quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Emmanuel - Livro Pensamento e Vida - Chico Xavier - Cap. 4 - Instrução



Emmanuel - Livro Pensamento e Vida - Chico Xavier - Cap. 4


Instrução


Já se disse que duas asas conduzirão o espírito humano à presença de Deus. Uma chama-se Amor, a outra, Sabedoria.

Pelo amor, que, acima de tudo, é serviço aos semelhantes, a criatura se ilumina e aformoseia por dentro, emitindo, em favor dos outros, o reflexo de suas próprias virtudes; e, pela sabedoria, que começa na aquisição do conhecimento, recolhe a influência dos vanguardeiros do progresso, que lhe comunicam os reflexos da própria grandeza, impelindo-a para o Alto.

Através do amor valorizamo-nos para a vida.

Através da sabedoria somos pela vida valorizados.

Daí o imperativo de marcharem juntas a inteligência e a bondade.

Bondade que ignora é assim como o poço amigo em plena sombra, a dessedentar o viajor sem ensinar-lhe o caminho.

Inteligência que não ama pode ser comparada a valioso poste de aviso, que traça ao peregrino informes de rumo certo, deixando-o sucumbir ao tormento da sede.

Todos temos necessidade de instrução e de amor.

Estudar e servir são rotas inevitáveis na obra de elevação.

Toda a cultura intelectual é formada em cadeia de gradativa expansão.

As civilizações sucedem-se, ininterruptas, ao influxo da herança mental.

A arte, na palavra ou na música, no buril ou no pincel, evolui e se aprimora, por intermédio da repercussão, a exprimir-se no trabalho dos cultivadores do belo, que se inspiram uns nos outros.

A escola é um centro de indução espiritual, onde os mestres de hoje continuam a tarefa dos instrutores de ontem.

O livro representa vigoroso ímã de força atrativa, plasmando as emoções e concepções de que nascem os grandes movimentos da Humanidade, em todos os setores da religião e da ciência, da opinião e da técnica, do pensamento e do trabalho. 

Por esse dínamo de energia criadora, encontramos os mais adiantados serviços de telementação, porquanto, a imensas distâncias, no espaço e no tempo, incorporamos as ideias dos Espíritos superiores que passaram por nós, há séculos.

Sócrates reflete-se nas páginas dos discípulos que lhe comungavam a intimidade, e, ainda hoje, consumimos os elevados pensamentos de que foi ele o portador.

Retrata-se Jesus nos livros dos apóstolos que lhe dilataram a obra, e temos no Evangelho um espelho cristalino em que o Mestre se reproduz, por divina reflexão, orientando a conduta humana para a construção do Reino de Deus entre as criaturas.

Conhecer é patrocinar a libertação de nós mesmos, colocando-nos a caminho de novos horizontes na vida.

Corre-nos, pois, o dever de estudar sempre, escolhendo o melhor para que as nossas ideias e exemplos reflitam as ideias e os exemplos dos paladinos da luz.


Emmanuel


Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano


VÍDEO: 

Pensamento e Vida #04 - Instrução 
NEPE Paulo de Tarso | Evangelho e Espiritismo




Estudo do livro "Pensamento e Vida", de Emmanuel/Chico Xavier, com Artur Valadares.




Emmanuel - Livro Fonte Viva - Chico Xavier - Cap. 105 - Sois a luz



Emmanuel - Livro Fonte Viva - Chico Xavier - Cap. 105


Sois a luz


“Vós sois a luz do mundo.” — JESUS (Mateus, 5.14)


Quando o Cristo designou os seus discípulos, como sendo a luz do mundo, assinalou-lhes tremenda responsabilidade na Terra.

A missão da luz é clarear caminhos, varrer sombras e salvar vidas, missão essa que se desenvolve, invariavelmente, à custa do combustível que lhe serve de base.

A chama da candeia gasta o óleo do pavio. A iluminação elétrica consome a força da usina.

E a claridade, seja do Sol ou do candelabro, é sempre mensagem de segurança e discernimento, reconforto e alegria, tranquilizando aqueles em torno dos quais resplandece.

Se nos compenetramos, pois, da lição do Cristo, interessados em acompanhá-lo, é indispensável a nossa disposição de doar as nossas forças na atividade incessante do bem, para que a Boa Nova brilhe na senda de redenção para todos.

Cristão sem espírito de sacrifício é lâmpada morta no santuário do Evangelho.

Busquemos o Senhor, oferecendo aos outros o melhor de nós mesmos. Sigamo-lo, auxiliando indistintamente.

Não nos detenhamos em conflitos ou perquirições sem proveito. “Vós sois a luz do mundo” — exortou-nos o Mestre —, e a luz não argumenta, mas sim esclarece e socorre, ajuda e ilumina.


Emmanuel










Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano


Emmanuel - Livro Vinha de Luz - Chico Xavier - Cap. 155 - Tranquilidade



Emmanuel - Livro Vinha de Luz - Chico Xavier - Cap. 155


Tranquilidade


“Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz.” — Jesus. (JOÃO, 16.33)

A palavra do Cristo está sempre fundamentada no espírito de serviço, a fim de que os discípulos não se enganem no capítulo da tranquilidade.

De maneira geral, os aprendizes do Evangelho aguardam a paz, onde a calma reinante nada significa além de estacionamento por vezes delituoso. 

No conceito da maioria, a segurança reside em garantia financeira, em relações prestigiosas no mundo, em salários astronômicos. Isso, no entanto, é secundário. 

