quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Maria Modesto Cravo - Livro Diferenças não são Defeitos: A riqueza da diversidade nas relações humanas - Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira - Introdução - O poder da fraternidade



Maria Modesto Cravo - Livro Diferenças não são Defeitos: A riqueza da diversidade nas relações humanas - Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira - Introdução


O poder da fraternidade


"E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder (...)" - MATEUS, 10:1


Meus Filhos,

Em meio ao vasto serviço pelo bem da Era Nova de Regeneração, a Lei divina, por meio da consciência, sempre nos conduzirá a uma única proposta: o bem que temos feito por nossa própria redenção.

A maioridade das idéias espíritas acontece dentro de nós.
O trabalho do Cristo tem de ser bom também para nós. A técnica que nos ensina a libertar o outro tem de se constituir em poder interior para nos fazer criaturas melhores, mais amáveis, mais serenas, mais saudáveis e que aprendam a se defender das insinuações do mal.

A maioridade espiritual não está fora de nós.

O trabalho e a ação são realizados em conjunto, todavia o calvário dos testemunhos e a absorção do aprendizado são pessoais e intransferíveis.

Como está nossa vida interior?

Nisso reside a força dos tempos novos para a maioridade sentida e aplicada: transportamos em nós mesmos o poder da fraternidade. Os eflúvios da criatura fraterna são fortes apelos naturais para a transformação.

E, por caridade, não acreditem que fraternidade seja virtude de anjos! Fraternidade é o traço afetivo da maioridade e da paz entre os homens.

A humanidade, cansada e oprimida, necessita mais de fraternidade que de técnica.

Meus filhos, cuidemos para que o avanço por fora, por meio de obras perecíveis que o tempo vai renovar, não nos encarcere novamente nas ilusões. quando julgamos ter avançado espiritualmente uns mais que os outros, estamos aceitando o convite do orgulho para superdimensionar o valor de nossa participação na Obra do Cristo.

A lição áurea é o amor.

Será que aprendemos a gostar uns dos outros? Como anda nosso sentimento em relação à diversidade humana? Amamos ou pensamos que amamos? Somos fraternos na prática ou temos a fraternidade como informação estéril? Estamos conseguindo manter bons pensamentos com quem não sintonizamos? Guardamos a boca iluminada mesmo com aqueles que foram descuidados conosco?

Imperioso descobrir as sombras da maldade que ainda estão no nosso coração e que foram produzidas por nossa própria caminhada tortuosa nas reencarnações. Técnica, inteligência, experiência, largueza de percepções, volume de informação, visão de futuro e bagagem vivencial são apenas credenciais para servir mais. Sem isso, as descobertas de fora podem se reduzir a confetes coloridos que serão varridos após a festa da vaidade.

A melhor religião de todos os tempos é o amor.
O livro mais completo de redenção espiritual é o Evangelho.

Nenhum poder se compara ao do amor legítimo, esse sentimento que consegue brotar no charco de nossas imperfeições sem se misturar às impurezas de nosso lixo emocional.

Quem ama apoia. Quem ama, compreende os diferentes e aceita as diferenças. Quem ama traz no íntimos o poder de ser fraterno, e quem tem esse poder imuniza-se contra a mágoa, avança sem destacar os defeitos alheios, persegue o ideal de ser útil sem condições, compreende sempre as escolhas de outrem e consegue sorrir quando o agridem com os insultos da mentira. Acreditar que amamos não deixa de ser um passo importante, contudo, não nos dá direito algum de subestimar quem quer que seja em razão desta capacidade de amar.

O futuro regenerador do planeta não comporta a crueldade silenciosa da indiferença, a força destrutiva da antipatia camuflada e muito menos o amargor da rejeição envernizada. A convivência da regeneração é construída na luz da autenticidade, da parceria, da cooperação e do auxílio mútuo, e tais qualidades varrem para longe as enfermidades morais que geram conflitos e separatismo.

Abandonando a prepotência e a rigidez, tudo ficará mais leve, e leveza é também uma palavra no vocabulário dos tempos novos.

