quarta-feira, 28 de julho de 2021

Manoel Philomeno de Miranda - Livro Amanhecer de Uma Nova Era - Divaldo P. Franco - Cap. 16 - Durante a grande transição planetária




Manoel Philomeno de Miranda - Livro Amanhecer de Uma Nova Era - Divaldo P. Franco - Cap. 16


Durante a grande transição planetária


No dia seguinte, pela manhã, nosso grupo reuniu-se à sombra de belo carvalho no parque da cidade, onde crianças brincavam assistidas por auxiliares domésticas, ao tempo em que pessoas apressadas atravessavam-no seguindo ao atendimento dos deveres e compromissos habituais. 

O Sol brilhava suavemente dourando com leveza a folhagem verde das árvores vetustas, osculando as miúdas flores e a grama bem-cuidada. 

Perfumes, nos braços da brisa, confraternizavam com as onomatopeias da Natureza em festa. 

Impregnados pelo amor do Poverello, não tínhamos coragem de quebrar a harmonia interior com quaisquer interrogações que nos fustigassem a mente. 

Nesse ambiente de orquestração das bênçãos ao ar livre, o querido mentor abarcou a paisagem humana em movimento com um doce olhar de ternura e de compaixão, considerando: 

— A população terrestre alcança a passos largos o expressivo número de sete bilhões de seres reencarnados simultaneamente, disputando a oportunidade da evolução...

Embora as grandes aquisições do conhecimento tecnológico e dos avanços da ciência na sua multiplicidade de áreas, nestes dias conturbados os valores transcendentes não têm recebido a necessária consideração dos estudiosos que se dedicam à análise e à promoção dos recursos humanos, vivendo mais preocupados com as técnicas do que com o comportamento moral, que é de suma importância. Por isso, a herança que se transfere para as gerações novas que ora habitam o planeta diz mais respeito à ganância, ao prazer dos sentidos físicos, à conquista de espaço de qualquer maneira, dando lugar à violência e à desordem...
 
O desprezo de muitos líderes e de incontáveis multiplicadores de opinião pelas religiões do passado e o fanatismo que vem sendo desenvolvido em torno do espiritualismo de ocasião, encarregado de amealhar recursos monetários para a existência e de favorecer com saúde aqueles que mais facilmente a possam comprar a soldo dos poderes endinheirados, têm dado lugar ao materialismo e ao utilitarismo em que as pessoas comprazem-se, distantes da solidariedade, da compaixão e do espírito fraternal, ante a dificuldade da real vivência do amor, conforme ensinado e vivido por Jesus.

Podemos dizer que se vive o período da extravagância e do gozo imediato, sem que sejam mensuradas as consequências perniciosas dessa conduta decorrentes.

Os indivíduos parecem anestesiados em relação aos tesouros da alma, com as exceções compreensíveis, e mesmo entre alguns daqueles que abraçam a revelação espírita, os conflitos de vária ordem permanecem na condição de mecanismos de defesa contra a abnegação e a entrega total ao Messias de Nazaré. 

Alguns indivíduos, que se consideram ousados e cépticos, não levam em consideração os acontecimentos que assolam o planeta, seja no que diz respeito às convulsões sísmicas, cada vez mais vigorosas e trágicas, seja no tocante às de natureza sociológica, econômico-financeira, psicológica, ético-moral aterrorizantes. Outros, mais tímidos, deixam-se seduzir por informações religiosas ortodoxas, amedrontados e inquietos ante a perspectiva do fim do mundo.

Estabelecem-se datas compulsórias com certa leviandade, como se um cataclismo cósmico devesse ocorrer, com um caráter punitivo à sociedade que se tem distanciado de Deus, numa espécie de absurda vingança... Ignorando a extensão do amor de Nosso Pai, esperam o desencadear da Sua ira em processo de punição extrema, como se a vida ficasse encerrada no fenômeno da morte física.

