sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Batuíra - Livro Mais Luz - Chico Xavier - Cap. 9 - O segredo do trabalho



Batuíra - Livro Mais Luz - Chico Xavier - Cap. 9


O segredo do trabalho


Coloque o trabalhador as mãos no arado para a lavoura do bem e o Senhor, por Seus Emissários, fará o resto, abençoando a colheita farta.

O Serviço possui idioma próprio, e através do serviço o devotamento de cada seareiro está conversando com todos os irmãos da Humanidade.

Nesse bendito segredo da fala silenciosa que o trabalho desenvolve, pelos veículos do exemplo, as grandes realizações se efetuam com o auxílio do Alto.


Batuíra










André Luiz - Livro Sinal Verde - Chico Xavier - Cap. 26 - Em torno da felicidade



André Luiz - Livro Sinal Verde - Chico Xavier - Cap. 26


Em torno da felicidade


Em matéria de felicidade convém não esquecer que nos transformamos sempre naquilo que amamos.

Quem se aceita como é, doando de si à vida o melhor que tem, caminha mais facilmente para ser feliz como espera ser.

A nossa felicidade será naturalmente proporcional em relação à felicidade que fizermos para os outros.

A alegria do próximo começa muitas vezes no sorriso que você lhe queira dar.

A felicidade pode exibir-se, passear, falar e comunicar-se na vida externa, mas reside com endereço exato na consciência tranquila.

Se você aspira a ser feliz e traz ainda consigo determinados complexos de culpa, comece a desejar a própria libertação, abraçando no trabalho em favor dos semelhantes o processo de reparação desse ou daquele dano que você haja causado em prejuízo de alguém.

Estude a si mesmo, observando que o autoconhecimento traz humildade e sem humildade é impossível ser feliz.

Amor é a força da vida e trabalho vinculado ao amor é a usina geradora da felicidade.

Se você parar de se lamentar, notará que a felicidade está chamando o seu coração para vida nova.

Quando o céu estiver em cinza, a derramar-se em chuva, medite na colheita farta que chegará do campo e na beleza das flores que surgirão no jardim.


André Luiz








Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

André Luiz - Livro Libertação - Chico Xavier - Cap. 3 - Entendimento



André Luiz - Livro Libertação - Chico Xavier - Cap. 3


Entendimento


O zimbório estrelado, aos raios liriais da Lua, espalhava em torno vibrações de beleza inexprimível, semeando esperança, alegria e consolo.

Informado quanto aos objetivos que nos conduziriam à Crosta, com escalas por uma colônia purgatorial de vasta expressão, vali-me da hora amena para aproveitar a convivência com o Instrutor, tentando arrancar-lhe observações que vinham sempre revestidas de preciosos ensinamentos.

— É admirável pensar, — aventurei respeitosamente, — que se formam verdadeiras expedições em nossa Esfera para atender a simples caso de obsessão…

— Os homens encarnados, — redarguiu o orientador com certa vaguidade no olhar, qual se trouxesse a alma presa a imagens fugidias do pretérito, — não suspeitam a extensão dos cuidados que despertam em nossos Círculos de ação. 

Somos todos, eles e nós, corações imantados uns aos outros, na forja de benditas experiências. No romance evolutivo e redentor da Humanidade, cada Espírito possui capítulo especial. Ternos e ríspidos laços de amor e ódio, simpatia e repulsão, acorrentam-nos reciprocamente. 

As almas corporificadas na Crosta guardam-se em passageiro sono, com esquecimento temporário quanto às atividades pregressas. Banham-se no Estige dos antigos, cujas águas lhes facultam, durante certo tempo, valiosa segurança para retorno a oportunidades de elevação, todavia, enquanto se mergulham em olvido benéfico, demoramo-nos, por nossa vez, em abençoada vigília. 

Os perigos que nos ameaçam os entes amados de agora ou de épocas que o tempo consumiu, desde muito, não nos deixam impassíveis. Os homens não se acham sozinhos na estreita senda de provas salutares em que se confinam. A responsabilidade pelo aperfeiçoamento do mundo compete-nos a todos.

— Esclarecido, com respeito à jovem senhora que nos cabia socorrer, aduzi, reverente:

— A enferma, a cuja assistência fomos admitidos, está por exemplo em vosso passado espiritual…

— Sim, — confirmou Gúbio, humilde, — mas não fui designado para servir no caso de Margarida, a doente que nos compele à breve expedição do momento, apenas porque houvesse sido minha filha em eras recuadas. 

Em cada problema de socorro, é imprescindível considerar as várias partes em jogo. Em virtude do enigma de obsessão que nos propomos resolver, somos constrangidos a buscar todas as personalidades que compõem o quadro de serviço. 

Perseguidores e perseguidos entrelaçam-se, em cada processo de auxílio, em grande expressão numérica. Cada Espírito é um elo importante em extensa região da corrente humana. 

Quanto mais crescemos em conhecimentos e aptidões, amor e autoridade, maior é o âmbito de nossas ligações na esfera geral. Almas existem que se veem sob o interesse de milhões de outras almas. 

