O Heroísmo da Resignação
O imediatismo dos interesses apaixonados confunde-a com demência ou a tem em conta de deficiência de forças para poder investir violentamente contra as circunstâncias.
Não falta quem se rebele contra os seus necessários impositivos.
Tacham-na de cobardia moral.
Creem-na ultrapassada, nos dias voluptuosos do tecnicismo moderno.
Todavia, a resignação é bênção lenificadora, quando a vida responde em dor e sombra, infortúnio e dificuldade aos apelos do homem.
Alternativa redentora, que somente os bravos se conseguem impor, reforça os valores espirituais para as lutas mais ingentes da inteligência e do sentimento.
Não deflui de uma atitude de medo, porquanto isso seria injustificado ante as Leis Superiores, mas resulta de morigerada e lúcida reflexão que favorece o perfeito entendimento das imposições evolutivas.
O conhecimento dos fatores causais dos sofrimentos premia o homem com a tranquila responsabilidade que assume, em relação aos gravames que os motivaram.
Quiçá a resignação exija mais dinâmica da coragem para submeter-se, do que requereria a reação rebelada da violência.
Entrementes, a atitude resignada não significa parasitismo nem desinteresse pela luta. Ao contrário, enseja fecundo labor ativo de reconstrução interior, fixação de propósitos salutares em programa eficaz de enobrecimento.
Ceder, agora, a fim de conseguir mais tarde. Aguardar o momento oportuno, de modo a favorecer-se com melhores resultados
Reagir pela paciência e mediante a confiança imbatível em Deus, apesar do quanto conspire, aparentemente contra.
Crer sem desfalecimento, embora as aparências aziagas.
Porfiar no serviço edificante sem engendrar técnicas da astúcia permissiva, quando tudo se apresenta em oposição.
Manter-se na alegria, não obstante sofrendo ou incompreendido, abandonado ou vencido, expressa os triunfos da resignação no homem consciente dos objetivos reais da existência na Terra.
O metal em altas temperaturas funde-se. O rio caudaloso na planície espalha-se.
A semente no solo adubado transforma-se.
O cristão ativo na construção do testemunho resigna-se.
A própria reencarnação é um ato de submissão, quanto a desencarnação, desde que ocorrem independentemente da vontade do aprendiz que se deve resignar às exigências superiores da evolução.
Resignação, por conseguinte, é conquista da não violência do Espírito que supera paixões e impulsos vis, a fim de edificar-se e triunfar sobre si mesmo e, em conseqüência, sobre os fatores negativos que lhe obstaculam o avanço libertador.
Joanna de Ângelis
Fonte: Leis Morais da Vida-pdf
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