Tempestades da noite costumam sanear a atmosfera do dia, angústias da morte renovam a visão falsa da experiência terrestre.

Vale mais permanecer em dia com a luta que guardar-se alguém no descanso provisório e encontrá-la, amanhã, com a dolorosa surpresa de quem vive defrontado por fantasmas.

A Terra é escola de trabalho incessante.

Obstáculos e sofrimentos são orientadores da criatura.

É indispensável, portanto, renovar-se a concepção da paz, na mente do homem, para ajustá-lo à missão que foi chamado a cumprir na obra divina, em favor de si mesmo.

Conservar a paz, em Cristo, não é deter a paz do mundo. É encontrar o tesouro eterno de bênçãos nas obrigações de cada dia. Não é fugir ao serviço; é aceitá-lo onde, como e quando determine a vontade d’Aquele que prossegue em ação redentora, junto de nós, em toda a Terra.

Muitos homens costumam buscar a tranquilidade dos cadáveres, mas o discípulo fiel sabe que possui deveres a cumprir em todos os instantes da existência. 

Alcançando semelhante zona de compreensão, conhece o segredo da paz em Jesus, com o máximo de lutas na Terra. Para ele continuam batalhas, atritos, trabalho e testemunhos no Planeta, entretanto, nenhuma situação externa lhe modifica a serenidade interior, porque atingiu o luminoso caminho da tranquilidade fundamental.


Emmanuel






VÍDEO: 

Vinha de luz - Tranquilidade - Lidiane Escobar
Grupo Espírita Francisco Xavier




Reflexões diárias, por Lidiane Escobar, Trabalhadora do Grupo Espírita Francisco Xavier, texto retirado do livro Vinha de Luz, psicografado por Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emanuel, Cap. 155 Tranquilidade. 



Emmanuel - Livro Companheiro - Chico Xavier - Cap. 5 - Ânimo e fé



Emmanuel - Livro Companheiro - Chico Xavier - Cap. 5


Ânimo e fé


A existência pode ter sido amarga.

Espinheiros talvez se te estendam no caminho.

Caíste, provavelmente, algumas vezes e outras tantas te reerguestes, à custa de lágrimas.

Sofreste perseguição e zombaria.

O mundo terá surgido aos teus olhos por vasto deserto.

Anotaste a força da morte que te subtraiu a presença de entes caros.

Viste a deserção de companheiros, renegando-te os ideais.

Seres queridos ignoraram-te os propósitos de elevação.

Varaste crises em forma de fracassos aparentes.

Tiveste o menosprezo por parte de muitos daqueles aos quais te confiaste.

Ouviste as palavras esfogueantes dos que te condenaram sem entender-te.

Palmilhaste longas áreas de solidão.

Perdeste valores que consideravas essenciais à sustentação dos empreendimentos que te valorizam as horas.

Sofres tribulações.

Suportas conflitos.

Atravessas dificuldades e tentações.

Entretanto, por maior seja a carga de provações e problemas que te pesam nos ombros, ergue a fronte e caminha para a frente, trabalhando e servindo, amando e auxiliando, porque ninguém, nem circunstância alguma te podem furtar a imortalidade, nem te afastar da onipresença de Deus.


Emmanuel












Emmanuel - Livro Vinha de Luz - Chico Xavier - Cap. 36 - Facciosismo



Emmanuel - Livro Vinha de Luz - Chico Xavier - Cap. 36


Facciosismo


“Mas se tendes amarga inveja e sentimento faccioso, em vosso coração, não vos glorieis nem mintais contra a verdade.” — (TIAGO, 3.14)


Toda escola religiosa apresenta valores inconfundíveis ao homem de boa vontade.

Não obstante os abusos do sacerdócio, a exploração inferior do elemento humano e as fantasias do culto exterior, o coração sincero beneficiar-se-á amplamente, na fonte da fé, iluminando-se para encontrar a Consciência Divina em si mesmo.

Mas, em todo instituto religioso, propriamente humano, há que evitar um perigo — o sentimento faccioso, que adia, indefinidamente, as mais sublimes edificações espirituais.

Católicos, protestantes, espiritistas, todos eles se movimentam, ameaçados pelo monstro da separação, como se o pensamento religioso traduzisse fermento da discórdia.

Infelizmente, é muito grande o número de orientadores encarnados que se deixam dominar por suas garras perturbadoras. 

Espessos obstáculos impedem a visão da maioria.

Querem todos que Deus lhes pertença, mas não cogitam de pertencer a Deus.

Que todo aprendiz do Cristo esteja preparado a resistir ao mal; é imprescindível, porém, que compreenda a paternidade divina por sagrada herança de todas as criaturas, reconhecendo que, na Casa do Pai, a única diferença entre os homens é a que se mede pelo esforço nobre de cada um.


Emmanuel












Auta de Souza - Livro Parnaso de Além-Túmulo - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 16 - Maria



Auta de Souza - Livro Parnaso de Além-Túmulo - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 16


Toda a expressão de ternura
Do mundo de provação,
Nos Céus ditosos procura
A sua excelsa afeição.

Consolo das mães piedosas,
Cheias de mágoa e de pranto,
Sobre quem atira as rosas
Do seu Amor sacrossanto.

Ninguém diz, ninguém traduz
Essa visão da Harmonia,
Visão de paz e de luz,
Paz dos Céus! Ave-Maria!


