domingo, 26 de dezembro de 2021

André Luiz - Livro Coletânea do Além - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 68 - Jesus




André Luiz - Livro Coletânea do Além - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 68


Jesus


Divino Senhor — fez-se humilde servo da humanidade.

Pastor Supremo — nasceu na manjedoura singela.

Ungido da Providência — preferiu chegar ao planeta, no espesso manto da noite, para que o mundo lhe não visse a corte celestial.

Orientador nas Esferas Resplandecentes — rejubilou-se na casinha rústica de Nazaré.

Construtor do Orbe Terrestre — manejou serrotes anônimos de uma carpintaria desconhecida.

Prometido dos Profetas — escolheu a simplicidade para instituir o Reino de Deus.

Enviado às Nações — preferiu conversar com os doutores na condição de criança.

Luzeiro das Almas — consagrou longos anos à preparação e à meditação, a fim de ensinar às criaturas o caminho da redenção.

Verbo Sagrado do Princípio — submeteu-se à limitação da palavra humana para iluminar o mundo.

Sábio dos Sábios — valeu-se de pescadores pobres e simples para transmitir aos homens a divina mensagem.

Mestre dos Mestres — utilizou-se da cátedra da Natureza, entre árvores acolhedoras e barcos rudes, disseminando as primeiras lições do Evangelho Renovador.

Majestade Celeste — conviveu com infelizes e desalentados da sorte.

Príncipe do Bem — não desdenhou as vítimas do mal, amparando mulheres desventuradas e sentando-se à mesa de pecadores envilecidos.

Instrutor de Entidades Angélicas — andou com a multidão de leprosos, estropiados e cegos de todos os matizes.

Administrador da Terra — ensinou o respeito a César, consagrando a ordem e santificando a hierarquia.

Benfeitor das Criaturas — recebeu a calúnia, o ridículo, a ironia, o desprezo público, a prisão dolorosa e o inquérito descabido.

Amigo Fiel — viu-se sozinho, no extremo testemunho.

Juiz Incorruptível — não reclamou contra os falsos julgamentos de sua obra.

Advogado do Mundo — acolheu a cruz injuriosa.

Ministro Divino da Palavra — adotou o silêncio, ante a ignorância de seus perseguidores.

Dono do Poder — rogou perdão para os próprios algozes.

Médico Sublime — suportou chagas sanguinolentas.

Jardineiro de Flores Eternas — foi coroado de espinhos cruéis.

Companheiro Generoso — recebeu açoites e bofetadas.

Condutor da Vida — aceitou a crucificação entre ladrões.

Emissário do Pai — manteve-se fiel a Deus até o fim.

Mensageiro da Luz Imortal — escolheu o coração amoroso e renovado de Madalena para espalhar na Terra as primeiras alegrias da ressurreição.

Mordomo dos Bens Eternos — em precisando de alguém para colaborar com os seus seguidores sinceros, busca Saulo de Tarso, o perseguidor, e transforma-o no amigo incondicional.

Coordenador da Evolução Terrestre — necessitando de trabalhadores para as missões especializadas, procura os Ananias da fé, os Estêvãos do trabalho e os Barnabés anônimos da cooperação.

Missionário Infatigável da Redenção Humana — foi sempre e ainda é o maior servidor dos homens de todos os tempos e civilizações da Terra.

Recordando o Mestre Divino, convertamo-nos ao seu Evangelho de Amor, para que a sua luz nasça na manjedoura de nossos corações pobres e humildes! E, edificados no seu exemplo, abracemos a cruz de nossos preciosos testemunhos, marchando ao encontro do Senhor, no iluminado País da Ressurreição Eterna!


André Luiz








Meimei - Livro Os Dois Maiores Amores - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 7 - Inspiração do Natal




Meimei - Livro Os Dois Maiores Amores - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 7


Inspiração do Natal


Ouves a música do Natal e sentes que o coração se te transforma numa concha de alegrias e lágrimas.

É a luz do passado que te retoma o caminho e, com ela, reencontras Jesus na tela das emoções mais íntimas.

“Glória a Deus nas alturas e Paz na Terra!…” 

Diante de cada nota da inolvidável melodia, tornas ao regaço do lar, pelos prodígios da memória, revendo particularmente os que te amaram, com quem não podes trocar, de imediato, o abraço do carinho aconchegante…

Aqui, neste recanto do pensamento, escutas as orações maternas que te falavam de Deus; ali, reconstituis a imagem de teu pai, apontando-te no firmamento a seara rutilante dos astros; além, regressas ao convívio de professores inesquecíveis que te abençoaram a infância; e, mais além ainda, contemplas, de novo, afeições diletas que as provas e dificuldades do cotidiano não te arredaram da alma!…

O amor refulge em ponto sempre mais alto, na trilha das horas, e Jesus nos reaparece, a pedir que também nos amemos, a começar daqueles que nos rodeiam.