Enquanto os movimentos da vida se estendem, harmoniosos, sob os ascendentes do bem, as dificuldades não chegam a surgir; contudo, quando a perturbação se estabelece, não é fácil desfazer obstáculos, porque, em tais circunstâncias, é indispensável procedamos com absoluta imparcialidade, dando a cada um quanto lhe caiba. 

O homem terrestre, mormente nos dias tormentosos, costuma ver somente o “seu lado”, mas, acima da justiça comum, propriamente considerada, outros tribunais mais altos funcionam… 

Em razão disso, todos os casos de desarmonia espiritual na Terra movem aqui extensa rede de servidores que passam a tratá-los, sem inclinações pessoais, em bases do amor que Jesus exemplificou e, nessas ocasiões, preparamo-nos a satisfazer todos os imperativos de trabalho salvacionista que a tarefa nos imponha ou proporcione, dentro das atividades que lhe são conexas.

A essa altura da instrutiva conversação, chegamos a gracioso templo.

Nesse doce recanto consagrado à materialização de entidades sublimes, a luz suave da noite calma como que se fazia mais bela.

As vibrações constantes das preces, aí emitidas por vários séculos, tinham criado em torno da edificação prodigioso clima de encantamento.

Melodia celeste derramava-se à surdina e as flores delicadas do átrio pareciam corresponder aos sons cristalinos, variando no brilho e na cor, quase que imperceptivelmente.

Eu trazia o coração opresso, como se a felicidade das últimas horas, em que ouvira tão confortadoras e tão graves reflexões atinentes à extensão do mundo e da vida, me aproximasse a insignificância pessoal da grandeza divina, e lágrimas tranquilas inundaram-me o rosto.

O Instrutor tomou-nos a frente e, juntos, penetramos o jardim que circundava o aprazível santuário.

Alguns irmãos adiantaram-se, acolhedores.

Um deles, o Instrutor Gama, que se encarregava dos serviços da casa, abraçou-nos e disse com bondade:

— Chegam no momento preciso. Os doadores de fluidos sublimados encontram-se a postos e a outra comissão já veio.

Entramos sem detença.

Soube, de imediato, que outro grupo, constituído, aliás, por duas irmãs, ali se achava com o objetivo de receber instruções de serviço para Esferas mais baixas.

Cariciosa claridade azul-brilhante banhava o largo recinto, adornado de flores níveas, semelhantes aos lírios que conhecemos na Terra.

Não houve tempo para conversações prévias.

Em seguida a saudações ligeiras e cordiais, foi composto o conjunto de oração.

Os doadores de energia radiante, médiuns de materialização em nosso Plano, se alinhavam, não longe, em número de vinte.

Comovedora partitura soou, argentina e leve, em aposento próximo, predispondo-nos à meditação de ordem superior.

E logo após a prece, formosa e espontânea, pronunciada pelo responsável mais altamente categorizado na instituição, eis que a tribuna doméstica se ilumina. Esbranquiçada nuvem de substância leitosa-brilhante adensa-se em derredor e, pouco a pouco, desse bloco de neve translúcida, emerge a figura viva e respeitável de veneranda mulher. 

Indizível serenidade caracteriza-lhe o olhar simpático e o porte de madona antiga, repentinamente trazida à nossa frente. Cumprimenta-nos com um gesto de bênção, como que nos endereçando, a todos, os raios da luz esmeraldina que em forma de auréola lhe exornam a cabeça.

As duas moças que formavam a comissão de serviços, estranha à nossa, avançaram com lágrimas discretas e rojaram-se, genuflexas.

— Mãe querida, — clamou uma delas, com tal inflexão de voz que nos cortava as fibras mais íntimas, — ajuda-me a falar-te! A saudade longamente reprimida é um fogo que consome o coração. Auxilia-me! Não me deixes perder este doce e divino minuto!

Apesar dos soluços de emoção que lhe vibravam no peito, continuou:

— Abençoa-nos para a grande jornada!… Há muito tempo aguardamos esta hora breve de reencontro contigo… Perdoa-nos, mãezinha, se insistimos tanto na rogativa… Contudo, sem tua proteção amorosa, como vencer nos turbilhões do abismo?

Desejando talvez justificar-se, ante os olhos maternos, acrescentava em pranto:

— De conformidade com as tuas amadas recomendações, além de nossas tarefas habituais na zona de serviço em que a tua bondade nos situou, temos velado pelo paizinho, mergulhado nas sombras; todavia, há seis anos buscamo-lo embalde… Escapa-nos à influência renovadora e se compraz na companhia de entidades que, por onde passam, vampirizam as criaturas. Não nos recebe a atuação carinhosa, senão em forma de pensamentos vagos, de que se desvencilha facilmente, e, se multiplicamos providências salvacionistas, procede como louco… Gesticula a esmo, colérico e irritado, grita blasfêmias e solicita o concurso de seres viciados, a cujas radiações escuras se entrelaça, repelindo-nos as sugestões e a presença… Prefere o contato de entidades ignorantes e infelizes, detestando-nos a ternura…

Nesse ponto, crise mais intensa de emotividade impediu-lhe continuar.

