Deus representa um papel importante no estudo experimental, na observação dos fatos espíritas.

Notemos primeiramente que há tendência, por parte de certos grupos, para dar ao Espiritismo carácter sobremaneira experimental, para fazer-se exclusivamente o estudo dos fenômenos, desprezando-se o que tem cunho filosófico, tendência para rejeitar tudo o que possa recordar, por pouco que seja, as doutrinas do passado, para, em suma, limitar tudo ao terreno científico. Nesses meios, procura afastar-se a crença e a afirmação de Deus, por supérfluas, ou, pelo menos, por serem de demonstração impossível. Pensa-se, assim, atrair os homens de ciência, os positivistas, os livres-pensadores, todos aqueles que sentem uma espécie de aversão pelo sentimento religioso, por tudo o que tem certa aparência mística ou doutrinal.

Por outro lado, desejar-se-ia fazer do Espiritismo um ensino filosófico e moral, baseado nos fatos, ensino susceptível de substituir as velhas doutrinas, os sistemas caducos, e satisfazer o grande número de Almas que buscam, antes de tudo, consolação para as suas dores; uma filosofia simples, popular, que lhes dê tréguas às tristezas da vida.

De um lado e de outro, há multidões a contentar; muito mais, até, de um lado que do outro, porque a multidão daqueles que lutam e sofrem excede em muito a dos homens de estudo.

A sustentar essas duas teses vemos, de uma parte e de outra, homens sinceros e convencidos, a cujas qualidades nos congratulamos de render homenagem.

Por quem optar? Em que sentido convirá orientar-se o Espiritismo para assegurar a sua evolução?

O resultado das nossas pesquisas e das nossas observações leva-nos a reconhecer que a grandeza do Espiritismo, a influência que adquire sobre as massas, provém, principalmente, da sua doutrina; os factos são os fundamentos em que o edifício se apoia. Certamente! As fundações representam papel essencial em todo o edifício, mas não é nas fundações, isto é, nas estruturas subterrâneas, que o pensamento e a consciência podem encontrar abrigo.

Aos nossos olhos, a missão real do Espiritismo não é somente esclarecer as inteligências por um conhecimento mais preciso e mais completo das leis físicas do mundo; tal consiste, principalmente, em desenvolver a vida moral nos homens, a vida moral que o materialismo e o sensualismo têm amesquinhado tanto. Levantar os caracteres e fortificar as consciências, tal é o papel do Espiritismo. Sob este ponto de vista, pode ser remédio eficaz para os males que assediam a sociedade contemporânea, remédio a esse acréscimo inaudito do egoísmo e das paixões, que nos arrastam ao abismo. Julgamos dever exprimir aqui a nossa inteira convicção: não é fazendo do Espiritismo somente uma ciência positiva, experimental; não é eliminando nele o que há de elevado, o que atrai o pensamento acima dos horizontes estreitos, isto é, a ideia de Deus, o uso da prece, que se facilitará a sua missão; ao contrário, concorrer-se-ia para torná-lo estéril, sem ação sobre o progresso das massas.

Certamente! Ninguém mais do que nós admira as conquistas da Ciência; sempre tivemos prazer de render justiça aos esforços corajosos dos sábios que fizeram recuar a cada dia os limites do desconhecido.

Mas a Ciência não é tudo. Sem dúvida ela tem contribuído para esclarecer a Humanidade; entretanto, tem-se mostrado sempre impotente para torná-la mais feliz e melhor.

A grandeza do espírito humano não consiste somente no conhecimento; está também no ideal elevado. Não foi a Ciência, e sim o sentimento, a fé e o entusiasmo que fizeram Jeanne d'Arc e todas as grandes epopeias da História.

Os enviados do Alto, os grandes predestinados, os videntes e os profetas não escolheram por móbil a ciência: escolheram a crença.

Eles vieram para mostrar o caminho que conduz a Deus.

Que é feito da ciência do passado? As vagas do esquecimento a submergiram, tal qual submergirão a ciência dos nossos dias. Quais serão os métodos e as teorias contemporâneas em vinte séculos? Em compensação, os nomes dos grandes missionários têm sobrevivido através dos tempos. O que sobrevive a tudo, no desastre das civilizações, é o que eleva a alma humana acima de si mesma, para um fim sublime, para Deus!

Há outra coisa mais. Mesmo limitando-nos ao terreno do estudo experimental, há uma consideração capital em que devemos inspirar-nos. É a natureza das relações que existem entre os homens e o mundo dos Espíritos; é o estudo das condições a preencher para tirar dessas relações os melhores efeitos.

Logo que chegamos aos ditos fenômenos, ficamos impressionados pela composição desse mundo invisível que nos cerca, pelo carácter das multidões de Espíritos que nos rodeiam e que procuram sem cessar pôr-se em relação com os homens. Em torno do nosso atrasado planeta flutua uma vida poderosa, invisível, onde dominam os Espíritos levianos e zombeteiros, com os quais se misturam Espíritos perversos e malfazejos. Aí há muitos apaixonados, cheios de vícios, criminosos. Deixaram a Terra com a alma repleta de ódio, com o pensamento saturado de vingança: esperam na sombra o momento propício para satisfazer os seus rancores, as suas fúrias, à custa dos experimentadores imprudentes e imprevidentes que, sem precaução, sem reserva, abrem de par em par as vias que fazem comunicar o nosso mundo com o dos Espíritos.