Felizmente, o fim do mundo de que falam as profecias refere-se àqueles de natureza moral, sem dúvida, com a ocorrência inevitável de sucessos trágicos, que arrebatarão comunidades, facultando a renovação social, que a ausência do amor não consegue lograr como seria de desejar... Esses fenômenos não se encontram programados para tal ou qual período, num fatalismo aterrador, mas para um largo período de transformações, adaptações, acontecimentos favoráveis à vigência da ordem e da solidariedade entre todos os seres.

É compreensível, portanto, que a ocorrência mais grave esteja, de certo modo, a depender do livre-arbítrio das próprias criaturas humanas, cuja conduta poderá apressar ou retardar, ou mesmo modificar, a sua constituição, suavizando-a ou agravando-a...

Com muita justeza alguém definiu o Universo como um grande pensamento, pois que tudo quanto nele existe vibra, reflete-se na sua estrutura, contribui para a sua preservação ou desordem.

Qualquer definição de período torna-se temerária, em razão dos acontecimentos de cada dia, responsáveis pelas funestas ocorrências.

Se as mentes humanas, ao invés do cultivo do egoísmo, da insensatez, da perversidade, emitirem ondas de bondade e de compaixão, de amor e de misericórdia, certamente alterar-se-ão os fenômenos programados para a grande mudança que já se vem operando.

As mais vigorosas convulsões planetárias tornam-se necessárias para que haja alteração para melhor no clima, na estabilidade relativa das grandes placas tectônicas, nas organizações sociais e comunitárias, com os recursos agrários e alimentícios naturais para manter no futuro as populações não mais esfaimadas nem miseráveis, como ocorre na atualidade...

Compreendendo-se a transitoriedade da experiência física, a psicosfera do planeta será muito diferente, porque as emissões do pensamento alterarão as faixas vibratórias atuais que contribuirão para a harmonia de todos, para o aproveitamento do tempo disponível, em preparação jubilosa para o enfrentamento da mudança que terá lugar para muitos mediante a desencarnação que os levará para outro campo da realidade.

O amor de Nosso Pai e a ternura de Jesus para com o Seu rebanho diminuirão a gravidade dos acontecimentos, mediante também a compaixão e a misericórdia, embora a severidade da lei de progresso.

Todos nos encontramos, desencarnados e encarnados, comprometidos com o programa da transição planetária para melhor. Por essa razão, todos devemos empenhar-nos no trabalho de transformação moral interior, envolvendo-nos em luz, de modo que nenhuma treva possa causar-nos transtorno ou levar-nos a dificultar a marcha da evolução.

Certamente, os espíritos ainda fixados nas paixões degradantes, em razão do seu primitivismo, sintonizarão com outras ondas vibratórias próprias a mundos inferiores, para eles transferindo-se por sintonia, onde se tornarão trabalhadores positivos pelos recursos que já possuem em relação a essas regiões mais atrasadas nas quais aprenderão as lições da humildade e do bem proceder. Tudo se encadeia nas leis divinas, nunca faltando recursos superiores para o desenvolvimento moral do espírito. Nesse imenso processo de transformação molecular até o instante da angelitude, há meios propiciatórios para o crescimento intelecto-moral, sem as graves injunções punitivas, nem os lamentáveis privilégios para alguns em detrimento dos outros.

Nesse sentido, as comunicações espirituais através da mediunidade representam uma valiosa contribuição aos viajantes carnais, por demonstrar-lhes a imortalidade, a justiça divina, os mecanismos de valorização da experiência na reencarnação e o imenso significado de cada momento existencial.

Ser-nos-á mais fácil estimulá-los ao aprendizado pelo amor do que através dos impositivos do sofrimento, convidando-os à reflexão e ao labor da caridade fraternal com que se enriquecerão, preparando-se para a libertação inevitável pela desencarnação, quando ocorrer.”

Tudo era uma festa de cor e luz, de burburinho e movimentação, quando o benfeitor calou-se por um momento. 