Auta de Souza






Um exemplo em vida na Terra e no Além-túmulo, Auta de Souza nasceu em Macaíba, pequena cidade do Rio Grande do Norte, em 12 de setembro de 1876, desencarnou em 7 de Fevereiro de 1901, portanto, aos 24 anos, em Natal. Antes de ter completado 3 anos, ficou órfã de mãe, e aos 4 anos, de pai. A sua existência na Terra foi assinalada por sofrimentos acerbos. Antes dos 12 anos, foi matriculada no Colégio São Vicente de Paulo, onde recebeu acolhida das religiosas francesas que o dirigiam e lhe ofereceram primorosa educação: literatura, inglês, música, desenho, e aprendeu a dominar também o francês. Deixou um único livro, Horto, cuja primeira edição, prefaciada por Olavo Bilac, em Outubro de 1899, apareceu em 1900 e se esgotou em três meses. Era vista lendo para as crianças pobres, para as mulheres humildes e escravizados. Foi através de psicografias feitas por Chico Xavier que ela, pela primeira vez, revelou sua identidade, ao transmitir suas poesias no ano de 1932 no livro “Parnaso de Além-túmulo".

Sob a orientação do Espírito Auta de Souza, o médium Divaldo Franco fundou a Caravana Auta de Souza no Centro Espírita Caminho da Redenção, em setembro de 1948, para atendimento a famílias necessitadas, com o auxílio de vários colaboradores. Neste ano, a Caravana Auta de Souza completou, no último dia 9, 73 anos ininterruptos de exercício no bem.



Hammed - Livro La Fontaine um Estudo do Comportamento Humano - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 10 - O Corvo e a Raposa - A Teia da Adulação



Hammed - Livro La Fontaine um Estudo do Comportamento Humano - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 10


O Corvo e a Raposa -  A Teia da Adulação


"Indivíduos imaturos gostam das pessoas não por aquilo que elas são, mas por aquilo que elas os fazem sentir. A adulação é uma porta escancarada para o favoritismo, mas muito estreita para aqueles dotados de autoconfiança. A vaidade é a ostentação dos que procuram lisonjas, ou a ilusão dos que querem ter êxito diante do mundo, e não dentro de si mesmos."- Hammed

"O CORVO E A RAPOSA"

No alto de uma árvore, um corvo segurava no bico um pedaço de carne.

Uma raposa, atraída pelo cheiro, aproxima-se e lhe dirige a palavra:

- Ei! Bom dia, senhor corvo! Como o senhor está lindo! Como é bela a sua plumagem! Se o seu canto for tão bonito quanto ela, sinceramente, o senhor é a fênix dos convidados destas florestas.

E para mostrar sua "melodiosa" voz, ele abre o grande bico e deixa cair a presa.

A raposa se apodera da carne e diz ao corvo:

- Meu bom senhor, aprenda que todo adulador vive à custa de quem o escuta.

Esta lição vale, sem dúvida, pela carne que agora comerei.

O corvo, envergonhado e aborrecido, jurou, embora um pouco tarde, que nunca mais se deixaria levar por elogios.

"A TEIA DA ADULAÇÃO"

Indivíduos imaturos gostam das pessoas não por aquilo que elas são, mas por aquilo que elas os fazem sentir.

O elogio é um dos mais fortes aliados da sedução, é algo de que se serve freqüentemente na "arte da adulação" para atrair e conquistar coisas ou pessoas. Lisonja é a expressão acentuada que emoldura reais ou fictícias qualidades, ações ou feitos de alguém, utilizando dissimulação dos próprios sentimentos, intenções, desejos. A função primordial da lisonja é evidenciar qualidades que não existem.

A partir do momento em que se deseja e em que se busca algo, a sedução poderá ocorrer. Inicia-se de modo capcioso o processo de atrair direcionado aos pontos vulneráveis de alguém. Quase sempre provoca nele uma reação de grande prazer, sensação de deslumbramento, encanto e fascínio ao exaltar uma suposta qualidade sua.

Adular é exaltar de forma exagerada os feitos ou o modo de ser de um indivíduo para a obtenção de favores e privilégios. A adulação é a capacidade de convencer com artimanha, persuadir com astúcia, sob promessa de vantagens, aplausos e engrandecimento, pessoas submissas à vontade de outrem ou dependentes da opinião alheia.

Existem várias formas de magnetizar utilizando a teia da bajulação, e são inúmeras as táticas da sedução. Vão desde pequenas expressões e entonações especiais ao se movimentar o corpo, mãos e braços até ao se pronunciar uma breve frase aparentemente sem intenção. Analisados nas entrelinhas, tais procedimentos revelarão um intuito ardiloso, imperceptível de imediato, mas altamente arrebatador.

Como esse jogo da sedução, ou melhor, essa estratégia psicológica se processa em nossa intimidade?

O primeiro requisito para a compreensão desse procedimento é avaliarmos o grau de persuasão ou intencionalidade do sedutor, pois é ele que determina a força e a intensidade que serão lançadas à criatura suscetível à sedução. E o segundo requisito é admitirmos a suscetibilidade do seduzido, porque este indivíduo deslumbrado tem em sua intimidade uma tendência ou predisposição para ceder a esse tipo de influência e se deixar contaminar pela adulação.