É desse meio que nos vêm as mistificações sem-número, os embustes audaciosos, as manobras bem conhecidas dos Espíritos experimentados, manobras pérfidas, que, em certos casos, conduzem os médiuns à obsessão, à possessão, à perda das suas mais belas faculdades, a tal ponto que certos críticos, fazendo a enumeração das vítimas desses factos, contando todos os abusos que decorrem de uma prática imprevista e frívola do Espiritismo, têm perguntado se não seria ele uma fonte de perigos, de misérias, uma nova causa de decadência para a Humanidade. (2)

Felizmente, ao lado do mal está o remédio. Para nos livrar das influências más existe um recurso supremo. Possuímos um meio poderoso para afastar os Espíritos do abismo e para fazer do Espiritismo um elemento de regeneração, um sustentáculo, um confortante. Esse recurso, esse preservativo é a prece, é o pensamento dirigido para Deus! O pensamento de Deus é qual uma luz que dissipa a sombra e afasta os Espíritos das trevas; é uma arma que dispersa os Espíritos malfazejos e nos preserva dos seus embustes. A prece, quando é ardente, improvisada – e não recitação monótona –, tem um poder dinâmico e magnético considerável; (3) ela atrai os Espíritos elevados e assegura-nos a sua proteção. Graças a eles podemos sempre comunicar com aqueles que nos amaram na Terra, aqueles que foram a carne da nossa carne, o sangue do nosso sangue e que, da sombra do Espaço, nos estendem os braços.

Temos verificado, muitas vezes, na nossa carreira de experimentadores: quando, numa reunião espírita, todos os pensamentos e vontades se unem num transporte poderoso, numa convicção profunda; quando sobem para Deus pela prece, jamais falha o socorro. Todas essas vontades reunidas constituem um feixe de forças, a arma segura contra o mal. Ao apelo que se eleva para o céu, há sempre algum Espírito de escol que responde. Esse Espírito protetor, a convite do Alto, vem dirigir os nossos trabalhos, afastar dali os Espíritos inferiores, deixando somente intervir aqueles cujas manifestações são úteis para eles próprios ou para os encarnados.

Há aí um princípio infalível. Com o pensamento purificado e a elevação para Deus, o Espiritismo experimental pode ser uma luz, uma força moral, uma fonte de consolações. Sem esses requisitos ele poderá ser a incerteza, a porta aberta a todas as armadilhas do Invisível; uma entrada franca a todas as influências, a todos os sopros do abismo, a esses sopros de ódio, a essas tempestades do mal que passam sobre a Humanidade, à semelhança de trombas, e a cobrem de desordem e de ruínas.

Sim, é bom, é necessário abrir veredas para a comunicação com o mundo dos Espíritos; mas, antes de tudo, deve evitar-se que essas veredas sirvam aos nossos inimigos, para nos invadirem. Lembremo-nos de que há nos mundos invisíveis muitos elementos impuros. Dar-lhes entrada, seria derramar sobre a Terra males inúmeros; seria entregar aos Espíritos perversos uma verdadeira multidão de almas fracas e desarmadas.

Para entrar em relação com as Potências superiores, com os Espíritos esclarecidos, é preciso a vontade e a fé, o desinteresse absoluto e a elevação dos pensamentos. Fora destas condições, o experimentador seria o joguete dos Espíritos levianos.

“O que se assemelha se ajusta”, diz o provérbio. Com efeito, a lei das afinidades rege tanto o mundo das Almas quanto o dos corpos.

Há, pois, tanto sob o ponto de vista teórico quanto do prático e, ainda, sob o ponto de vista do progresso do Espiritismo, a necessidade de se desenvolver o senso moral, de nos ligarmos às crenças fortes e aos princípios superiores, de não abusar das evocações, de não entrar em comunicação com os Espíritos senão em condições de recolhimento e de paz moral.

O Espiritismo foi dado ao homem como meio de se esclarecer, de se melhorar, de adquirir qualidades indispensáveis à sua evolução. Se se destruíssem nas Almas ou somente se desprezassem a ideia de Deus e as aspirações elevadas, o Espiritismo poderia tornar-se coisa perigosa. Eis a razão pela qual não hesitamos em dizer que entregarmo-nos às práticas espíritas sem purificar os nossos pensamentos, sem os fortificar pela prece e pela fé, seria executar obra funesta, cuja responsabilidade poderia cair pesadamente sobre os seus autores.

Chegamos agora a um ponto particularmente delicado da questão. Atribui-se muitas vezes aos espíritas o não viverem sempre de acordo com os seus princípios; fazendo-se observar que entre eles o sensualismo, os apetites materiais e o amor ao lucro ocupam lugar muitas vezes considerável. Acusam-nos, principalmente, de divisões intestinas, rivalidades de grupos e de pessoas, que são grandes obstáculos à organização das forças espíritas e à sua marcha para diante.