A seguir, deu continuidade à dissertação oportuna:

- Louvar e agradecer ao Senhor do Universo pela glória da vida que nos é concedida e suplicar-Lhe auxílio para sermos fiéis aos postulados do pensamento de Jesus, nosso Mestre e Guia, constituem deveres nossos em todos os momentos.

Desse modo, os médiuns devotados, os divulgadores do bem em todas as esferas sociais, experimentarão o aguilhão da dificuldade, sofrerão o apodo e a incompreensão desenfreada que tem sido preservados pela invigilância.

Não seja de surpreender que os melhores sentimentos de todos aqueles que porfiam com Jesus sejam deturpados e transformados em instrumento de aflição para eles próprios.

O amor, quando autêntico, dá testemunho da sua fidelidade. Nos dias atuais, os cristãos legítimos ainda constituem reduzido grupo, fazendo lembrar o período das rudes provações durante os três primeiros séculos de divulgação da mensagem de Jesus no Império Romano.

Todos serão chamados aos sacrifícios, de alguma forma, a fim de demonstrarem a excelência dos conteúdos evangélicos, considerando-se, por um lado, as injunções pessoais que exigem reparação e a fidelidade que pede confirmação pelo exemplo. Que se não estranhem as dificuldades que se apresentam inesperadamente, causando, não poucas vezes, surpresa e angústia.

Toda adesão ao bem produz uma reação equivalente,  faz superada pelo espírito de abnegação.

Todos admiramos e emocionamo-nos quando tomamos conhecimento da grandeza dos mártires do passado, nada obstante, quando convocados ao prosseguimento do testemunho, nem sempre nos comportamos como seria de desejar. Por isso, o refugio da oração apresenta-se como o lugar seguro para reabastecer as forças e prosseguir com alegria.

As entidades que se comprazem na volúpia da vampirização das energias dos encarnados distraídos e insensatos, voltam-se, naturalmente, contra os emissários de Jesus onde se encontrem, gerando conflitos em sua volta e agredindo-os com ferocidade. Ao invés da tristeza e do desencanto que sempre tomam o lutador, ele deve voltar-se para a alegria do serviço, agradecendo aos Céus a oportunidade autoiluminativa, sem que nisso ocorra qualquer expressão de masoquismo.

Sem dúvida, numa fase de grandes mudanças, conforme vem sucedendo, as dores sempre se apresentam mais expressivas e volumosas, porque os velhos hábitos devem ceder lugar às novas injunções do progresso. É natural, portanto, que as forças geradoras da anarquia e do desar, sentindo-se combatidas em todas as fronteiras, invistam com os mecanismos de que dispõem, buscando manter as condições em que se expressam. É compreensível, portanto, que todos aqueles que se devotam aos valores humanos que dignificam, sejam considerados inimigos que devem ser combatidos.

Desse modo, constitui-nos uma honra qualquer sofrimento por amor ao ideal da verdade, à construção do mundo novo.

Que o discernimento superior possa assinalar-nos a todos, e que os mais valiosos recursos que se possuam, sejam colocados à disposição do Senhor da Vinha que segue à frente. 

Após um silêncio oportuno, concluiu: 

- Novas atividades aguardam-nos. Sigamos!

Sob o comando do nosso abnegado mentor, dirigimo-nos a uma região encantadora, adornada por imensa praia de areia alvinitente, na qual as sucessivas ondas do oceano tranquilo arrebentavam-se em espumas brancas... 

A regular distância vimos uma bela e colossal construção fluídica, quase uma cidade espiritual, que apresentava expressiva movimentação de entidades laboriosas. 

Luminosidade peculiar exteriorizava-se das edificações, denotando a excelência das atividades que ali se realizavam, enquanto uma projeção de especial claridade envolvia-a delimitando os seus contornos, o que constituía impedimento a qualquer tipo de invasão por seres inferiores.

