sexta-feira, 9 de abril de 2021

Allan Kardec - Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos - Fevereiro, 1860 - Comunicações espontâneas - Conselho de família




Allan Kardec - Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos - Fevereiro, 1860 - Comunicações espontâneas


Conselho de família


Meus caros filhos, em minhas instruções precedentes aconselhei-vos a calma e a coragem; contudo, nem todos as mostrais tanto quanto deveríeis. Pensai que o lamento não acalma a dor. Ao contrário, ele tende a aumentá-la. Um bom conselho, uma boa palavra, um sorriso, um simples gesto, dão força e coragem. Uma lágrima amolece o coração, em vez de endurecê-lo. Chorai, se o coração a isto vos impele, mas que seja nos momentos de solidão, e não em presença dos que necessitam de toda a sua força ou energia que uma lágrima ou um suspiro podem diminuir e enfraquecer. Todos necessitamos de encorajamento, e nada mais próprio a nos encorajar do que uma voz amiga, um olhar benevolente, uma palavra vinda do coração. Quando vos aconselhei a vos reunirdes, não foi para que reunísseis vossas lágrimas e amarguras; não foi para vos incitar à prece, que apenas prova uma boa intenção, mas foi sim para que unísseis os vossos pensamentos, vossos esforços mútuos e coletivos; para que mutuamente vos désseis bons conselhos e para que em comum procurásseis, não o meio de vos entristecerdes, mas o caminho a seguir para vencerdes os obstáculos que se vos apresentam. Em vão um infeliz que não tem pão se prostrará para rogar a Deus a subsistência que não cairá do céu. Que ele trabalhe e, por pouco que obtenha, isto lhe valerá mais do que todas as suas preces. A prece mais agradável a Deus é o trabalho útil, seja qual for. Eu o repito: a prece apenas prova uma boa intenção, um bom sentimento, mas só produz um efeito moral, porque é toda moral. A prece é excelente como um consolo da alma, porque a alma que ora sinceramente nela encontra alívio para as dores morais.

Fora destes efeitos e dos que decorrem da prece, como vos expliquei em outras instruções, nada espereis, pois sereis iludidos em vossa esperança.

Segui pois exatamente os meus conselhos. Não vos contenteis em pedir a Deus que vos ajude. Ajudai-vos vós mesmos, pois assim provareis a sinceridade de vossa prece. Seria muito cômodo, na verdade, que bastasse pedir uma coisa nas preces para que ela vos fosse concedida. Seria o maior incentivo à preguiça e à negligência das boas ações. A respeito, eu poderia estender-me ainda mais, mas seria muito para vós. Vosso estado de adiantamento ainda não o comporta. Meditai sobre esta instrução, como sobre as precedentes, pois são de natureza a ocupar longamente os vossos espíritos. Elas contêm em germe tudo quanto vos será desvendado no futuro. Segui meus conselhos anteriores.


Allan Kardec






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