Não nos interessa insistir sobre essas proposições; não queremos pronunciar aqui nenhum juízo desfavorável para quem quer que seja. Permita-se-nos somente fazer notar que não será reduzindo o Espiritismo ao papel de simples ciência de observação, que se conseguirá iludir, atenuar essas fraquezas. Ao contrário, não faremos mais que as agravar. O Espiritismo exclusivamente experimental já não terá autoridade, nem força moral necessárias para ligar as Almas. Alguns supõem ver no afastamento da ideia de Deus uma aproveitável medida ao Espiritismo. Por nossa parte, diremos que é a insuficiência atual desta noção e, ao mesmo tempo, a insuficiência dos nobres sentimentos e das altas aspirações, que produzem a falta de coesão e criam as dificuldades da organização no Espiritismo.

Desde que a ideia de Deus se enfraquece numa Alma, a noção do eu, isto é, da personalidade, aumenta logo; e aumenta ao ponto de se tornar tirânica e absorvente. Uma dessas noções não cresce e se fortifica senão em detrimento da outra. Quem não adora a Deus, adora-se a si mesmo, disse um pensador.

O que é bom para os meios de experimentação espírita, é bom para a sociedade inteira. A ideia de Deus – nós o demonstramos – liga-se estreitamente à ideia de Lei, e assim à de dever e de sacrifício. A ideia de Deus liga-se a todas as noções indispensáveis à ordem, à harmonia, à elevação dos seres e das sociedades. Eis por que, logo que a ideia de Deus se enfraquece, todas essas noções se debilitam; desaparecem, pouco a pouco, para dar lugar ao personalismo, à presunção, ao ódio por toda a autoridade, por toda a direção, por toda a lei superior. E é assim que, pouco a pouco, grau a grau, se chega a esse estado social que se traduz por uma divisa célebre, que ouvimos ecoar por toda a parte: Nem Deus, nem Senhor!

Tem-se de tal modo abusado da ideia de Deus, através dos séculos; tem-se torturado, imolado, em seu nome, tantas vítimas inocentes; em nome de Deus tem-se de tal modo regado o mundo de sangue humano, que o homem moderno se desviou Dele. Tememos muito que a responsabilidade desse estado de coisas recaia sobre aqueles que fizeram, do Deus de bondade e de eterna misericórdia, um Deus de vingança e de terror. Mas, não nos compete estabelecer responsabilidades. O nosso fim é, antes, procurar um terreno de conciliação e de aproximação, em que todos os bons Espíritos se possam reunir.

Seja como for, os homens modernos, na grande maioria, já não querem suportar acima deles nem Deus, nem lei, nem constrangimento; já não querem compreender que a liberdade, sem a sabedoria e sem a razão, é impraticável. A liberdade, sem a virtude, leva à licença, e a licença conduz à corrupção, ao rebaixamento dos caracteres e das consciências, numa palavra, à anarquia. Será somente quando tivermos atravessado novas e mais rudes provas que consentiremos em refletir. Então, a verdade se fará luz e a grande palavra de Voltaire se verificará aos nossos olhos: “O ateísmo e o fanatismo são os dois polos de um mundo de confusão e de horror!” (A História de Jeni.).

É verdade que muito se fala de altruísmo, nova denominação do amor da Humanidade, e se pretende que esse sentimento deve bastar. Mas, como se fará do amor da Humanidade uma coisa vivida, realizada, quando não chegamos, não direi a amar-nos, mas somente a suportar-nos uns aos outros? Para se agruparem os sentimentos e as aspirações, é necessário um ideal poderoso. Pois bem! Esse ideal não o encontrareis no ser humano, finito, limitado; não o encontrareis nas coisas deste mundo, todas efémeras, transitórias. Ele não existe senão no Ser infinito, eterno. Somente Ele é bastante vasto para recolher, absorver todos os transportes, todas as forças, todas as aspirações da alma humana, para reconhecê-los e fecundá-los. Esse ideal é Deus!

Mas que é o ideal? É a perfeição. Deus, sendo a perfeição realizada, é ao mesmo tempo o ideal objetivo, o ideal vivo!


Léon Denis



(1) Vide as minhas obras precedentes: Cristianismo e Espiritismo, No Invisível e, ainda, Espíritos e Médiuns – tratado de Espiritismo experimental.
(2) Vide J. Maxwell, Fenômenos Psíquicos, páginas 232 a 235; Léon Denis, No Invisível, cap. XXII. Vide também Relatório de Congresso Espírita de Bruxelas, 1910, págs. 112, 124.
(3) Obtemos a prova objetiva desse facto por meio das Chapas fotográficas. No estado de prece, pelo contacto dos dedos, conseguimos impregnar as chapas de radiações muito mais ativas, de eflúvios mais intensos do que no estado normal.



Fonte: Léon Denis - O Grande Enigma.pdf



VÍDEO: 

O Grande Enigma - Cap. VII - A ideia de Deus e a experimentação psíquica 







Ermance Dufaux - Livro Reforma Íntima Sem Martírio - Wanderley S. Oliveira - Cap. 21 - Depressões Reeducativas



Ermance Dufaux - Livro Reforma Íntima Sem Martírio - Wanderley S. Oliveira - Cap. 21


Depressões Reeducativas


“Sabeis por que, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida?” François de Genève. (Bordeaux) 

O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. V, Item 25


Dores existenciais, quem não as experimenta?