O aplauso ou o elogio que ele busca, muitas vezes à custa dos outros, pode ser fruto de privação emocional ou de falta de auto-aprovação na vida pessoal. A incerteza Íntima leva-o a questionar o valor de seu desempenho e a estar sempre tentando provar sua importância por meio de louvor e apoio. Sua carência de autovalorização é atenuada com manifestações de enaltecimento.

Mais cedo ou mais tarde, será envolvido por uma aura de fracasso, porquanto a necessidade de sucesso se torna cada vez mais intensa. Por fim, não consegue demonstrar sua superioridade e acaba frustrado.

Para que possamos compreender esse fenômeno psicológico, é imprescindível aceitarmos que "onde há uma raposa sedutora, sempre haverá um corvo seduzido; onde há um trapaceado, sempre haverá um trapaceiro". Existe nesta parceria uma retroalimentação de atitudes Íntimas - a ação controla a conduta e vice-versa.

Quem adula suborna o outro. Suborno não é simplesmente dar dinheiro ou bens a terceiros com a finalidade de conseguir alguma coisa ilegal, mas, igualmente, dar fictícias qualidades, servir-se da fraqueza alheia, adulterar as possibilidades de alguém, utilizando manifestações exteriores que tendem a exagerar ou enaltecer descompensações psíquicas com o intuito de tirar algum tipo de vantagem.

Existem criaturas que se autoenganam, crendo que o comportamento dos outros é apenas um "erro bondoso" ou equivocada demonstração de afeto. De alguma maneira, tudo aquilo que não é claramente definido ou entendido estimula a repetição de atos e atitudes, quer dizer, a perpetuação de comportamentos intrusivos.

"Como o senhor é lindo! Como é bela sua plumagem! Se o seu canto for tão bonito quanto ela, sinceramente, o senhor é a fênix dos convidados destas florestas. " O ser amadurecido impõe respeito, e não cede diante da adulação.

Entre adulação e admiração há uma divergência incondicional: o que admira não adula; o que adula não admira. A adulação é uma porta escancarada para o favoritismo, mas muito estreita para aqueles dotados de autoconfiança. A vaidade é a ostentação dos que procuram lisonjas, ou a ilusão dos que querem ter êxito diante do mundo, e não dentro de si mesmos.

CONCEITOS-CHAVE

A - SEDUÇÃO

Somos ensinados desde a mais tenra idade a resistir às seduções exteriores e explícitas, mas não estamos preparados para tomar consciência daquelas sutis e imperceptíveis. Vangloriamo-nos quando resistimos a algumas horas de sono a mais, a um romance casual, a uma fatia de bolo, mas nos entregamos sem avaliar às ínfimas seduções, ou seja, àquelas que nos impedem de sentir nossas emoções Íntimas - alegria, raiva, tristeza, amor, medo e outras tantas. Sem discernimento do que elas podem nos mostrar, não podemos ter uma verdadeira consciência da realidade que nos cerca.

B - INSEGURANÇA

A insegurança traz à criatura um estado Íntimo de desagrado e descontentamento, pois ela espera que os outros façam o que ela própria não consegue realizar, isto é, suas necessidades emocionais básicas. O inseguro busca nas pessoas consideração, valorização, afeto, aceitação, etc.; tem dificuldade para tomar decisões; é hesitante, embaraçado; espera muito dos outros e confia pouco em si mesmo.

C - SUBORNO

Não é somente dar dinheiro ou objetos de valor a alguém com a finalidade de ganhar ou obter coisas de forma ilegal; é igualmente a atitude astuta de fazer promessas, oferecer dádivas, préstimos, afeto, carinho, a quem quer que seja, a fim de conseguir proveito ou vantagem em benefício próprio.

MORAL DA HISTÓRIA

Assim como o corvo, há na sociedade homens que se deixam levar por elogios: são inseguros e desprovidos de coerência e geralmente não atingem o ideal pretendido ou não realizam seu projeto de vida. Precisariam reconhecer e valorizar seus potenciais internos, não dar importância a adulações, opiniões e julgamentos alheios e entender que ninguém pode desejar ser diferente da finalidade para a qual foi criado. Uma das reações a longo prazo de conviver num ambiente doméstico sem organização e estrutura - seja como crianças ou como adultos - é que não se adquire segurança para viver. Quem desenvolve sua individualidade não cria ilusões, pois tem as próprias razões e discernimentos diante da vida.

REFLEXÕES SOBRE ESTA FÁBULA E O EVANGELHO:

"Quando orardes, não vos assemelheis aos hipócritas, que se comprazem em orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo, eles receberam sua recompensa." (ESE, cap. 27:1, Boa Nova Editora)

"Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que ser enganado pela adulação dos insensatos." (Eclesiastes, 7:5.)

"A lisonja é moeda falsa, que embolsamos por vaidade" - La Rochefoucauld


Hammed






VÍDEO:

Fábulas de La Fontaine - Ep. 1 - A Teia da Adulação

Fábulas de La Fontaine - com Larissa Chaves.
Com base na fábula "O Corvo e a Raposa". Narração: Júlia Mattos.





Estudo sob a ótica espírita com base na obra "La Fontaine um estudo do comportamento humano", de Hammed e psicografada por Francisco do Espírito Santo Neto.



quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Joanna de Ângelis - Livro Jesus e Atualidade - Divaldo P. Franco - Cap. 9 - Jesus e Alegria



Joanna de Ângelis - Livro Jesus e Atualidade - Divaldo P. Franco - Cap. 9


Jesus e Alegria


Essa tristeza que te domina, amargurando as tuas horas, é grave enfermidade que deves combater a partir de agora. 