Percebendo-nos a estranheza e o encantamento que nos tomou conta a todos que o acompanhávamos, o nobre guia esclareceu: 

— Trata-se de uma comunidade reservada à preparação dos nossos irmãos de Alcíone que se candidatam à reencarnação na Terra. 

Por eleição geral é denominada Santuário da Esperança, pois que, de algumas delas, têm partido os construtores da Era Nova para os cometimentos em nosso formoso planeta, enquanto os demais missionários que retornam do passado, virão diretamente, deixando os seus redutos de iluminação onde ora se encontram, para o mergulho direto no mundo celular... 

Em face do estágio vibratório da Esfera de onde procedem, os irmãos da esperança necessitam de algumas adaptações perispirituais compatíveis com os impositivos terrestres, assim como de adaptação à psicosfera do novo temporário domicílio...

Esses santuários vêm sendo construídos desde o fim do século passado, quando começaram a hospedar nossos generosos amigos benfeitores, em muitos países do nosso querido orbe. 

Considerando-se que os missionários estarão reencarnando-se nas mais diversas áreas do conhecimento, assim como nos mais variados segmentos da sociedade, os que vêm de fora do nosso sistema passam por uma fase de adaptação perispiritual necessária ao êxito do ministério que irão desempenhar. 

Submetem-se a experimentos especiais, de modo que a sua adaptação ao novo corpo, que deverão modelar, seja menos penosa. Isto porque, vivendo em uma Esfera onde as dores e enfermidades físicas já não vigem, na condição de procedimentos depuradores, torna-se-lhes indispensável condensar no períspirito energias próprias à habitabilidade terrestre. 

Esse voluntariado por amor é também sacrificial, porque é muito mais gratificante a ascensão aos planos superiores da vida, enquanto que a descida às furnas provacionais constitui verdadeiro desafio.

Mediante essa reflexão, pode-se ter uma ideia, pálida embora, do que significou o mergulho de Jesus nas densas trevas e pesadas energias do nosso planeta, quando nos veio ensinar os sublimes processos do amor e da elevação. Como consequência, Ele sempre reservou períodos constantes do Seu tempo para manter a sintonia com o Pai, a fim de orar e meditar, fosse no deserto ou na movimentação urbana com os companheiros, mantendo silêncios significativos e preciosos para a continuidade da Sua incomparável missão. 

Silenciou, por um momento, ante o nosso espanto. 

Confesso que, pessoalmente, ignorava a existência dessas nobres Comunidades que se encontravam espalhadas no planeta querido, servindo de laboratórios especiais para a reencarnação dos visitantes abnegados. 

Muito lógico, porém, refleti, ao tomar conhecimento da sua realidade, porquanto, nós outros, os terrestres, a fim de descermos ao mundo das águas necessitamos de equipamentos próprios, tanto quanto ao sairmos da área de oxigênio que circunda o planeta, qual ocorre com os astronautas...

A mente começou a gerar interrogações e uma grande curiosidade em relação ao aprendizado que poderíamos fruir, a partir daquele em que nos era permitido visitar aquele núcleo abençoado de preparação especial. 

— O processo de transição — continuou o mentor — apresenta-se, há um bom tempo, com fases específicas: as ocorrências sísmicas, que são de todos os períodos, agora, porém, mais aceleradas, os sofrimentos morais decorrentes das conjunturas enfermiças geradas pelas próprias criaturas humanas, em razão de haverem optado pelos roteiros mais difíceis, as enfermidades dilaceradoras que encontram campo de expansão naqueles que se encontram receptivos, as dores coletivas resultantes dos interesses subalternos dos déspotas, dos ambiciosos, dos que se fazem verdugos da Humanidade, assessorados por outros semelhantes que os mantêm na condição infeliz... 

(...) E outros processos igualmente afligentes, convidando todas as criaturas a reflexões em torno das mudanças que se estão operando e que prosseguirão com mais severidade. 