A pergunta do Espírito François de Genève foi elaborada num tempo em que os avanços das ciências psíquicas não tinham alcançado as profícuas conquistas da atualidade. Com o título “melancolia” e utilizando o saber espírita, esse colaborador da Equipe Verdade deu a primeira palavra sobre a grave questão dos transtornos de humor e sua relação com a vida espiritual.

À luz da ciência, depressão primária é o quadro cuja doença não depende de fatores causais para surgir, sendo, em si mesma, causa e efeito. Depressão secundária é aquela que decorre de um fator causal que pode ser, por exemplo, uma outra doença grave que resulta em levar o paciente a ficar deprimido.

Boa parcela dos episódios de “depressão primária crônica”, aqueles que se prolongam e agravam no tempo mas que permanecem nos limites da neurose, ou seja, que não alcançam o nível de perda da realidade, são casos que merecem uma análise sob o enfoque espiritual graças à sua íntima vinculação com o crescimento interior.

À luz da imortalidade, as referidas depressões são como uma “tristeza do espírito” que ampliam a consciência de si. Um processo que se inicia, na maioria dos casos, antes do retorno à vida corporal quando a alma, em estado de maior “liberdade dos sentidos”, percebe com clareza a natureza de suas imperfeições, suas faltas e suas necessidades, que configuram um marcante sentimento de falência e desvio das Leis Naturais. A partir dessa visão ampliada, são estabelecidos registros profundos de inferioridade e desvalor pessoal em razão da insipiência na arte do perdão, especialmente do autoperdão. Nessa hora, quando a criatura dispõe de créditos mínimos para suportar esse “espelho da consciência”, seu processo corretivo inicia-se na própria vida extrafísica em tratamentos muitos similares aos dos nosocômios terrestres, até que haja um apaziguamento mental que lhe permita o retorno ao corpo. O mesmo não ocorre com quantos experimentam a “dura realidade” de se verem como são após a morte, mas que tombam nas garras impiedosas das trevas a que fizeram jus, regressando à vida corporal em condições expiatórias sob domínio de severas psicoses para olhar os frutos das sementes que lançou.

Nessa ótica, depressão é um doloroso estado de desilusão que acomete o ser em busca de sua recuperação perante a própria consciência na vida física.

Essa análise amplia o conceito de reforma íntima por levar-­nos a concluir que soa para alma o instante divino para a reparação, conclamando-a, após esbanjar a “Herança do Pai”, assim como o “Filho Pródigo” da parábola evangélica, ao recomeço progressivo no “Colo Paternal”, onde encontrará descanso e segurança – valores perdidos há milênios nos terrenos de sua vida afetiva.

Semelhantes depressões, portanto, são o resultado mais torturante da longa trajetória no egoísmo, porque o núcleo desse transtorno chama-­se desapontamento ou contrariedade, isto é, a incapacidade de viver e convier com a frustração de não poder ser como se quer e ter que aceitar a vida como ela é, e não como se gostaria que fosse. Considerando o egoísmo como o hábito de ter nossos caprichos pessoais atendidos, a contrariedade é o preço que pagamos pelo esbanjamento do interesse individualista em milênios afora, mas, igualmente, é o sentimento que nos fará refletir na necessidade de mudança em busca de uma postura ajustada com as Leis Naturais da vida.

Para a maioria de nós, contrariedade significa que algo ou algum acontecimento não saiu como esperávamos, por isso algumas criaturas costumam dizer: “nada na minha vida deu certo”. É tudo uma questão de interpretação. Quase sempre essa expressão “não deu certo” quer dizer que não saiu conforme nosso egoísmo. O desapontamento, portanto, é altamente educativo quando a alma, ao invés de optar pela tristeza e revolta, prefere enxergar um futuro diverso daquele que planejou e, no qual, a grande meta da felicidade pode e deve estar incluída.

O renascimento corporal é programado para que a criatura encontre nas ocorrências da existência os ingredientes precisos à sua transformação. Brota então, espontaneamente, o desajuste, em forma de insatisfação crônica com a vida, funcionando como canal de expulsão de culpas armazenadas no tempo, controladas com a força de mecanismos mentais defensivos ainda desconhecidos da ciência humana e eclodindo sem possibilidade de contenção. Um “expurgo psíquico” em doses suportáveis…

Os sintomas a partir de então são muitos conhecidos da medicina humana: a insônia, tristeza persistente, ideias de auto-extermínio, vazio existencial e outros tantos. Poderíamos asseverar que almas comprometidas com esse quadro psicológico já renascem com um “ego frágil”, suscetível a uma baixa tolerância com suas falhas e estilo de vida, uma dolorosa incapacidade de se aceitar; menos ainda de se amar. No fundo permanece o desejo impotente de querer a vida conforme seus planos, mas tudo conspira para que tenha a vida que precisa em vista de suas necessidades de aperfeiçoamento.

A rebeldia, no entanto, que é a forma revoltante de reagir perante os convites renovadores, pode agravar ainda mais a prova íntima. Nesse caso o homem soçobra em dores emocionais acerbas que o martirizam no clímax da dor-­resgate. Medo, revolta, suscetibilidade, impotência diante dos desafios são algumas das expressões afetivas que podem alcançar a morbidez, quando sustentadas pela teimosia em não aceitar os alvitres das circunstâncias que lhe contrariam os sonhos e fantasias de realização e gozo. Forma-­se então um quadro de insatisfação crônica com a vida.