Nenhuma complacência para com ela, nem justificativa enganosa para aceitá-la. Os argumentos de infelicidade quanto de insatisfação não passam de sofismas e mecanismos de evasão da realidade.

Problemas todos os têm, com um imenso universo de apresentação. A falta deles geraria, por enquanto, desmotivação para a luta, para o progresso.

Essa nostalgia deprimente que te aliena e consome é adversária cruel, a que te entregas livremente sem reação, ampliando-lhe o campo de domínio, à medida que lhe cedes espaço.

Seja qual for a razão, fundamentada em acontecimentos atuais, deves transformar em bênção que te convida à reflexão e não ao desalento.

A tristeza é morbo prejudicial ao organismo, peste que consome a vida.

Tudo, em tua volta, é um hino de louvor, de alegria, de gratidão a Deus. Observa-o bem.

Somente o homem, porque pensa, se permite empolgar pela tristeza, descambando para os surdos conflitos da rebeldia.

Essa tristeza pode resultar de dois fatores, entre outros: reminiscências do teu passado espiritual e perturbação com repercussão obsessiva.

No primeiro caso, as impressões pessimistas devem ser eliminadas, alijando-as do inconsciente, sob pressão de ideias novas, agradáveis, positivas, que te cumpre cultivar, insistindo em fixá-las nos painéis mentais.

Se te acostumas a pensar bem, superarás as lembranças más.

Os hábitos se enraízam, porque se repetem, dominando os automatismos da mente e do corpo.

Na segunda hipótese, a hospedagem mental e emocional de Entidades desencarnadas, malévolas, ocorre porque encontram sintonia nas tuas faixas psíquicas, estabelecendo contato hipnótico que se agrava com o tempo.

Em ambos os casos te encontras incurso em débitos para com as soberanas Leis da Vida.

Não te reencarnaste, porém. apenas para pagar, antes, sim, para ressarcir com amor, liberando-te dos compromissos negativos mediante as ações relevantes.

És candidato às cumeadas da montanha, e não um condenado às galés nas sombras do remorso inútil ou no charco das lágrimas perdidas.

Se permaneces na situação infeliz, tornas-te vítima de ti mesmo. Todavia, se te resolves por sair do caos, transformas-te em teu próprio psicoterapeuta.

Jesus, apenas uma vez, deixou-se vestir de tristeza, de amargura. No Getsemani, quando só Ele velava e os amigos, ali próximos, dormiam, embora aquela fosse a hora decisiva, o pré-final. E o permitiu por piedade para com os companheiros invigilantes, que se não davam conta da gravidade do momento.

Sempre Ele cultivou a alegria da esperança, a bênção da saúde, a dádiva da paz.

O Seu, foi o ministério do júbilo, da transformação do homem e do mundo velhos em uma criatura e sociedade inteiramente novas.

Renascimento é vitória sobre a morte. E alegria que procede da libertação.

Rasga, portanto, essa mortalha de sombras sob a qual ocultas todas as tuas possibilidades de triunfo, e sai a semear fraternidade na grande vinha que te aguarda.

Realiza um novo, um atual encontro contigo mesmo e examina-te melhor, sem deplorares a situação em que te encontras, e vai na direção do êxito. Isto é fundamental, não como um pagamento, porém como um dever que te falta cumprir, a fim de te recuperares. Deus te concede esse direito e tens que corresponder-Lhe, usando-o em teu benefício.

Provavelmente sofres pressões, que são uma falta de humanidade, mas tua é a submissão a essa força constritora que aceitas.

Se, em verdade, queres sair da tristeza, podes. Em caso contrário, és responsável por ela, assim te comprazendo, o que é séria enfermidade.

“Alegrai-vos”, propôs Jesus,“ é chegado até vós o reino de Deus.”

Este reino está dentro de nós, esperando ser descoberto e habitado.

Aguarda-te, desafiador. Chegou até onde estás. Dá o teu passo em sua direção, penetra-o, deixa-te por ele preencher e alegra-te para sempre, como herói que concluirá a luta.


Joanna de Ângelis 













Lancellin - Livro Iniciação Viagem Astral - João Nunes Maia - Cap. 4 - Os sonhos



Lancellin - Livro Iniciação Viagem Astral - João Nunes Maia - Cap. 4


Os sonhos


Há milhares de anos que os homens de ciência e os espiritualistas estudam os sonhos; no entanto, poucos chegaram a conclusões mais ou menos acertadas sobre esse grande mistério, que encerra verdades grandiosas, misturadas com ilusões sem conta. 

Os sonhos são de difícil interpretação, por pertencerem os homens a escalas variadas na evolução espiritual. Podemos dividi-los em três tipos, como se segue: sonhos de intercâmbio, sonhos de recordação (ou de regressão de memória) e sonhos de criação mental.

Os primeiros são aqueles que nós poderemos chamar de primeira porta para as “viagens astrais conscientes”. São os sonhos-comunicações, onde a alma abandona o corpo temporariamente em busca de novas forças no plano espiritual ou de encontros necessários à sua evolução. Em seu estágio inicial a alma adormece com o corpo e, quando sai, gira dentro da própria casa. No entanto, de vez em quando é levada por hábeis benfeitores em pequenas viagens, como treinamento para futuras excursões.