E natural que o Senhor Jesus haja providenciado o retorno dos Seus mensageiros que assinalaram suas épocas com as características de amor e sabedoria, de modo que impulsionaram o progresso da Humanidade até este momento culminante, agora necessários para o grande enfrentamento com as heranças enfermiças que permanecem na psicosfera do planeta, em razão da condição primária de alguns dos seus habitantes.

Concomitantemente, torna-se indispensável a presença de missionários de outra dimensão que, ao lado desses, conseguirão vencer as urdiduras e programações dos desastres morais, modificando a estrutura moral do globo, que irá ascendendo a situação mais própria a mundo de regeneração. 

Visitemos, agora, esse santuário de atividades abençoadas, em favor do futuro da humanidade terrestre.

A minha imaginação não teria concebido uma cidade ajardinada e bela quanto a que ora visitávamos. 

Havia no ar um suave perfume carregado levemente pela brisa do dia. 

Uma luminosidade peculiar que não era originada na irradiação solar, banhava toda a extensão alcançada pelos olhos. 

A movimentação era expressiva, correspondendo a de uma cidade terrestre de médio porte. 

Edifícios de grandes dimensões, porém, não muito altos, multiplicavam-se, encantando com as suas formas originais toda a paisagem urbana, adornada de jardins com árvores que eu desconhecia, enquanto veículos algo diversos dos nossos, flutuavam acima do solo em movimentação equilibrada, sem exageros de velocidade. Aves canoras de belíssima plumagem, vez que outra, cortavam o ar embelezando a Natureza, em si mesma rica de imagens coloridas. 

No pórtico de entrada, aguardava-nos um espírito nobre que nos recebeu com jovialidade e ternura. 

O mentor, sem articular palavra oral, apresentou-nos o pequeno grupo e pudemos perceber o pensamento do recepcionista, saudando-nos afavelmente. 

Eu me encontrava, sinceramente, deslumbrado com as ocorrências que se sucediam em um caleidoscópio de rara beleza. 

Era a primeira vez que nos acontecia algo semelhante. Pensando, sem muito esforço, os sons que seriam emitidos partiam da mente em modulações internas que eram captadas por todos nós. 

Muitas vezes, na Terra, perguntava-me como seriam as comunicações nas Esferas superiores da vida, e agora podia vivenciar a experiência encantadora. 

Conforme me referi, oportunamente, em outra obra, os espíritos apresentavam-se com as mesmas características terrestres, sem qualquer forma de exotismo ou de cor estranha, um pouco mais delgados e de estatura regular, correspondente a um metro e oitenta, mais ou menos, com harmonia da forma e beleza incomum, irradiando simpatia envolvente. 

Conduziu-nos por larga e bem-desenhada avenida entre construções quadrangulares de material fluídico que permitia ver-se o interior de algumas, enquanto outras faziam recordar algumas universidades americanas cujos edifícios espalhavam-se pelo campus a perder de vista. 

Caminhamos aprazivelmente por uma distância de pouco mais de cem metros e fomos conduzidos a um grandioso prédio de três pisos, cuja entrada ampla e muito bem-equipada de aparelhos que apresentavam algumas das suas salas, ascendemos ao segundo andar, onde fomos recepcionados por um grupo simpático de estudiosos, conforme identifiquei depois, da área do períspirito. 

O nosso acompanhante apresentou-nos ao responsável pelo centro de pesquisas, informando que éramos um dos muitos grupos encarregados de divulgar a presença dos trabalhadores de Alcíone no futuro do planeta terrestre.

Com especial deferência ao nosso mentor e bondade para conosco, o diretor da área explicou a necessidade da adaptação dos visitantes de outra dimensão às condições planetárias em que deveriam operar.