Como já dissemos, esse é sem dúvida o mais infeliz efeito do nosso egoísmo, o qual age “contra” nós próprios ao decidirmos abandonar a suposta supremacia e grandeza que pensávamos possuir, em nossas ilusões milenares de orgulho que se desfazem ao sopro renovador da Verdade.

Eis as mais conhecidas facetas provacionais da vida mental e emocional do espírito que experimenta a dor das “depressões primárias crônicas”, cujo processo detona sua melhoria espiritual que já vem sendo relegada ao longo dos evos:

* Aflição antecipada com perdas – “neurose de apego”.
* Medo da frustração – “neurose de perfeccionismo”.
* Extrema resistência com a autoaceitação – “neurose de vergonha”.
* Desgaste energético pelo esforço para manter controle – “neurose de domínio”.
* Formas sutis de autopunição – “neurose de culpa”.
* Nítida sensação de que o esforço de melhoria é infrutífero – “neurose de ansiedade”.
* Acentuada suscetibilidade nos fatos corriqueiros – “neurose de autopiedade”.
* Surgimento imprevisto e sem razões de preocupações inúteis – “neurose de martírio”.

A depressão assim analisada é uma forma de focar o mundo provocada por fatores intrínsecos, endógenos, desenvolvidos em milênios de egoísmo e orgulho. Chamamo-­la em nosso plano de “silenciosa expiação reparadora”.

Acostumados a impor nossos desejos e a imprimir a marca do individualismo, somos agora chamados pela dor reeducativa a novos posicionamentos que nos custam, quase sempre, a cirurgia dos quistos de pretensão e onipotência, ao preço de “silenciosa expiação” no reino da vida mental. Somos “contrariados” pela vida para que eduquemos nossas potencialidades.

Infelizmente, com raras exceções, nossos gostos são canteiros de ilusões onde semeamos os interesses pessoais, em franca indiferença às necessidades do próximo, colhendo frutos amargos que nos devolvem à realidade.

Há que se ter muita humildade para aceitar a vida como ela é, compreender suas “reclamações” endereçadas à nossa consciência e tomar uma postura reeducativa. O orgulho é o “manto escuro” que tecemos com o fio do egoísmo, com o qual procuramos nos proteger da inferioridade que recalcitramos aceitar em nós mesmos de longa data.

Bom será quando tivermos a coragem de nos mirar no “espelho da honestidade” e aprender a conduta excelsa do perdão, porque quem perdoa conquista sua alforria das celas da mágoa e da culpa. Conquanto a princípio o sentimento de culpa possa fazer parte da reconstrução de nossos caminhos, temos a assinalar que a sua presença ainda é sinal de orgulho por expressar nossa inconformação com o que somos, ou nossa rebeldia em aceitar nossa falibilidade. Se o orgulho é um “manto”, com o qual ingenuamente acreditamos estar protegidos dos alvitres vindos de fora concitando-­nos à autenticidade, a culpa é a lâmina cortante vindo de dentro que nos retira o controle e exige um novo proceder.

Apesar do quadro expiatório, as depressões reeducativas quando vencidas trazem como prêmio um extraordinário domínio de si mesmo, sem que isso signifique “querer viver a vida a seu gosto”, e também um largo autoconhecimento. Passada a prova, ficará o aprendizado.

Essa depressão reeducativa afiniza-­se, sobremaneira, com a visão de François de Genève porque a maior aspiração da alma é se libertar das ilusões da vida material e gozar das companhias eleitas. Assim expressa o autor: “Se, no curso desse degredo-­provação, exonerando-vos dos vossos encargos, sobre vós desabarem os cuidados, as inquietações e tribulações, sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-os resolutos. Duram pouco e vos conduzirão à companhia dos amigos por quem chorais e que, jubilosos por ver-vos de novo entre eles, vos estenderão os braços, a fim de guiar-­vos a uma região inacessível às aflições da Terra”.


Ermance Dufaux









Fonte: Reforma Íntima Sem Martírio -pdf

Emmanuel - Livro Pão Nosso - Chico Xavier - Cap. 8 - Ansiedades



Emmanuel - Livro Pão Nosso - Chico Xavier - Cap. 8


Ansiedades


“Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” — (1 PEDRO, 5.7)


As ansiedades armam muitos crimes e jamais edificam algo de útil na Terra.

Invariavelmente, o homem precipitado conta com todas as probabilidades contra si.

Opondo-se às inquietações angustiosas, falam as lições de paciência da Natureza, em todos os setores do caminho humano.

Se o homem nascesse para andar ansioso, seria dizer que veio ao mundo, não na categoria de trabalhador em tarefa santificante, mas por desesperado sem remissão.

Se a criatura refletisse mais sensatamente reconheceria o conteúdo de serviço que os momentos de cada dia lhe podem oferecer e saberia vigiar, com acentuado valor, os patrimônios próprios.