A nobre senhora que descera da tribuna, erguendo as filhas e acolhendo-as nos braços, exclamou com acento consolador na voz sem lágrimas, não obstante a visível melancolia:

— Filhas amadas, o Sol combate a treva todos os dias. Batalhemos contra o mal, incessantemente, até à vitória. Não se suponham sozinhas no conflito doloroso. Desculpemos o papai, infinitamente, e colaboremos por restituí-lo à terra firme da luz. 

Se o Cristo trabalha por nós, desde o princípio dos séculos, sem que lhe possamos compreender a amplitude dos sacrifícios, que dizer das nossas obrigações de amparo e tolerância, uns para com os outros? 

Cláudio se fez para sempre credor da nossa estima e gratidão, apesar do pavoroso crime oculto que no-lo arrebatou às profundezas… Envenenou um parente para conseguir a riqueza material que nos ofereceu educação e conforto na Esfera carnal. 

Por extrema dedicação a nós três, não hesitou diante da tentação que o constrangeu a infernal compromisso. Dono de afeição inquieta, não soube esperar a bênção do tempo e lançou mão de inconfessável processo para localizar-nos em um oásis de superioridade mentirosa… 

Para que ele nos sentisse garantidas e felizes, viveu durante quarenta anos consecutivos, entre o remorso e o sofrimento, psiquicamente sintonizado com Espíritos maliciosos e vingativos, das sombras, mas, na realidade, sobre as aflições dele nos foi possível atravessar abençoada existência de progresso e conforto, numa casa ditosa e farta, sem sabermos que em nossos alicerces espirituais vivia um ato escuro de assassínio e violência!

A essa altura, a entidade materializada chorou, comovedoramente.

Abraçadas as três, num quadro emocionante e mudo, a mãezinha encontrou recursos a fim de prosseguir:

— Tornaremos, contudo, ao campo de luta regeneradora e benfazeja… Que vale para nós a paisagem celestial sem a libertação daqueles que amamos? O coração amoroso, atormentado, abdicará do ingresso numa estrela para persistir ao lado de um ente querido, em duelo com as serpentes de um charco…

Poderíamos gozar, porventura, o espetáculo augusto das Esferas resplandecentes, ouvindo-lhes a harmonia indefinível, numa situação de destaque adquirida à custa daqueles que gemem e desfalecem nas trevas? Abandonar quem nos serviu de degrau em plena ascensão divina é das mais horrendas formas de ingratidão. 

O Senhor não pode abençoar uma ventura colhida ao preço de angústias para aqueles que no-las deram. Estou convencida de que há mais grandeza no anjo que desce ao inferno para salvar os filhos de Deus, transviados e sofredores, do que no mensageiro espiritual que se dá pressa em comparecer ante o Trono do Eterno para louvá-Lo, com esquecimento dos próprios benfeitores…

A venerável matrona enxugou o pranto copioso e prosseguiu:

— Olvidemos, pois, minhas filhas, o que hoje somos, para socorrer os que, com o propósito de nos servirem, resvalaram a despenhadeiro sinistro e tormentoso. Saldemos nossas dívidas secretas com abnegação e devotamento.  

Mais tarde, receberei Antônio, o sobrinho envenenado, em meus braços maternos, reaproximando-o de Cláudio, através da cordialidade e do respeito vividos em comum. Ensinar-lhe-ei com alegre ternura a pronunciar o nome de Deus e a desfazer as pesadas nuvens de revolta que lhe empanam a vida íntima. 

A fim de incliná-lo à compreensão e à piedade, com mais eficiência, comprometi-me a acolher também no tabernáculo materno as seis criaturas desviadas do bem, às quais se apegou, desvairado, nas regiões inferiores, em face da culpa de quem nos foi desvelado amigo. 

Meu afeto reinará dificilmente num lar repleto de corações menos afins com o meu, onde Jesus me ensinará a soletrar, venturosa, a doce lição do sacrifício silencioso… Muitas vezes, lidarei com a discórdia e a tentação; todavia, não podemos acreditar em felicidades de improviso. 

Conquistaremos em cooperação abençoada aquela paz que Cláudio sonhou para nós e que ele próprio não desfrutou…

Para que eu parta, porém, no rumo da reencarnação, é necessário que o papai renasça primeiro. Sem esse marco inicial, não posso atacar o nosso processo redentor em nova fase. Ajudemo-nos, assim, reciprocamente. Enquanto procuro transformar Antônio, reajustando-lhe as fibras afetivas, inclinem ambas o espírito paterno à esperança e à meditação reconstrutivas…

As jovens derramavam pranto comovedor, em que se misturavam angústia e alegria, e a matrona iluminada, revelando-se em despedida, acrescentou:

— Não desanimem. O tempo é das mais preciosas dádivas do Senhor e o tempo nos auxiliará. O porvir reunir-nos-á, de novo, em abençoado refúgio terrestre. 