O sono do corpo é como que uma porta aberta para que a alma adentre a escola universal, onde o aprendizado é constante em todas as direções da vida. Ela, a alma, pode ou não se lembrar dos seus encontros no plano do espírito, dependendo das necessidades ou conveniências dessas lembranças. O Espírito, mais ou menos liberto da matéria onde se acha preso pelos laços da carne, respira na atmosfera rarefeita energias espirituais que lhe mantém o equilíbrio na volta ao fardo físico.

Entretanto, tudo depende do estado de evolução já granjeado pela alma, pois que, existe aí uma escala extensa ou degraus a que o Espírito pertence, na qual sofre o retorno de suas más ações e pensamentos ou goza de determinada felicidade a que fez jus, de conformidade com a vida que leva no seio da sociedade. Como já foi dito, o primeiro plano espiritual depois da Terra é de “natureza inferior” e quem ali estagiar durante o sono físico fica preso, por indução magnética, em função do que preparou na forja mental e na expansão dos seus sentimentos na área em que vive. Ficamos atados pelas amarras dos nossos pensamentos inferiores ou ficamos livres, no ambiente de amor que construímos e que atinge a coletividade.

Esse primeiro plano é como que um campo de prisioneiros que estão juntos por afinidade de sentimentos. Ele nos mostra o quanto deveremos trabalhar para nos livrarmos dos ambientes indesejados, quando em estado de sono e, certamente, em desdobramentos mais ou menos conscientes. 

O corpo humano jamais foi organizado para viver enfermo; a saúde é o estado natural e a doença é, por assim dizer, um período transitivo da alma no grande ajustamento cósmico. A dor é disciplina e os infortúnios são avisos. Os problemas nos indagam como vão as nossas forças, levando-nos ao equilíbrio. Precisamos ainda dessas manifestações da natureza, para a nossa ascensão espiritual.

Falemos agora sobre os “sonhos de recordação”. Contrariando muita gente que escreve sobre sonhos, a honestidade nos obriga a dizer que muitos sonhos são apenas recordações de um passado distante ou de apenas algumas horas. Queremos deixar bem claro que tudo é relativo, tanto no mundo físico quanto no espiritual. Nesta classe de sonhos, entremeados com eles, aparecem formas diferentes e, por vezes, comunicações mesmo com os Espíritos desencarnados. Todas as regras têm exceções.

Por último, temos os “sonhos de criação mental”. A mente cria imagens e, conforme a intensidade da força mental, as formas astrais acompanham e obedecem ao seu dono, podendo mesmo ter aparência de um ser vivente. Podemos, pois, viver rodeados pelas nossas próprias criações, ou ideações e, em muitos casos, os nossos sonhos, os nossos encontros no mundo espiritual, são apenas ilusórios. Nesse caso, desgastamos o nosso psiquismo, porque em vez de haurir forças espirituais, as formas astrais, nossas filhas, sugam de nós alimentos energéticos, qual crianças sorvendo o leite materno.

O estudante espiritualista não ignora, mormente no século que atravessamos, o poder do pensamento, cuja estrutura se enraíza nas fibras mais íntimas do EU. De qualquer maneira, os fenômenos da mente, que exterioriza forças e manipula energias para alcançar uma estabilidade espiritual no decorrer do tempo, merecem um estudo mais acurado. O homem na Terra, seja qual for a escala a que pertença, visualiza um futuro de luz. Para tanto, porém, haverá de passar por muitos estágios, subir os degraus da grande escada que se apoia na Terra mas se firma nos Céus.

Nós, quando ainda estávamos no plano terreno, já nos interessávamos muito por essa ciência maravilhosa da projeção astral ou desdobramento. Estudávamos muito sobre isso, pesquisávamos diversos autores, bem como conversávamos com muitos companheiros que tinham desenvolvido esse dom. E quando retornamos ao campo imenso do Espírito, continuamos o nosso estudo, de sorte a nos fascinar muito mais, por encontrarmos maior realidade.

Muitas experiências esquecidas na Terra foram relembradas com detalhes sugestivos, trazendo para as nossas anotações maior riqueza de conhecimentos. Tudo isso faz parte da mediunidade, que transcende todos os acanhados campos da compreensão humana e avança no infinito, na universalidade que é peculiar ao seu verdadeiro estado.

As viagens astrais serão o grande interesse do futuro de todos os povos, pois asseguram para as criaturas a certeza da vida depois do túmulo e conscientizam as pessoas da reencarnação e do valor imensurável do Cristo porque, pela porta sagrada do sono, se adentrará na escola do Espírito, onde o Evangelho é a base de todas as cogitações, ligado a todos os interesses que nos prendem nas variadas faixas da vida. Se o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo é difundido a todas as criaturas no mundo terreno, o é muito mais no mundo dos Espíritos.

É aqui, no nosso plano, que ele é bem conhecido, porque é entendido em Espírito e Verdade. Quem conhece os ensinamentos do Senhor e começa a vivê-los, sente no coração os princípios de libertação, cujo avanço depende de certo modo de esforço próprio, como sendo sementes lançadas na lavoura interior. Não existe outro preparo maior e melhor do que o dado por Jesus, em todos os Seus conceitos de vida. Eles são ensejo de entrada para a verdadeira iniciação espiritual.