Indubitável que as paisagens se modificarão incessantemente, compelindo-nos a enfrentar surpresas desagradáveis, decorrentes de nossa atitude inadequada, na alegria ou na dor; contudo, representa impositivo da lei a nossa obrigação de prosseguir diariamente, na direção do bem.

A ansiedade tentará violentar corações generosos, porque as estradas terrenas desdobram muitos ângulos obscuros e problemas de solução difícil; entretanto, não nos esqueçamos da receita de Pedro.

Lança as inquietudes sobre as tuas esperanças em Nosso Pai Celestial, porque o Divino Amor cogita do bem-estar de todos nós.

Justo é desejar, firmemente, a vitória da luz, buscar a paz com perseverança, disciplinar-se para a união com os Planos Superiores, insistir por sintonizar-se com as Esferas mais altas. Não olvides, porém, que a ansiedade precede sempre a ação de cair.


Emmanuel












André Luiz - Livro Caminhos de Volta - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 40 - O rumo certo - Conversa em Caminho



André Luiz - Livro Caminhos de Volta - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 40 - O rumo certo


Conversa em Caminho


A página de André Luiz foi recebida em circunstâncias inesperadas. Caminhávamos pela manhã, em grupo reduzido, trocando ideias sobre a melhor maneira de estar no rumo certo em meio às estradas da vida. Falávamos das dificuldades é lutas para seguirmos em espírito na direção da vida melhor, alinhando problemas a solucionar e obstáculos a vencer. Ao regressar da pequena excursão, reunimo-nos para breve descanso e uma ligeira prece. O Livro dos Espíritos nos deu a questão 845 para meditar e o nosso André Luiz ofereceu-nos a mensagem “Conversa em Caminho”.


Você tem uma vida para construir: é a vida que Deus lhe deu.

Precisamos do auxílio dos outros a fim de seguir adiante; no entanto, cada qual de nós deve caminhar por si mesmo.

De qualquer modo, a lei de ação e reação funcionará, entregando-nos aquilo que oferecemos de nós.

Seja você mesmo, evitando disfarces que lhe complicariam a própria existência.

Aceite os outros tais quais são, com as qualidades e fraquezas que lhes assinalam a vida, para não se perder em queixas injustas.

Sonhe, mas raciocine e raciocine agindo.

Conserve a certeza de que pagaremos sempre pelos bens que obtivermos.

Não se envergonhe de falhar temporariamente; entretanto, erga-se para servir com mais segurança, na base da experiência.

Reconheça o seu poder mental de modificar as circunstâncias ou criá-las e use-o com o seu próprio esforço no bem.

Não se espante com as dificuldades no autoaperfeiçoamento; a Divina Sabedoria não nos criou para a função de robôs no mundo e sim para que lhe venhamos a refletir o brilho e o amor, na luz da imortalidade.


André Luiz










quarta-feira, 21 de junho de 2023

Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XIX - A fé transporta montanhas - Instruções dos Espíritos - A fé humana e a divina



Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XIX - A fé transporta montanhas - Instruções dos Espíritos


A fé humana e a divina


No homem, a fé é o sentimento inato de seus destinos futuros; é a consciência que ele tem das faculdades imensas cujo gérmen foi depositado em seu íntimo, em estado latente a princípio, e que ele deve fazer eclodir e crescer por sua vontade ativa.

Até ao presente, a fé não foi compreendida senão pelo lado religioso, porque o Cristo a preconizou como poderosa alavanca, e porque se viu nele apenas o chefe de uma religião. Entretanto, o Cristo, que realizou milagres materiais, mostrou, por esses milagres mesmos, o que pode o homem quando tem fé, isto é, a vontade de querer, e a certeza de que essa vontade pode ser realizada. Também os apóstolos, seguindo-lhe o exemplo, não fizeram milagres? Ora, que eram esses milagres, senão efeitos naturais, cujas causas os homens de então desconheciam, mas que hoje se explicam em grande parte, e que se compreenderá completamente pelo estudo do Espiritismo e do Magnetismo?

A fé é humana ou divina, conforme o homem aplica suas faculdades às necessidades terrenas, ou às suas aspirações celestes e futuras. O homem de gênio que se lança à realização de algum grande empreendimento triunfa, se tem fé, porque sente em si que pode e deve chegar ao objetivo, e essa certeza lhe dá uma força imensa. O homem de bem que, crente em seu futuro celeste, quer encher de belas e nobres ações a sua vida, haure na sua fé, na certeza da felicidade que o espera, a força necessária, e ainda aí se realizam milagres de caridade, de devotamento e de abnegação. Enfim, com a fé, não há maus pendores que se não chegue a vencer.

O Magnetismo é uma das maiores provas do poder da fé posta em ação; é pela fé que ele cura e produz esses fenômenos singulares, qualificados outrora de milagres.

Repito: a fé é humana e divina; se todos os encarnados estivessem bem persuadidos da força que têm em si, e se quisessem pôr sua vontade a serviço dessa força, eles seriam capazes de realizar o a que, até hoje, chamou-se prodígios, e que é simplesmente um desenvolvimento das faculdades humanas. 


