segunda-feira, 20 de abril de 2020

Miramez - Livro Francisco de Assis - João Nunes Maia - Cap. 1 - O Apóstolo João, Pág. 35/36




Miramez - Livro Francisco de Assis - João Nunes Maia - Cap. 1 - O Apóstolo João, Pág. 35/36





Não deixemos que os pensamentos se desprenda, dos lábios, sem que antes tenham sido analisados, para que o escândalo não se processe por nós e perturbe os outros. E indispensável que imitemos os santos, que imitaram o Cristo, que imitou a Deus. A cobiça nos engana e a transitoriedade da falsa virtude nos esmorece diante da vida. Toda aquisição duradoura requer tempo e o tempo busca espaço e este apura as coisas para que elas sejam permanentes.

Meus filhos, abandonemos as trevas que escurecem os nossos sentimentos, que esmorecem a razão, que incentivam a tristeza. Basta pensarmos na máxima divina - "Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará!" - para sermos ajudados a entender a nossa missão. Não é preciso que tudo abandonemos para seguir o Cristo; isto seria sairmos de um extremo para o outro e ficarmos do mesmo modo que antes. Sensato é que usemos tudo com nobreza de sentimentos, tendo o Mestre como filtro, a fim de que tudo nos chegue com pureza e dignidade. Quantos maridos nos ouvem e quantas damas nos assistem, filhos, servos e senhores? A todos aconselhamos que amem uns aos outros como Jesus nos amou, ou que, pelo menos, tentem, sem interrupção, fazer isso em nome da Paz. Esta é a maior armadura que nos protege contra qualquer investida da ignorância. Ou de inimigos que queiram se apossar de nós, procedentes do exterior, ou oriundos do coração.

Pai Francisco, todo iluminado e sorridente, levantou a destra, abençoando a todos no mais profundo gesto de amor. Relanceou os olhos úmidos, e num rápido manejo do olhar, percebeu quantos irmãos ali estavam bebendo as suas palavras, guardando-as como relíquias de um novo círculo de grandezas espirituais, sob a égide do Príncipe da Paz. Pôs as suas mãos enrugadas, mas ágeis, no tosco banco, para levantar-se, e, com grande espanto, percebeu que o Mestre lhe ofertava ajuda, como acontecera com Ele na subida ao Calvário. De fato, Pai Francisco carregava pesada cruz, fardo já bastante incômodo, que era o seu corpo. Cresceu a sua alegria e, caminhando, sentiu o Cristo tomando-lhe as mãos e ocupando a sua mente. Desconhecia ainda a vontade de Deus naquela noite, mas esta logo se fez entender.

A figura respeitável do venerando senhor de Patmos passou pela multidão foi em busca dos enfermos que se comprimiam em tomo do templo de Éfeso. Seus discípulos o acompanhavam sem coragem de tocá-lo. Queriam expressar suas presenças, mas sem querer, se misturaram a todos os efésios e beberam a água divina que fluía naquela noite. Leve perfume se fazia sentir na grande extensão por onde Pai Francisco passava. Falanges de Espíritos puros operavam entre a multidão pelo comando do Senhor, restabelecendo corpos, aliviando mentes desequilibradas e afastando Espíritos imundos das criaturas sofredoras. Ouviam-se vozes abafadas agradecendo a Deus pelas curas... Outros largavam de repente, as suas muletas. Crianças eram suspensas no ar, em agradecimento. Pai Francisco, compassadamente, tomado pelo Divino Amigo, tocava pelas pontas dos dedos os enfermos e os curava instantaneamente.

A noite correu sem que ninguém percebesse. O canto dos pássaros anunciava o amanhecer de novo dia. Os discípulos do apóstolo avançaram para protegê-lo e suspenderam-no diante da multidão, carregando-o sem qualquer reação sua. O povo aumentava na igreja de Éfeso e a notícia corria como a luz...

Pai Francisco, já em casa, foi cercado de todos os cuidados possíveis. Levaram-lhe todos os tipos de alimentos e sucos, mas a tudo ele recusava. Os discípulos conheciam a grandeza do seu mestre, pela vida que levava e pelo Amor que vivenciava. No entanto, nunca pensaram que poderia chegar a tanto a sua grandeza. A igreja de Éfeso foi visitada por toda a população, que ainda respirava as fragrâncias celestiais, impregnadas no ambiente pelos benfeitores da eternidade e pela presença do maior Espírito que aquela terra conheceu, lhe servindo de berço, por misericórdia de Deus




Miramez





Fonte: Francisco de Assis (psicografia João Nunes Maia - espirito Miramez).pdf

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