Temos acompanhado muitos homens com a finalidade precípua de estudar com mais profundidade sua marcha de ascensão espiritual e acompanhar o desenvolvimento dessa faculdade engenhosa de desdobramento consciente. Muitos deles interrompem suas experiências por medo; outros, por preguiça de enfrentar longos e porfiados preparos e, outros mais, como os Tomés, mesmo vendo e sentindo, atribuem tudo ao subconsciente, por influência de muitas escolas que o materialismo criou e sustenta no mundo. Não obstante, jamais esmorecemos com tais ou quais procedimentos, por sabermos que nada se perde na grande orquestração da vida.

Há pouco tempo assistíamos a uma conversa entre duas pessoas afins, uma alimentando a ideia da outra, argumentando que a vida é uma ilusão. "Não devemos nem perder tempo em pensar nessas coisas", asseverava uma. "Tudo que os nossos sentidos registram como sendo verdadeiro, mesmo o palpável, foi programado pelos nossos ancestrais, tomando a forma de sugestão pelos arquivos da natureza. É de tanto ouvirmos isso das bocas dos outros todos os dias, se processa em nós o condicionamento. Aliás, disso já tratou um grande cientista russo, o Dr. Pavlov", finalizou.

Sabemos que a evolução é, sobremaneira, demorada; entrementes, mesmo sendo assim, nunca deixa de avançar, queiramos ou não. E os que negam hoje, certamente irão aceitar a realidade amanhã. Nada, felizmente, nos assusta, principalmente essas atitudes de determinados homens, que vivem na faixa terrena e em estágio evolutivo estacionário.

Ao Brasil está destinado um grande desempenho na programação evolutiva dos povos. Daqui, desta nação abençoada, irão jorrar luzes para todas as direções do planeta, a fim de despertar os corações para Cristo e para Deus, e ser-nos-ão dados todos os recursos no sentido de ajudar mais.

A Doutrina Espírita não é o que os homens queiram fazer dela através dos séculos; quem pretender torcer o seu destino grandioso no seio da sociedade será retirado como palha imprestável e queimada como joio sem interesse. Serão chamados os verdadeiros discípulos, para que deem exemplos do verdadeiro amor e da caridade e esses instrumentos dos Espíritos superiores já se encontram, em quantidade suficiente, animando corpos, ainda no anonimato, no meio dos homens, mas que, na hora certa, atenderão ao chamado do Divino Mestre.

Nos céus da nação brasileira se encontram muitas falanges de Espíritos puros, com a sagrada missão de difundir as verdades espirituais. Ninguém deterá essa marcha, por ser ela executada sob as ordens de Deus, para a paz dos seres humanos. Não há mais dúvida para os espiritualistas sobre a realidade da reencarnação, sobre a comunicação dos Espíritos com as criaturas encarnadas e sobre a continuação da vida após a morte.

Enquanto alguns querem se fazer de esquecidos das verdades eternas, nós outros, do plano espiritual, trabalhamos todos os dias, avivando cada vez mais a noção iluminada da vida do Espírito. As escolas na erraticidade não se fecham. São elas abençoados pousos de educação das almas em trânsito e o tempo, como força de Deus, vai nos mostrar a colheita do que ora plantamos em todos os corações de boa vontade. Repetimos, nada se perde, principalmente o Bem que se prega, que se ensina e que se vive!


Lancellin












terça-feira, 29 de outubro de 2024

Emmanuel - Livro Dinheiro - Chico Xavier - Cap. 5 - No templo do bem



Emmanuel - Livro Dinheiro - Chico Xavier - Cap. 5


No templo do bem


Elogiável se te fará a beneficência nas atitudes, despendendo somas consideráveis, em favor dos necessitados, mas se buscares pessoalmente os irmãos infelizes, oferecendo-lhes o abraço de solidariedade e bom ânimo, brilhar-te-á no coração a bondade pura.

Cooperarás com expressiva parcela amoedada na obra assistencial aos doentes e serás, com isso, o credor de alegria e reconhecimento de muitos beneficiários na Terra, entretanto, se além disso, te confiares ao esforço de auxiliar ao enfermo e ao desvalido, com as próprias mãos, contarás com a ternura e com o agradecimento de outras muitas criaturas na Vida Maior.

Serás estimado por muita gente ao ceder as sobras de tua casa no socorro aos famintos e aos nus, no entanto, se renunciares um tanto, à satisfação dos próprios desejos, procurando os filhos do infortúnio, para reconfortá-los, serás louvado além do mundo.

Ensinarás o bem, escalando os galarins da popularidade, pelo verbo fácil que te fulgura na boca e serás, em razão disso, o favorito das multidões, durante algum tempo, mas se praticares a virtude que apregoas, sacrificando-te com sinceridade e devotamento, em auxílio dos que te rodeiam, iluminarás o caminho terrestre e viverás em longas filas de corações agradecidos.

Procuremos o bem, difundindo-o, exaltando-o e destacando-o, através de todas as oportunidades ao nosso dispor, entretanto, diligenciemos honrá-lo, com a nossa integração em seus fundamentos e apelos.

Caridade ensinada melhora os ouvidos. Caridade praticada aprimora os corações.

Dividir conscienciosamente os bens que retemos é sustentar a respeitabilidade humana.

Renunciar, a benefício do próximo, será sempre elevar-se.

Derramando os valores da própria alma, Jesus legou ao mundo os tesouros da Compreensão e da Paz.

Além de espalhar as possibilidades com que a Providência Divina nos abençoa a vida, forneçamos, no auxílio aos outros, algo de nosso tempo, de nosso suor, de nosso carinho e de nossos braços, na mobilização de nós mesmos, e estaremos transformando a própria existência num poema de luz e amor que possa acrescentar o amor e a luz sobre os quais o Cristo, entre os homens, vem construindo o Reino de Deus.