Eu e Cláudio, então renovado, receberemos muitos filhinhos, e vocês duas estarão entre eles, reconfortando-nos os corações. Terei sobre o peito algumas pedras preciosas por lapidar, no esforço de cada dia e, dentro d'alma, duas flores, em ambas, cujo perfume celeste me sustentará as energias necessárias à perseverança até ao fim… 

Compensar-me-ão vocês duas de todas as canseiras… Juntas pelo amor imperecível, trabalharemos sustentadas pela recordação, embora imprecisa, da gloriosa vida espiritual que, um dia, nos acolherá, felizes e triunfantes. Lembremo-nos de Jesus e avancemos…

Silenciou a emissária, e as moças, provavelmente avisadas de que o tempo permanecia esgotado, abraçaram-na de encontro ao coração, sedentas de carinho. A mãezinha beijou-as, enternecida, e, após saudar-nos cordialmente, tornou à tribuna, em cujo topo desapareceu ao nosso olhar, numa onda de neblina evanescente.

Entreolhamo-nos em lágrimas, como quem tivera permissão de repousar a mente em branda melodia.

As irmãs retomaram o lugar que ocupavam e música balsâmica se fez ouvir, renovando-nos o ambiente, obedecendo, certo, ao intuito de modificar-nos o campo vibracional.

Ponderando na incomensurável bondade do Pai, recordei os laços afetivos que me ligavam ao pretérito e observei, mais uma vez, que todas as medidas do bem são planejadas e pacientemente executadas pelos que se angelizam nas virtudes do Céu, lastimando, intimamente, as oportunidades perdidas noutro tempo, quando o verdadeiro entendimento da vida me não felicitava o espírito.

Ainda não voltara a mim mesmo da salutar divagação, quando outro lençol de alva substância, coroada de tons dourados, se fez visível no alto. Em breves instantes, revestida de luz, outra mensageira surgia na tribuna.

Dos olhos irradiava doce magnetismo santificante.

Trajava um peplo estruturado em fina gaze azul-radiosa e desceu, ereta e digna, fitando-nos suavemente, à procura de alguém, com interesse particular.

O Instrutor ergueu-se, reverente, e caminhou na direção dela, qual discípulo submisso.

A recém-chegada pronunciou frases de paz, sem afetação, e endereçou-lhe a palavra, em tom de infinita ternura:

— Irmão Gúbio, agradeço-te o concurso dadivoso. Creio haver chegado, efetivamente, o instante de aceitar-te a ajuda fraterna, em favor da libertação de meu infortunado Gregório.  

Espero, há séculos, pela renovação e penitência dele. Impressionado pelos imensos recursos do poder, no passado distante, cometeu hediondos crimes da inteligência.  

Internado em perigosa organização de transviados morais, especializou-se, depois da morte, em oprimir ignorantes e infelizes. Pelo endurecimento do coração, conquistou a confiança de gênios cruéis, desempenhando presentemente a detestável função de grande sacerdote em mistérios escuros. 

Chefia condenável falange de centenas de outros Espíritos desditosos, cristalizados no mal, e que lhe obedecem com deplorável cegueira e quase absoluta fidelidade. Agravou o passivo de suas dívidas clamorosas, trazidas da insânia terrestre, e vem sendo instrumento infeliz nas mãos de inimigos do bem, poderosos e ingratos… 

Há cinquenta anos, porém, já consigo aproximar-me dele, mentalmente. Recalcitrante e duro, a princípio, Gregório agora experimenta algum tédio, o que constitui uma bênção nos corações infiéis ao Senhor. Já lhe surpreendo no espírito rudimentos de necessária transformação.

Ainda não chora sob o guante do arrependimento benéfico e parece-me longe do remorso salvador; entretanto, já duvida da vitória do mal e abriga interrogações na mente envilecida. Não é tão severo no comando dos Espíritos desventurados que lhe seguem as determinações e o colapso de sua resistência não me parece remoto.

9 Nesse instante, notei que a venerável matrona derramava lágrimas discretas, que lhe deslizavam na face como sementes de luz.

Parou por alguns momentos, controlada pelas reminiscências dolorosas, e continuou:

— Irmão Gúbio, perdoa-me o pranto que não significa mágoa ou esmorecimento…  

Na pauta do julgamento humano comum, meu filho espiritual será talvez um monstro… Para mim, contudo, é a joia primorosa do coração ansioso e enternecido. 

Penso nele qual se houvera perdido a pérola mais linda num mar de lama e tremo de alegria ao considerar que vou reencontrá-lo. Não é paixão doentia que vibra em minhas palavras. É o amor que o Senhor acendeu em nós, desde o princípio. 

Estamos presos, diante de Deus, pelo magnetismo divino, tanto quanto as estrelas que se imantam umas às outras, no império universal. Não encontrarei o Céu, sem que os sentimentos de Gregório se voltem igualmente para a Eterna Sabedoria. Alimentamo-nos na Criação com os raios de vida imperecível que emitimos uns para com os outros. Como surpreender a perfeita ventura se recebo do filho amado tão somente raios de forças em desvario?

O nosso orientador contemplou-a, de olhos úmidos, e rogou:

— Nobre Matilde! [1] estamos prontos. Dita ordens! Por mais que fizéssemos por tua alegria, nosso esforço seria pobre e pequenino, diante dos sacrifícios em que te empenhas por nós todos.

Num sorriso triste, prosseguiu a respeitável senhora:

— Descerei, dentro em breves anos, para o torvelinho de lutas carnais, a fim de esperar Gregório em existência de resgate difícil e doloroso.  