O poder conferido pelo Cristo aos seus discípulos, narrado no texto de Mateus, capacita-os a saber quem são verdadeiramente, a viver o doloroso processo de desilusão e a conhecer os reais potenciais que todos temos em nós por herança divina.

"Deu-lhes poder (...)"

Maioridade é poder para renunciar às ilusões de nossa personalidade, irradiar a serenidade no modo de ser, desapegar-se dos julgamentos sobre o próximo e, sobretudo, para ser o mensageiro da fraternidade, agregando em torno de nossos passos o clima da verdade e da vida, as essências espirituais fundamentais na arte de existir.

O Cristo exala virtude e magnetismo. Na sua presença todos se sentem compelidos a algo melhor e mais compensador. ele tem uma força de atração e, por mais que desejem apagá-lo, mais ele transcende, mais luz projeta. Quanto mais o atacam, mais seu nome é lembrado.

A Obra é do Cristo. E pelo que saiba, até agora, Jesus não mandou "despedir" ninguém, conquanto as diferenças! Pelo contrário, não queiram saber quanta alegria existe nos Planos Maiores pela coragem daqueles que pegaram na enxada para arar o campo áspero e arredio, ainda que demonstrando dificuldades no manuseio da ferramenta, laborando muitas vezes de forma tão diferente!

Os recados que nos chegam desses Planos Superiores são cânticos de esperança em favor das lutas de todos nós. Autênticas súplicas de acolhimento e bondade conclamando todos à união e à aceitação sem limites.

Muitos chamados e poucos escolhidos. Abramo-nos para essa expressão da misericórdia Celeste.

Há muita esperança nos céus em torno dos passos de todos os que se movimentam para acender um pequeno lampejo de luz na Humanidade.

Quanta treva a vencer! Diante disso, por que os embates dispensáveis por conta de uma singela forma de entender ou se comportar? Diante de tanta necessidade, por que arrolar deficiências no trabalho alheio, sendo que todos apenas estamos dando o que podemos? Se sabemos que o trabalho é repleto de imperfeições, por que tanto rigor com o irmão que busca oferecer algo ao bem da sua forma e do seu jeito? Qual de nós não terá o que corrigir nos serviços do bem? Portanto, qual a razão de tanta discórdia por bagatelas do modo de entender?

A quem interessa semelhante disputa ante tanto a ser feito?
Só mesmo a doença da pretensão pode articular tanto rigor e endurecimento na postura.

Os mensageiros do bem de Mais Alto são unânimes na expressão do sublime sentimento de incentivo a todas as realizações que se erguem em nome do bem, sejam elas ou não classificadas como espíritas ou quaisquer designações.

Diante da multidão faminta, Jesus indagou: " Quantos pães tendes?"

Foi com as condições que lhe ofereceram que ele multiplicou fartamente o alimento em favor de todos.

Em um mundo de dor e fome da alma, qualquer migalha se torna uma fonte de nutrição e orientação nas mãos do Senhor.

Enquanto muitos procuram o mal por escolha, nós já começamos a sentir a necessidade do bem. Somos os obreiros ainda sem habilidade, porém dispostos a semear. Aprovemos-nos mutuamente nos campos de serviço com coragem para superar nossos impulsos de inaceitação e ciúme ante as tarefas alheias.

Vibremos com a alma pelos passos alheios. Não temos noção do esforço que tem custado para a maioria dos servidores manter-se no trabalho de sua melhoria e na ação em favor dos ideais espirituais.

Procuremos o lado melhor uns dos outros. Abundemos de misericórdia. Deixemos a fraternidade iluminar nossos sentimentos. Que expressões mais nítidas registrar para definir a maioridade espírita nas relações humanas?

As reflexões tecidas por Ermance Dufaux nesta obra são como rios de sabedoria e afeto conduzindo a correnteza do pensamento em direção ao mar do coração, onde verdadeiramente a fraternidade há de brotar. São páginas dirigidas ao sentimento, visando aos dias vindouros da regeneração na Terra.

Ave Cristo! Os que te amam assim te saúdam, Senhor!

Da servidora do Cristo e amante do bem,


Maria Modesto Cravo













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