Um Espírito Protetor
Paris, 1863










segunda-feira, 19 de junho de 2023

Emmanuel - Livro O Evangelho por Emmanuel - Vol. IV - Comentários ao Evangelho segundo João - Chico Xavier - Cap. 186 - O caminho



Emmanuel - Livro O Evangelho por Emmanuel - Vol. IV - Comentários ao Evangelho segundo João - Chico Xavier - Cap. 186


O caminho


“Mas quando vier aquele Espírito de Verdade, ele vos guiará em toda a verdade.” — JESUS (João, 16.13)


O Caminho de toda a Verdade é Jesus Cristo. 

O Mestre veio ao mundo instalar essa verdade para que os homens fossem livres e organizou o programa dos cooperadores de seu divino trabalho, para que se preparasse convenientemente o caminho infinito. 

No fim da estrada colocou a redenção e deu às criaturas o amor como guia.

Conforme sabemos, o guia é um só para todos. 

E vieram os homens para o serviço divino. Com os cooperadores vinham, porém, os gênios sombrios, que se ombreavam com eles nas cavernas da ignorância.

A religião, como expressão universalista do amor, que é o guia, pairou sempre pura, acima das misérias que chegaram ao grande campo; mas, este ficou repleto das absurdidades. O caminho foi quase obstruído.

A ambição exigiu impostos dos que desejavam passar, o orgulho reclamou a direção dos movimentos, a vaidade pediu espetáculos, a conveniência requisitou máscaras, a política inferior estabeleceu guerras, a separatividade provocou a hipnose do sectarismo.

O caminho ficou atulhado de obstáculos e sombras e o interessado, que é o espírito humano, encontra óbices infinitos para a passagem.

O quadro representa uma resposta a quantos perguntarem sobre os propósitos do Espiritismo cristão, sendo que o homem já conhece todos os deveres religiosos. Ele é aquele Espírito de Verdade que vem lutar contra os gênios sombrios que vieram das cavernas da ignorância e invadiram o campo do Cristo.

Mas, guerrear como? Jesus não pediu a morte de ninguém. Sim, o Espírito de Verdade vem como a luz que combate e vence as sombras, sem ruídos. Sua missão é transformar, iluminando o caminho para que os homens vejam o amor, que constitui o guia único para todos, até a redenção.


Emmanuel







(Reformador, abril 1941, página 96)

domingo, 18 de junho de 2023

Emmanuel - Livro Pensamento e Vida - Chico Xavier - Cap. 9 - Sugestão



Emmanuel - Livro Pensamento e Vida - Chico Xavier - Cap. 9


Sugestão


Comenta-se o fenômeno da sugestão mental, qual se fora privativo de gabinetes magnéticos específicos, mobilizando-se hipnotizadores e hipnotizados, à conta de taumaturgos.

Grasset, o eminente neurologista da escola de Montpellier, chega a classificar as sugestões em duas categorias: — as intra-hipnóticas, que se efetuam no curso do sono provocado, e as pós-hipnóticas, que se realizam além do despertar.

Entretanto, a sugestão é acontecimento de toda hora, na vida de todos os seres, com base na reflexão mental permanente.

Dela se apropriou com mais empenho a magia, que, significando o governo das forças ocultas, tem sido, antes de tudo, o clima de todas as cerimônias religiosas na Terra, cerimônias essas em que se conjugam as forças de poderosas mentes encarnadas e desencarnadas, gerando sucessos que impressionam a mente popular, disciplinando-lhe os impulsos.

Força mental pura e simples, carreando a ideia por imagem viva, a sugestão, como a eletricidade, o explosivo, o vapor e a desintegração atômica, não é boa nem má, dependendo os seus efeitos da aplicação que se lhe confere. 

Temo-la, assim, não apenas no altar da oração e nos símbolos sagrados do serviço religioso, aconselhando a virtude e o progresso ao coração do povo, mas também nos espetáculos deprimentes dos ritos bárbaros e na demagogia de arrastamento, ressumando o psiquismo inferior que inspira a licenciosidade e a rebelião.

Nossas emoções, pensamentos e atos são elementos dinâmicos de indução.

Todos exteriorizamos a energia mental, configurando as formas sutis com que influenciamos o próximo, e todos somos afetados por essas mesmas formas, nascidas nos cérebros alheios.

Cada atitude de nossa existência polariza forças naqueles que se nos afinam com o modo de ser, impelindo-os à imitação consciente ou inconsciente.

É que o princípio de repercussão nos comanda a atividade em todos os passos da vida.

A escola é um lar de iniciação para as almas que começam as lides do burilamento intelectual, constituindo, simultaneamente, um centro de reflexos condicionados para milhões de Espíritos que reencarnam para readquirir pelo alfabeto o trabalho das próprias conquistas na esfera da inteligência.

Com o auxílio dos múltiplos instrutores que nos guiam da cátedra e da tribuna, pelo livro e pela imprensa, retomamos no mundo a nossa realidade psíquica, determinada pela soma de nossas aquisições emocionais e culturais no passado, com a possibilidade de mais ampla educação da vontade para o devido ajustamento à Vida Superior.

Somos hoje, deste modo, herdeiros positivos dos reflexos de nossas experiências de ontem, com recursos de alterar-lhes a direção para a verdadeira felicidade.

Auxiliando a outrem, sugerimos o auxílio em nosso favor. Suportando com humildade as vicissitudes da senda regenerativa, instilamos paciência e solidariedade, para conosco, em todos aqueles que nos rodeiam.