Emmanuel











Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Maria Dolores - Livro Somente Amor - Maria Dolores / Meimei - Chico Xavier - Cap. 26 - O irmão lobo



Maria Dolores - Livro Somente Amor - Maria Dolores / Meimei - Chico Xavier - Cap. 26


O irmão lobo


Na floresta de Gubbio, um lobo se fizera
Uma espécie de monstro aterrador,
Mais astuto e mais hábil que uma fera
Parecia um terrível salteador,
Matando qualquer homem desarmado,
Espalhando pavor e aniquilando o gado…

Mas, Francisco de Assis foi procurá-lo, um dia,
E, em plena solidão,
Ao encontrá-lo, em vasta ramaria,
Começou a chamá-lo por irmão…
Em seguida, falou-lhe da bondade,
Da paz, da caridade, do carinho…

Pediu-lhe, por Jesus, alterar o caminho
Em que o pobre animal
Vivera até então
E terminou, rogando ao lobo atento
Fosse morar com ele no convento
E a fera obedeceu,
Sem demonstrar qualquer hesitação.

Seguindo o Irmão Francisco, achou-se em novo lar
E, ao mudar de atitude, entregou-se, feliz,
No trabalho do bem, nas tarefas de Assis.
Era um guarda-noturno dos melhores
E, carregando um cesto aos dentes,
Buscava pães nos arredores.

Mas o chefe ocupado, muitas vezes,
Por semanas ou meses,
Ausentava-se em serviço,
Quase sempre reunido a Frei Leão,
Saía em sacrifício e peregrinação,
A fim de semear o ensino do Senhor,
Atento a inolvidável compromisso.

Nessas ocasiões,
O Irmão Lobo sentia
A carência de amor
E a fome de alegria.
Longe do Irmão Francisco, em todas as estradas
Era seguido a insultos e pedradas…
Mesmo entre os servidores do convento
Sofria ele o impacto violento
De varadas cruéis…

Chamavam-no “covarde”, “lobo vil”
“Carniceiro feroz…”
E de tanto aguentar o tratamento hostil,
Vendo-se, um dia, a sós,
O Irmão Lobo voltou para a vida selvagem,
Na antiga sede de carnagem;
Tomando à condição a que dantes se dera
Nos instintos de fera…

Voltando o Irmão Francisco
À morada de amor que presidia,
Depois de longa ausência,
Teve notícia da ocorrência
Mas, embora cansado
E prematuramente envelhecido,
A lastimar o acontecido,
Ante as muitas saudades do animal,
Embrenhou-se no verde da floresta…
E reencontrou o Irmão Lobo, como em festa
Na vastidão da natureza,
Perseguindo, sem pausa, uma lebre indefesa.

— “Irmão Lobo, o que é isto?”
— Disse o recém-chegado.
— “Já não te lembras mais dos ensinos do Cristo?” 
O lobo veio a ele, abatido e humilhado,
E respondeu, tristonho:
— “Santo amigo, não pude suportar
As dores que sofria em vossa ausência,
Acreditei que o vosso sonho
Fosse uma realidade na existência,
Mas tenho ainda as marcas doloridas
De profundas feridas
Que os homens me fizeram…

Toda vez que deixáveis nossa casa
Tratavam-me com vara, pedra e brasa…
Não vi qualquer pessoa a não ser vós
Nos ensinos sagrados
Que trazíeis a nós…
Deixai-me, santo amigo,
Sou lobo, apenas lobo no serrado,
Fera solta nas trilhas em que sigo”.

Francisco, então, enfermo e fatigado,
Replicou-lhe, porém:
— “Irmão Lobo, recorda!… O caminho do bem
É aquele de Jesus…
Devemos aceitar a própria cruz…
Recorda as instruções que estudaste comigo,
Sentença por sentença!…

Deixe que eu te interprete:
A lei é perdoar setenta vezes sete
Qualquer ofensa recebida. 
A presença do Cristo é o sol de nossa vida…
Volta, comigo, irmão,
Eu também, já sofri calúnia, provação…

Sinto-me fatigado,
Mas a fé no Senhor é uma luz em meu peito,
Continua, Irmão Lobo, de meu lado,
Resguarda-me, com Deus, na pedra em que me deito…
Necessito de ti na casa de onde venho,
As tuas grandes cicatrizes
Dos momentos que julgas infelizes
São feridas irmãs das úlceras que eu tenho!…”

O lobo cabisbaixo acompanhou o amigo,
Fez-se-lhe guardião na aspereza do abrigo,
Onde Francisco, dantes forte,
Pôs-se em chaga e oração
Para aguardar a morte…

Finda aquela existência engrandecida e bela,
O Irmão Lobo fugiu para um bosque vizinho,
Algo desatinado,
Como alguém que se vê desamparado
Sem rumo e sem caminho,
Em súbita carreira…

Ouvido no convento
Notou-se que ele uivara a noite inteira;
E porque se calara, de repente,
Quando o Sol regressou, resplandecente,
Um irmão de Francisco foi à mata,
Decidido a traze-lo,
No máximo de zelo,
Para a vida de paz, de serviço e conforto…

Mas, surpreso, encontrou nas pedras do serrado
Um corpo de animal abandonado:
O lobo de Francisco estava morto.


Maria Dolores