Conduzindo-nos a outra sala, pudemos observar que um número expressivo de espíritos encontrava-se sob forte jato de energia luminosa em concentração profunda. Naquele estado, concentrados nos objetivos que os traziam à Terra, desdobravam as características de expansibilidade perispiritual, neles quase que absorvidas pelo espírito, a fim de poderem plasmar as necessidades típicas do veículo carnal de que se revestiriam quando no ministério reencarnatório. 

À medida que os espíritos progridem, as funções do corpo intermediário são absorvidas lentamente pelo ser imortal, em face da desnecessidade de construir corpos com os sinais do processo evolutivo, corrompidos, degenerados, limitados... Atingindo uma faixa mais elevada, o ser espiritual proporciona o renascimento por meio de automatismo, tendo como modelo a forma saudável e bela, cada vez mais sutil e nobre até alcançar o estado de plenitude, o reino dos Céus interior... 

Aquela operação delicada de remodelagem perispiritual facultava ao espírito o retorno psíquico ao período em que as reencarnações eram-lhe penosas, e, portanto, imprimiam nos tecidos delicados da sua estrutura as necessidades evolutivas. 

Era grande o número de cooperadores do processo de recuperação perispiritual nos moldes terrenos, e enquanto isso ocorria, aparelhos delicados acoplados à cabeça, transmitiam acontecimentos planetários do nosso orbe, a fim de que se acostumassem com as ocorrências do cotidiano, objetivando facilitar-lhes o trânsito com os demais membros da grande família humana em que se localizariam. 

Todas essas informações eram-nos transmitidas mentalmente, em formoso processo de telepatia, como acontecia, às vezes, em determinadas intervenções de trabalhos espirituais, que nos permitiam captar o pensamento dos mentores e até as ocorrências que tiveram lugar na existência dos pacientes. 

A sensação de harmonia nesse intercâmbio comovia-nos, elucidava-nos muito mais do que por meio das palavras. 

Desapareciam quaisquer dúvidas, porquanto, ao reflexionar, à medida que tomávamos conhecimento das informações, automaticamente recebíamos também o esclarecimento, sem necessidade de interrogação. 

Dr. Bezerra, que certamente estava familiarizado com todo aquele trabalho, havendo sido o intermediário para conduzir-nos àquele centro de realizações, exteriorizava ondas de bem-estar e de alegria, igualmente falando-nos da Terra do amanhã, quando as dores batessem em retirada e as criaturas, voltadas para o bem, pudessem fruir as dádivas da harmonia. 

Por aproximadamente duas horas estivemos sendo instruídos pelo nobre cientista, anunciando-se o momento do nosso retorno.

O amado benfeitor agradeceu em nome de todos nós a deferência dos bondosos amigos e fomos conduzidos de volta ao pórtico de entrada da fascinante cidade da esperança, despedindo-nos jubilosamente. 

Foi, nesse ínterim, enquanto retornávamos ao nosso núcleo de apoio, que o venerável benfeitor nos explicou que as construções, à semelhança do que ocorreu quando da edificação da torre de vigia no Amor e Caridade, haviam sido programadas e executadas por engenheiros de Alcíone que, antes da chegada dos que se deveriam reencarnar, criaram os pousos onde ficariam preparando-se, para depois poderem transitar na psicosfera terrestre, comunicando-se mediunicamente e participando dos labores espirituais... 

Verdadeiras vias de comunicação entre a bela estrela e a Terra haviam sido abertas, vencendo as colossais distâncias, a fim de que o intercâmbio se fizesse com segurança, utilizando-se recursos específicos de volição...


Manoel Philomeno de Miranda






ÁUDIO: 

16- Durante a grande transição planetária
Leila de Lima





“Todos nos encontramos, desencarnados e encarnados, comprometidos com o programa da transição planetária para melhor. Por essa razão, todos devemos empenhar-nos no trabalho de transformação moral interior, envolvendo-nos em luz, de modo que nenhuma treva possa causar-nos transtorno ou levar-nos a dificultar a marcha da evolução.”


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