Ajudando, ajudamo-nos.

Desservindo, desservimo-nos.

Por intermédio da sugestão espontânea, plantamos os reflexos de nossa individualidade, colhendo-lhes os efeitos nas individualidades alheias, como semeamos e obtemos no mundo o cânhamo e o trigo, a cenoura e a batata.

Somos, assim, responsáveis pela nossa ligação com as forças construtivas do bem ou com as forças perturbadoras do mal.


Emmanuel










Irmã Scheilla - Livro Visão Nova - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 20 - Prece de amor



Irmã Scheilla - Livro Visão Nova - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 20


Prece de amor


Amado Jesus! Suplicando abençoes a nossa casa de fraternidade, esperamos por teu amparo, a fim de que saibamos colocar em ação o amor que nos deste.

Auxilia-nos a exercer a compaixão e o entendimento, ensinando-nos a esquecer o mal e a cultivar o bem, na paciência e na tolerância uns para com os outros.

Ajuda-nos a compreender e servir, para que a nossa fé não seja inútil.

Faze-nos aceitar na caridade o esquema de cada dia e induze-nos os braços ao trabalho edificante para que o nosso tempo não se torne vazio.

Sobretudo, Senhor, dá-nos humildade, a fim de que a humildade nos faça dóceis instrumentos nas tuas mãos.

E, agradecendo-te o privilégio do trabalho, em nosso templo de oração, louvamos a tua Infinita Bondade hoje e sempre.


Irmã Scheilla








segunda-feira, 12 de junho de 2023

Emmanuel - Livro Vinha de Luz - Chico Xavier - Cap. 48 - Cooperemos fielmente



Emmanuel - Livro Vinha de Luz - Chico Xavier - Cap. 48


Cooperemos fielmente


“Pois somos cooperadores de Deus.” — PAULO (1 Coríntios, 3.9)


O Pai é o Supremo Criador da Vida, mas o homem pode ser fiel cooperador d’Ele.

Deus visita a criatura pela própria criatura.

Almas cerradas sobre si mesmas declarar-se-ão incapazes de serviços nobres; afirmar-se-ão empobrecidas ou incompetentes.

Há companheiros que atingem o disparate de se proclamarem tão pecadores e tão maus que se sentem inabilitados a qualquer espécie de concurso sadio na obra cristã, como se os devedores e os ignorantes não necessitassem trabalhar na própria melhoria.

As portas da colaboração com o divino amor, porém, permanecem constantemente abertas e qualquer homem de mediana razão pode identificar a chamada para o serviço divino.

Cultivemos o bem, eliminando o mal.

Façamos luz onde a treva domine.

Conduzamos harmonia às zonas em discórdia.

Ajudemos a ignorância com o esclarecimento fraterno.

Seja o amor ao próximo nossa base essencial em toda construção no caminho evolutivo.

Até agora, temos sido pesados à economia da vida. Filhos perdulários, ante o Orçamento Divino, temos despendido preciosas energias em numerosas existências, desviando-as para o terreno escuro das retificações difíceis ou do cárcere expiatório.

Ao que nos parece, portanto, segundo os conhecimentos que possuímos, por “acréscimo de misericórdia”, já é tempo de cooperarmos fielmente com Deus, no desempenho de nossa tarefa humilde.


Emmanuel










Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Emmanuel - Livro Fonte Viva - Chico Xavier - Cap. 141 - Renova-te sempre



Emmanuel - Livro Fonte Viva - Chico Xavier - Cap. 141


Renova-te sempre


“Ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova, dia a dia.” — PAULO (2 Coríntios, 4.16)


Cada dia tem a sua lição. Cada experiência deixa o valor que lhe corresponde. Cada problema obedece a determinado objetivo.

Há criaturas que, torturadas por temores contraproducentes, proclamam a inconformação que as possui à frente da enfermidade ou da pobreza, da desilusão ou da velhice.

Não faltam, no quadro da luta cotidiana, os que fogem espetacularmente dos deveres que lhes cabem, procurando, na desistência do bom combate e no gradual acordo com a morte, a paz que não podem encontrar.

Lembra-te de que as civilizações se sucedem no mundo, há milhares de anos, e que os homens, por mais felizes e por mais poderosos, foram constrangidos à perda do veículo de carne para acerto de contas morais com a eternidade.

Ainda que a prova te pareça invencível ou que a dor se te afigure insuperável, não te retires da posição de lidador, em que a Providência Divina te colocou.

Recorda que amanhã o dia voltará ao teu campo de trabalho. Permanece firme, no teu setor de serviço, educando o pensamento na aceitação da Vontade de Deus.

A moléstia pode ser uma intimação transitória e salutar da Justiça Celeste.

A escassez de recursos terrestres é sempre um obstáculo educativo.

O desapontamento recebido com fervorosa coragem é trabalho de seleção do Senhor, em nosso benefício.

A senectude do corpo físico é fixação da sabedoria para a felicidade eterna.

Sê otimista e diligente no bem, entre a confiança e a alegria, porque, enquanto o envoltório de carne se corrompe pouco a pouco, a alma imperecível se renova, de momento a momento, para a vida imortal.


Emmanuel