Educá-lo-ei sob os princípios superiores que regem a vida. Crescerá sob minha inspiração imediata e receberá a prova perigosa e aflitiva da riqueza material.  

É de nosso plano que ele acolha, no curso do tempo, em labor gradativo, a extensa legião de servidores viciados que hoje o seguem e a ele obedecem, a fim de encaminhá-los, tanto os possivelmente encarnados quanto os desencarnados, através do carreiro de santificação pela disciplina benéfica em construtivo suor. 

Padecerá calúnias e vilipêndios. Será muita vez humilhado à face dos homens. Triunfará nos bens efêmeros e nas honrarias mentirosas. 

Receberá, no desdobramento da tarefa salvadora, tentações de toda espécie que lhe serão desfechadas pela colônia de ignorância, perversidade e delinquência a que atualmente se filia, e conhecerá, depois de experiências inquietantes, a deserção dos falsos amigos, o abandono, a miséria, a enfermidade, a velhice e a solidão. 

Apegar-se-á profundamente ao meu carinho, na infância, na mocidade e na madureza; entretanto, na colheita de provações mais duras, tê-lo-ei precedido na viagem do túmulo… Nessa época, porém, que pressinto de tão longe, meu coração materno, embora na Esfera espiritual, encorajá-lo-á, passo a passo, na direção do esperado triunfo… Nas amarguras e desilusões que o ajudarão a reestruturar e aperfeiçoar os poderes da mente, minha voz de amor eterno será por ele registada com mais precisão… 

Até lá, porém, Gúbio, compete-me trabalhar muito e sem desânimo, com incessante aproveitamento das horas. Moverei as cordas da intercessão sublime, mobilizarei meus amigos, rogarei a Jesus fortaleza e serenidade. Iniciaremos a liberação com o teu abnegado concurso na zona abismal.

A veneranda mensageira fez ligeiro intervalo e, concentrando o olhar sobre o nosso Instrutor, aduziu com nova inflexão de voz:

— Atenderás Margarida que te foi filha amantíssima e que a Gregório ainda se encontra imantada por teias escuras do passado e colaborarás com o meu devotamento materno para que na alma dele se converta a sublevação em humildade e a frieza, em calor. 

Encontrando-o, veste a capa do servo prestimoso e fala-lhe em meu nome. Sob o gelo que lhe cristaliza os sentimentos, descansa, inapagada, a chama do amor que nos une para sempre. Disponho, agora, da permissão de fazer-me sentir e acredito que, à face de tua amorosa tarefa, mover-se-lhe-á o espírito endurecido.

Sei quanto te custa a incursão nos domínios da dor, porque só aquele que sabe amar e suportar consegue triunfo nas consciências que se degradaram no mal; entretanto, meu amigo, os dons divinos descem sobre nós, dentro de justas condicionais. 

O Senhor nos enriquece para que enriqueçamos a outrem, dá-nos alguma coisa para ensaiarmos a distribuição de benefícios que Lhe pertencem, ajuda-nos a fim de que auxiliemos, por nossa vez, aos mais necessitados. Mais recolhe quem mais semeia…

Diante daqueles olhos divinos, agora velados de lágrimas que não chegavam a cair, Gúbio valeu-se do intervalo e considerou, reverencioso:

— Abnegada Matilde, sou pequenino em excesso para merecer-te as palavras. Onde existe a alegria, o sofrimento não se detém. 

Socorreste-me com a tua intercessão, amparando-me o zelo afetivo, perante as necessidades de Margarida. Um coração paternal é sempre venturoso, em se humilhando pelos filhos que ama. 

Sou simplesmente teu devedor, e, se Gregório me flagelasse nos Círculos em que domina, semelhante aflição se converteria igualmente em júbilo, dentro de mim. 

De qualquer modo, ele me recordará tua bondade e teu devotamento apoiando-me os propósitos de descer para servir. As dores que me acarretasse seriam abençoados espinhos nas rosas que me ofereceste. 

Em teu nome, salvarei minha filha, cuja experiência atual no corpo denso nos é sumamente importante às reencarnações porvindouras… Trabalharei reconhecido ao ensejo que me deste, lutarei, encorajado e feliz…

Mostrando intenso júbilo e grande esperança na expressão fisionômica, a senhora agradeceu com palavras generosas e concluiu:

— Ao terminares a fase essencial de tua missão, nos dias próximos, sobre o que serei notificada por nossos mensageiros, irei ao teu encontro nos “campos de saída”. [2]  

Então, quem sabe? É provável se verifique o encontro pessoal que almejo há muito tempo, porquanto Gregório virá possivelmente em tua companhia, até a um ponto em que de alguma sorte a manifestação da luz será possibilitada ante as trevas.

A emissária acentuou a expressão brilhante do rosto, exteriorizando a doce expectativa que lhe povoava a alma, e considerou:

— A hora é chegada… O Senhor estará conosco. Há tempo de plantar e tempo de colher. Gregório e eu semearemos de novo. Seremos mãe e filho, outra vez!

Detendo-se particularmente sobre nosso Instrutor, falou, extática:

— Possam minhas lágrimas de alegria orvalhar-te o espírito laborioso. Seguir-te-ei a ação e aproximar-me-ei no instante oportuno. 

