quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Miramez - Livro Médiuns - João Nunes Maia - Pág. 75 - O médium perante os outros médiuns



Miramez - Livro Médiuns - João Nunes Maia - Pág. 75


O médium perante os outros médiuns


"Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expelia demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não seguia connosco". Marcos 9:38


Não proibais os que estão fazendo o bem, mesmo que pertençam a escolas diferentes da vossa. O amor não está e não fica preso às condições humanas; é agente divino, na divina missão de universalizar as criaturas. Quem combate os outros por não comungar com as ideias que esposam é aquele cego, tanto lembrado no Evangelho, que, se guia alguém, ambos estão sujeitos a cair nos despenhadeiros que a imprudência prepara.

Vejamos a resposta dada pelo Cristo, anotada por Marcos e Lucas, quando alguém cura, em seu nome, sem ser conhecido pelo colégio apostolar do Mestre; "Mas Jesus respondeu: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e logo a seguir possa falar mal de mim". E acrescenta: "Pois quem não é contra nós, é por nós". O médium evangelizado, ou que se esforça para tal, é considerado um discípulo do Cristo. E se porventura observa outros médiuns trabalhando em favor das criaturas, por amor aos semelhantes, não os impede. Se o modo pelo qual entendem o Evangelho difere do seu, e estão fazendo o bem, não se preocupa, que eles são filhos de Deus e discípulos do Mestre da mesma maneira que ele, que, se insiste em combater essas criaturas, é porque fala de Jesus, rotula-se como discípulo, mas não passa de fanático, cego e surdo à presença e à palavra do próprio Cristo. E se a luta é entre os dois lados disputando a verdade, o caso fica mais sério; o desconhecimento de ambos é notório, no que concerne às coisas do Cristo, o qual trabalha, sem que eles saibam, para acordá-los.

Meus filhos, fugi de proibições sem proveito, procurai entender a mensagem que o Evangelho nos oferece e, em silêncio, multiplicai os vossos valores; ajudai sem que a exigência desfigure a vossa bondade, e amai sem que a troca premeditada desvalorize o vosso amor.

Quase todos os médiuns, por vaidade, alimentam a presunção de que somente eles são os verdadeiros instrumentos dos espíritos superiores, e que os outros são falsos profetas, espalhados sem conta pelo mundo inteiro. Os mais educados não chegam a falar de boca própria, porém, alimentam quem o diz, quando não instigam para que alguém espalhe essa insânia. Deixam passar despercebido o conselho basilar da Boa Nova do Divino Amigo, quando retrata, com sabedoria; "Não façais aos outros aquilo que não quereis para vós mesmos". É o antigo problema de um querer ser maior que o outro, esquecendo-se do assunto vivo nos bastidores do Cristianismo nascente, quando Jesus ensina outro método mais excelente de ser maior. Se a intenção é a grandeza, que seja, o pretendente, o menor de todos, e alcançará a condição de Mestre.

O procedimento de um médium perante outros médiuns deve ser silenciar quanto aos defeitos alheios. Se for da sua natureza o combate, que combata os que erram, mas pelo exemplo, sem que a sua palavra, ou notícias do que diz, fira a quem ainda não conseguiu perdoar. Procure ele ajudar, pelos meios possíveis, que a caridade ilustra e incentiva, e avance, usando os seus dons para iluminar quem quer que seja. E se alguém estiver fazendo o bem fora dos seus moldes, não o perturbe. Abençoe-o, ore por ele, porque o Cristo e Deus são os mesmos para todos os espíritos e, se somos todos irmãos uns dos outros, a herança divina é como os raios do sol ofertados a tudo e a todos da criação universal.

Teria o que combate pensado que, se a vida lhe desse poderes para acabar com todos os outros médiuns, e ficasse ele sozinho no mundo, quem iria acreditar nele? Como poderia o Evangelho se espalhar entre as nações e criaturas, sem o poder extraordinário dos dons mediúnicos? Pense ele nisso, e em outras coisas que se seguem a esse raciocínio, que começará a ajudar a todos os médiuns, e a análise lhe mostrará que tudo está certo, e que Jesus é verdadeiramente um Mestre, pois, para todos tem uma palavra de esperança e afeto que esplende até a luz de Deus. E não faça o que o apóstolo João fez com alguns discípulos, retratado neste versículo:

"Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expelia demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não seguia connosco".


Miramez





Fonte: Médiuns -pdf

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