segunda-feira, 18 de maio de 2020

Hammed - Livro Imensidão dos Sentidos - Francisco do Espírito Santo Neto - Pág. 29 - Autopercepção





Hammed - Livro Imensidão dos Sentidos - Francisco do Espírito Santo Neto - Pág. 29


Autopercepção


“O Espírito que se comunica por um médium transmite diretamente seu pensamento, ou esse pensamento tem por intermediário o Espírito encarnado no médium?

R.: É o Espírito do médium que o interpreta, porque está ligado ao corpo que serve para falar, e é preciso um laço entre vós e os Espíritos estranhos que se comunicam, como é necessário um fio elétrico para transmitir uma notícia ao longe, e no fim do fio uma pessoa inteligente a recebe e a transmite.” (O Livro dos Médiuns – 2ª parte – Capítulo XIX – Item 223)


Para cooperarmos convenientemente na mediunidade, a serviço do Bem Maior, devemos, acima de tudo, ser auxiliares do Plano Astral. 

Os médiuns não precisam tomar uma postura de absoluta imobilidade, esperando a manifestação das personalidades desencarnadas, como se fossem um boneco suspenso por fios presos nas mãos de um especialista na arte dramática. Eles, de fato, participam efetivamente, pois são intermediários, visto que recebem, processam, interpretam e transmitem pensamentos, ideias, sensações auditivas ou visuais.

Nas tarefas medianímicas, os sensitivos devem ter como base imprescindível a intuição e a inspiração, provindas do reino da alma. Porém, não podem desconsiderar as sensações do próprio veículo físico, para que haja um desenvolvimento integral e harmonioso da mediunidade.

Quando há equilíbrio entre o nosso “eu espiritual” e o nosso “eu corporal”, somos capazes de nos identificar com os Espíritos comunicantes e, a partir daí, começamos a criar uma maior percepção do fenômeno mediúnico. 

A Vida é energia organizadora, e o corpo denso é uma de suas inúmeras expressões. É tão importante termos uma clara consciência da fonte divina de onde provêm as nossas sensações transcendentais, como também sermos sensíveis às nossas sensações corporais, por mais simples e corriqueiras que possam parecer. Em nós tudo é sagrado, desde a ação mais comum de comer ou caminhar até o ato mais elevado de amor ao Criador.

A autopercepção é o somatório de todas as impressões internas e externas ao mesmo tempo. 

Através dessa “sensação generalizada”, a criatura entra em contato com si mesma, podendo traduzir com certeza se é sua ou não a emoção registrada e de onde ela se origina. Esse exercício constante nos leva a uma “conscientização extra-sensorial” e, consequentemente, a diferenciar ou desvendar as diversas energias que circulam em nossa volta. Quando não sabemos distinguir nossas impressões ou emoções, ficamos à mercê das mais diversas ondas magnéticas, como se estivéssemos oprimidos por um mundo desordenado.

A forma física é a condensação do corpo perispiritual. O sistema nervoso é a conexão do corpo astral à matéria e tem como função sensibilizá-la. Portanto, os “nervos” são elos sutis entre esses dois corpos.

Neste corpo perispiritual é que ocorrem as mais tênues sensações da alma humana. Sensibilidade é o nome que se dá à capacidade de perceber as conexões entre o mundo interior e o exterior.

A mente é a base no processo das comunicações espirituais, mas não podemos nos esquecer de que, além de registrar sentimentos, idéias e pensamentos da Espiritualidade, ela igualmente se manifesta através de uma linguagem corporal.

Querendo ou não, somos uma unidade enigmática. Corpo e alma são coesas e intimamente interligadas. Nada acontece em uma dessas partes sem que a outra não seja afetada.

Nos indivíduos plenamente desenvolvidos, não existe conflito entre corpo e alma, pois descobriram que seu instrumento físico é uma extensão de seu Espírito. Coração e razão decidem e agem lúcidos e unidos amorosamente.

A linguagem corporal é lida por meio das sensações que emergem de nossa intimidade e se expressam diretamente no corpo somático. Essas sensações nos transmitem informações importantes sobre nós mesmos, fazendo-nos usar expressões verbais peculiares. Vejamos alguns exemplos:

Quando a criatura se desenvolve e amadurece, dizemos que “ela caminha sobre as próprias pernas”; a intransigente chamamos de “cabeça dura”; a insensível de “coração de pedra”; a mesquinha de “mão fechada”; a fingida de “olhos apertados” e a inflexível de “perna de pau”. A frase “de todo o coração” quer dizer compromisso profundo e “ir ao fundo do coração” é o mesmo que atingir o âmago de uma questão. Também é comum usarmos as expressões “manteve a cabeça erguida”, quando uma pessoa se auto-responsabilizou por seus atos e atitudes, e “ficou em pedaços”, quando perdeu alguém que muito amava.

As emoções causam reações físicas, ou seja, movimentos ou impulsos internos que, por sua vez, produzem um efeito externo.

Nossas crenças inadequadas podem ter-nos levado a colocar uma forte divisória entre corpo e alma. Acreditávamos que o corpo nada tinha a ver com a alma. Na atualidade, sabemos que, para alcançarmos a plenitude das forças espirituais, é necessário ampla percepção de nossa unicidade – a natureza humana e transcendental.

À medida que a criatura se desenvolve e cresce rumo ao amadurecimento, vai dispondo de uma sensibilidade cada vez mais aguçada ao meio em que transita. Seleciona idéias, pensamentos, oscilações psíquicas, como o garimpeiro que separa do cascalho a gema preciosa ou o metal raro.

“É o Espírito do médium que o interpreta, porque está ligado ao corpo (...)”, assim esclarecem os Espíritos Superiores a Kardec ao se referirem ao mecanismo das comunicações espirituais.

O médium é um ser integral, ele não é somente a alma. O corpo faz parte do seu eu total, quer dizer, acima de tudo é uma individualidade, e não um ser dividido.

A nossa percepção pode vir acompanhada por um conjunto de impressões com qualidades diferentes, como: as sentimentais (amor, alegria, tristeza, angústia), as emocionais (raiva, libido, medo, surpresa), as cinestésicas (tato, olfato, gustação).

Para conseguirmos uma comunicação plena com a própria intimidade e com os outros, nas relações sociais, profissionais, afetivas ou mediúnicas, é necessário que o corpo e a alma estejam em perfeita sintonia. Quanto mais auto-observações fizermos, mais poderemos avaliar as energias das coisas e das pessoas dentro e fora de nós.

Muita gente guarda velhas crenças que valorizam mais o intelecto e desprezam, quase que totalmente, as sensações. Só através de uma observação lúcida é que poderemos recolher maiores registros do mundo invisível, a fim de colaborarmos com eficiência nas oficinas da Espiritualidade Maior.

O instrumento físico é a parte mais densa da alma; em realidade, é o indispensável assistente nos transes transcendentais. Ele pode ser comparado a “(...) um fio elétrico para transmitir uma notícia ao longe (...)”. A autopercepção é uma atividade dos nossos sentidos. 

Portanto, lembremo-nos: se não exercitarmos uma constante comunicação com nós mesmos, simplesmente não poderemos nos comunicar, de forma apropriada, com os outros indivíduos, encarnados ou desencarnados.


Hammed









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