Creio na vitória do amor, logo resplandeça o minuto do reencontro. Nesse dia abençoado, Gregório e os companheiros que mais se afinarem com ele serão trazidos por nós a Círculos regeneradores e, dessas Esferas de reajustamento, conto reorganizar elementos ante o futuro promissor, sonhando em companhia dele as realizações que nos competem alcançar.

Gúbio pronunciou algumas frases de compromisso fraterno.

Trabalharíamos sem descanso.

Desvelar-nos-íamos pela execução das ordens afetuosas.

A singular entrevista terminou entre preces de gratidão ao Eterno Pai.

Findo aquele culto vivo de amor imortal, despedimo-nos da família cristã que ali se congregava.

Cá fora, a noite se fizera mais bela.

A Lua reinava num trono de azul macio, constelado de estrelas luzentes.

Flores inúmeras saudavam-nos com perfume inebriante.

Ergui para o Instrutor olhos repletos de indagações, mas Gúbio, afagando-me os ombros, delicadamente murmurou:

— Repousa a mente e não perguntes por agora. Amanhã, seguiremos na direção da tarefa nova, que nos exigirá muita prudência e compreensão fraternal, e convence-te de que o serviço nos esclarecerá com a sua linguagem viva.


André Luiz




VÍDEO: 

Libertação - Cap. 03 - Entendimento
O Espírito da Letra 

Apresentação: André Luiz Ruiz





[1] [Condessa Matilde de Canossa, protetora de Gregório VII.]

[2] A expressão “campos de saída” define lugares-limites, entre as Esferas inferiores e superiores. — Nota do Autor espiritual.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

André Luiz - Livro Ideal Espírita - Espíritos Diversos / Chico Xavier / Waldo Vieira - Cap. 28 - Decálogo de aperfeiçoamento



André Luiz - Livro Ideal Espírita - Espíritos Diversos / Chico Xavier / Waldo Vieira - Cap. 28


Decálogo de aperfeiçoamento


— Diminua as próprias necessidades e aumente as suas concessões.

— Intensifique o seu trabalho e reduza as quotas de tempo inaproveitado.

— Eleve as ideias e reprima os impulsos.

— Liberte o “homem do presente”, na direção de Jesus e aprisione o “homem do passado” que ainda vive em você.

— Vigie os seus gestos, entendendo os gestos alheios.

— Persevere no estudo nobre, reconhecendo na vida a escola sagrada de nossa ascensão para Deus.

— Julgue a você mesmo e desculpe indistintamente.

— Fale com humildade, ouvindo com atenção.

— Medite realizando e ore servindo.

— Confie no Amor do Eterno e renda culto diário às obrigações em que Ele Mesmo nos situou.


André Luiz










Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 1ª Parte - Das causas primárias - Cap. 3 - Da criação - Diversidade das raças humanas - Questão 54 (Miramez)



Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 1ª Parte - Das causas primárias - Cap. 3 - Da criação


Diversidade das raças humanas 


54. Pelo fato de não proceder de um só indivíduo a espécie humana, devem os homens deixar de considerar-se irmãos?

“Todos os homens são irmãos em Deus, porque são animados pelo espírito e tendem para o mesmo fim. Estais sempre inclinados a tomar as palavras na sua significação literal.”


Allan Kardec 



O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez
Questão 54 comentada

Somos todos filhos do mesmo Pai, Deus, única força reconhecidamente livre e poderosa, que criou e assiste todas as coisas geradas no Seu seio. Ninguém vive à parte do Criador.

Se, porventura, alguma alma fosse desligada da fonte universal, ela pereceria, porque vivemos e nos alimentamos nela. As variações de raças que existem não impedem a nossa irmandade e nos favorecem numa tônica altamente grandiosa, por constatarmos a grande inteligência d'Aquele que nos fez.

Todos os homens são irmãos em Deus, certamente que o somos, e são esses laços de originalidade que nos levam a amar aos nossos semelhantes, depois que o nosso amor já provou a gratidão ao nosso Pai que está nos céus. Além da afinidade profunda com os nossos semelhantes, a palavra irmão não se aplica somente no reino dos homens; ela avança e domina todos os reinos da natureza, naquele aconchego eterno, porque entre os homens e eles se processa uma troca interminável de valores, que amplia cada vez mais as forças que nos sustentam a todos. E saindo da faixa em que vivem, os homens podem regalar-se, por serem, igualmente irmãos dos anjos, agentes divinos do Senhor, que trabalham e alimentam a vida em todas as direções do infinito.

A humanidade atual está ansiosa para conhecer o desconhecido. Na verdade, terá sempre o desconhecido pela frente, porém, devemos trabalhar para desvendar os segredos da Divindade, sem deixar a porta de entrada mais próxima e verdadeira, para buscar entradas distantes e ilusórias. A ciência exterior é de grande valor e deve ser pesquisada, mas, a porta de ouro por onde deves entrar, na senda da busca, não está fora, mas dentro de cada criatura; não está longe, mas ao toque das mãos. Deus colocou a gema da vida vibrando em cada criatura, com a perfeição das Suas próprias mãos; nunca fez algo imperfeito, por ser Deus.

