segunda-feira, 30 de maio de 2022

Jules Morin - Revista Espírita - Allan Kardec - Ano III - Novembro de 1860 - Dissertações espíritas - Os órfãos



Jules Morin - Revista Espírita - Allan Kardec - Ano III - Novembro de 1860 - Dissertações espíritas

Os órfãos [1]


Meus irmãos, amai os órfãos. Se soubésseis quanto é triste ser só e abandonado, sobretudo em tenra idade! Deus permite que haja órfãos para nos induzir a lhes servir de pais. Que divina caridade ajudar uma pobre criaturinha abandonada, evitar que sofra fome e frio, dirigir sua alma, para que não se perca no vício! Quem estende a mão a uma criança abandonada é agradável a Deus, porque compreende e pratica a sua lei. Pensai ainda que muitas vezes a criança que socorreis vos tenha sido querida em outra vida, e se vos pudésseis lembrar, isto não seria caridade, mas dever. Assim, pois, meus amigos, todo ser sofredor é vosso irmão e tem direito à vossa caridade; não a essa caridade que fere o coração; não a essa esmola que queima a mão onde cai, porque os vossos óbolos são, por vezes, muito amargos. Quantas vezes elas seriam recusadas, se nas águas-furtadas não as esperassem a doença e a fome! Dai delicadamente, e juntai aos benefícios o mais precioso de todos: uma boa palavra, uma carícia, um sorriso amigo. Evitai esse tom de piedade e de proteção que revolve o ferro no coração que sangra e pensai que fazendo o bem, trabalhais por vós e pelos vossos.


Jules Morin
(Médium, Sra. Schmidt)
 

Observação: O Espírito que assina é completamente desconhecido. Podemos ver pela comunicação acima, e por muitas outras do mesmo gênero, que nem sempre é preciso um nome ilustre para obter belas coisas. É uma puerilidade prender-se ao nome. Deve-se aceitar o bem, de qualquer parte que venha. Aliás, o número de nomes ilustres é muito limitado; o dos Espíritos é infinito. Por que, pois, não os haveria também capazes entre os que não são conhecidos? Fazemos esta reflexão porque há pessoas que julgam nada poder obter de sublime, senão chamando celebridades. A experiência prova o contrário todos os dias, e nos mostra que podemos aprender alguma coisa com todos os Espíritos, se soubermos aproveitar as oportunidades.


Allan Kardec





[1] Em O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec inseriu esta mensagem como item 18 do Capítulo XIII. (Nota da eq. Revisora)


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