Todas as divisões que existem na casa maior partem da mesma fonte, nasceram de um só elemento primitivo, que o cinetismo cósmico faz transformar em espécies diferentes, para que o belo se expresse com todo vigor, em nuances indescritíveis, na lavoura do Senhor. Eis aí a igualdade de tudo que vive e se manifesta no universo. No esquema divino ninguém está perto ou longe; todos estamos na eternidade juntos, vivendo e desfrutando da vida do grande Foco Universal, como filhos da Luz.

A lei de amor nos prova o quanto temos em comum com os nossos semelhantes, como as necessidades que temos das vidas dos outros, na Terra e nos Céus. Onde se vive melhor é onde existem mais Espíritos reunidos e despertos para o bem da coletividade. A separação nos traz a carência de muitos valores e o egoísmo nos atrofia, o orgulho nos cega, e o ódio nos faz esquecer a esperança no futuro. Precisamos e temos necessidade de viver juntos, e desse encontro com os nossos semelhantes, se processa uma troca de experiência, que abre nossos caminhos ao alcance da paz. Somente a ignorância induz a criatura à separação.

A vida exterior é de grande importância para todos nós, onde quer que estejamos na escala de ascensão, todavia, se não passarmos pelos caminhos interiores, cheios de obstáculos e carregados de espinhos, não vamos ter olhos para ver o belo na feição do todo. Devemos repetir, quantas vezes nos convier, que todos somos irmãos em Cristo, filhos de Deus. 


Miramez 




Livro Filosofia Espírita Vol. 2 - João Nunes Maia 
Cap. 3 - Fonte universal 








Emmanuel - Livro Agora é o Tempo - Chico Xavier - Cap. 26 - A prova última



Emmanuel - Livro Agora é o Tempo - Chico Xavier - Cap. 26


A prova última


E porque o aprendiz indagasse sobre o currículo dos exames a respeito do aperfeiçoamento da alma, o mentor esclareceu, paciente:
— Na Espiritualidade Superior, as avaliações de aproveitamento são muitas. 

Temos as de paciência, de disciplina, de espírito de serviço e de auxílio aos semelhantes, no entanto, ao que me parece, a última é a mais difícil de todas.
E qual é a última? — Indagou o discípulo atento.

O mentor respondeu em tom decisivo:
— A última prova, no aperfeiçoamento de cada um de nós é a humildade.


Emmanuel 







Emmanuel - Livro Nascer e Renascer - Chico Xavier - Cap. 10 - A obra maior



Emmanuel - Livro Nascer e Renascer - Chico Xavier - Cap. 10


A obra maior


Todos os serviços do Cristianismo na Terra são plantações do Céu no escuro solo humano, fecundando o bem e a luz na gleba da experiência.

A escola é um foco solar, despertando mentes e corações para a grandeza da vida.

O hospital é precioso refúgio, plasmando nas almas a bênção do reconforto.

O berçário é um canteiro de ternura, irradiando alegria e esperança.

A casa de reajuste é um templo de amor fraterno, estendendo a paz que afasta o desequilíbrio.

O lar é um santuário de trabalho e consolo em que as almas se reencontram.

Em todos os escaninhos do mundo, a influência cristã significa solidariedade e cultura, mensagem de entendimento e bálsamo de perdão.

A obra maior do Evangelho, porém, é o aperfeiçoamento da criatura, quando a criatura lhe assimila os princípios de reforma e elevação.

A alma ligada ao Cristo é flama renovadora atuando no chão, embora vivendo na luz do amor. Não duvides. Estende os braços à dor e diminui, quanto puderes, os gritos do sofrimento em torno de ti.

Descerra os lábios e ensina a verdade simples, segundo a ideia nobre que te brilha no pensamento. Entretanto, cada hora e cada dia, busca afeiçoar o próprio espírito à prática dos ensinamentos do Cristo, nosso Mestre e Senhor.

Alma restaurada é base à restauração humana.

Deixa que as Mãos Sábias de Jesus te tomem o coração, aprimorando-te os impulsos e, ainda mesmo que te pareça a existência terrestre um império de tribulações, guarda a certeza de que o Cristo em nós é a obra maior a que será justo aspirarmos no campo da redenção.


Emmanuel











quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Bezerra de Menezes - Livro A Coragem da Fé - Carlos A. Baccelli - Cap. 18 - Reerguei-vos!



Bezerra de Menezes - Livro A Coragem da Fé - Carlos A. Baccelli - Cap. 18


Reerguei-vos! 


Filhos, reerguei-vos da queda em que, inadvertidamente, vos arrojastes.

Não permaneçais estirados no chão do desespero e da inércia, aguardando que mãos anônimas e abnegadas tomem por vós a decisão que vos compete de prosseguir caminhando com os próprios pés.

Levantai-vos e continuai, vacilantes embora.

Reconsiderai a trajetória e acautelai-vos contra possíveis novas quedas.

Mantende-vos o tempo todo vigilantes e não vos descureis um só instante da armadilha traiçoeira de vossas mazelas.

Apoiai-vos nos encargos que vos cabe cumprir, em relação ao próximo, e não vos concedais excessivo tempo nas necessidades pessoais.

Esquecei-vos, quanto puderdes, nas tarefas do bem.

Se magoastes o coração de alguém, não hesiteis em lhe pedir perdão sucessivas vezes, porquanto, se temos a obrigação de perdoar setenta vezes sete a quem nos ofenda, caso sejamos nós os algozes, peçamos às nossas vitimas um perdão ilimitado através de nossas atitudes de regeneração.

A verdade, não vos esqueçais disto, nunca está do lado de quem acusa e fere.

Humilhados por aqueles que vos conheçam os pontos vulneráveis da personalidade, aprendei a contar com a Compaixão Divina que vos ama como sois e não vos aponta o dedo em riste.

Sobre a Terra, a cavaleiro da situação que examina, não há quem possa censurar ninguém ou atirar a primeira pedra.

Por certo, na jornada que cumprimos, muitos tropeços ainda nos esperam, todavia não nos seja isto pretexto para contemporizarmos com o mal ou exercermos excessiva tolerância em causa própria, nos equívocos que perpetramos.

Filhos, que o Senhor vos abençoe e vos fortaleça.

Não olvideis que, se os homens são faltos de misericórdia para com os seus irmãos em Humanidade, Deus não se nega ao perdão a nenhum de seus filhos, mas concede sempre aos que se revelam mais débeis dentre eles a bênção do recomeço no clima da lição.


Bezerra de Menezes










 

André Luiz - Livro Agenda Cristã - Chico Xavier - Cap. 12 - Ajude sempre



André Luiz - Livro Agenda Cristã - Chico Xavier - Cap. 12


Ajude sempre


Diante da noite, não acuse as trevas.
Aprenda a fazer lume.

Em vão condenará você o pântano.
Ajude-o a purificar-se.

No caminho pedregoso, não atire calhaus nos outros.
Transforme os calhaus em obras úteis.

Não amaldiçoe o vozerio alheio.
Ensine alguma lição proveitosa, com o silêncio.

Não adote a incerteza, perante as situações difíceis.
Enfrente-as com a consciência limpa.

Debalde censurará você o espinheiro.
Remova-o com bondade.

Não critique o terreno sáfaro.
Ao invés disso, dê-lhe adubo.

Não pronuncie más palavras contra o deserto.
Auxilie a cavar um poço sob a areia escaldante.

Não é vantagem desaprovar onde todos desaprovaram.
Ampare o seu irmão com a boa palavra.

É sempre fácil observar o mal e identificá-lo.
Entretanto, o que o Cristo espera de nós outros é a descoberta e o cultivo do bem para que o Divino Amor seja glorificado.


André Luiz


Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano



VÍDEO:

Diante da noite, não acuse as trevas; aprenda a fazer luz. 
Centro Espírita Sementes de Luz


Apresentação: José Carlos De Lucca








terça-feira, 26 de novembro de 2024

Marco Prisco - Livro Legado Kardequiano - Divaldo P. Franco - Cap. 15 - Não merecem



Marco Prisco - Livro Legado Kardequiano - Divaldo P. Franco - Cap. 15


Não merecem


642. Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal?

- "Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem." (Allan Kardec - O Livro dos Espíritos)


Guarde-se do mal e defenda-se dele com a realização do bem operante.

O mal não merece consideração.

Há muito que fazer, valorizando a oportunidade de serviço que surge inesperada.

A intriga não merece a atenção dos seus ouvidos.

A injúria não merece o respeito da sua preocupação.

A ingratidão não merece o tesouro das suas lágrimas.

A ofensa não merece o zelo da sua aflição.

O ultraje não merece o seu revide verbalista.

A mentira não merece a interrupção das suas nobres tarefas.

A exasperação não merece o seu sofrimento.

A perseguição gratuita não merece a sua solicitude.

A maledicência não merece o autofalante da sua garganta.

A inveja não merece o tempo de que você necessita para o trabalho nobre.

Os maus não merecem a sua inquietação.

Entregue-os ao tempo benfazejo.

Abra os braços ao dever, firme-se no solo do serviço, abrace-se à cruz da responsabilidade, recordando o madeiro onde espirou o Cristo e, em perfeita magnitude, desafie a fúria do mal.

O lídimo cristão é fiel servidor.

Você tem somente um amo a quem prestará contas: Jesus!

Preocupado com o que deve fazer, não pare a escutar os que não tem o que fazer ou nada querem fazer.

Transformando-se em antena viva da inspiração superior, registre o ensinamento evangélico do amor, no coração, viva-o na ação e prossiga sem medo.

Você sabe que em toda seara existem abelhas diligentes e marimbondos destruidores.

Também não ignora que os maus por si mesmos se destroem, como afirma a sabedoria popular.

Identifique no obstáculo o ensejo iluminativo e não se detenha.

Por essa razão, enquanto a ventania açoita, guarde a fé robusta e, sem dar atenção ao mal, esteja acautelado, porque, não descendo às ondas mentais dos maus, você paira, inatingível, nas vibrações superiores das altas potências da vida, para que não venha a responder por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem.


Marco Prisco