Não te detenhas!… Reparte não apenas a mesa farta que te emoldura o júbilo festivo, mas oferece igualmente a ternura que se te extravasa do sentimento. Se alguém te feriu, perdoa… E, se feriste a alguém, cobre o gesto impensado com a luz da humildade que te fará recuperar o apreço de teus irmãos.

Divide o agasalho que te sobre, ante as necessidades do corpo; no entanto, esparze a compreensão além dos limites de tuas próprias conveniências, e, quanto se te faça possível, estende auxílio e coragem aos companheiros caídos nas sombras da perturbação ou da culpa.

Natal é Jesus volvendo a nós, batendo-nos à porta da alma, a fim de que volvamos também a Ele…

Descerremos o coração para que o Senhor nasça na palha singela da nossa esperança de paz e renovação. E, enquanto a vida imortal brilha sobre nós, à feição da estrela divina, dentro da noite inesquecível, seja cada um de nós, de uns para com os outros, no Natal e em todos os dias, a presença do amor e o amparo da bênção.


Meimei








Emmanuel - Livro Antologia Mediúnica do Natal - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 35 - Página do Natal




Emmanuel - Livro Antologia Mediúnica do Natal - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 35 - Página do Natal


“Luz para alumiar as nações.” — (Lucas, 2:32)


Há claridades nos incêndios destruidores que consomem vidas e bens.

Resplendor sinistro transparece nos bombardeios que trazem a morte.

Reflexos radiosos surgem do lança-chamas.

Relâmpagos estranhos assinalam a movimentação das armas de fogo.

No Evangelho, porém, é diferente.

Comentando o Natal assevera Lucas que o Cristo é a luz para alumiar as nações. 

Não chegou impondo normas ao pensamento religioso.

Não interpelou governantes e governados sobre processos políticos.

Não disputou com os filósofos quanto às origens do homem.

Não concorreu com os cientistas na demonstração de aspectos parciais e transitórios da vida.

Fez luz no Espírito eterno.

Embora tivesse o ministério endereçado aos povos do mundo, não marcou a sua presença com expressões coletivas de poder, quais exército e sacerdócio, armamentos e tribunais.

Trouxe claridade para todos, projetando-a de Si mesmo.

Revelou a grandeza do serviço à coletividade por intermédio da consagração pessoal ao Bem Infinito.

Nas reminiscências do Natal do Senhor, meu amigo, medita no próprio roteiro.

Tens suficiente luz para a marcha?

Que espécie de claridade acendes no caminho?

Foge ao brilho fatal dos curtos-circuitos da cólera, não te contentes com a lanterninha da vaidade que imita o pirilampo em voo baixo dentro da noite, apaga a labareda do ciúme e da discórdia que atira corações aos precipícios do crime e do sofrimento.

Se procuras o Mestre Divino e a experiência cristã lembra-te de que, na Terra, há clarões que ameaçam, perturbam, confundem e anunciam arrasamento…

Estarás realmente cooperando com o Cristo, na extinção das trevas, acendendo em ti mesmo aquela sublime luz para alumiar!


Emmanuel








terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Maria Modesto Cravo - Livro O lado oculto da Transição Planetária - Wanderley Oliveira - Cap. 10 - Defesas nos serviços com o submundo astral - Conversa com Lampião




Maria Modesto Cravo - Livro O lado oculto da Transição Planetária - Wanderley Oliveira - Cap. 10


Defesas nos serviços com o submundo astral

Conversa com Lampião


Por que esse enfoque do mundo espiritual com o submundo foi tomando um vulto maior nos ambientes da Doutrina Espírita?

— Na vitrine do planeta Terra não pode ser exposta somente as belas gemas dos países desenvolvidos. A miséria e a dor necessitam de divulgação, de vir à tona, para que as soluções sejam pensadas. Não haverá mundo regenerado sem socorro e orientação aos países pobres. O universo é um sistema e jamais seremos felizes sem solidariedade e consciência social. Dizem os guias da Verdade: “Numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo, ninguém deve morrer de fome.”(1). Essa mesma linha de pensamento deve ser aplicada para o astral.

Como há livros mediúnicos tratando de colônias santificadas, torna-se inadiável revelar que os orientadores de tais colônias têm seus olhos e corações voltados ao submundo astral. Quanto mais elevação espiritual, mais a alma compreende seus laços com a escória humana. Nos porões da erraticidade habitam expressiva parcela de nossa família terrena, mendigando afeto e orientação. Todos temos mais ligação com eles do que supomos.

— Para nós, espíritas, há algum motivo especial em nos conscientizarmos dessa realidade do submundo?

— O contato com o mundo espiritual, em todos os tempos, sofreu açoites e pedradas com os objetivos escusos de encobrir a verdade e esconder a luz da imortalidade. De algumas décadas para cá, a luz da mediunidade livre e responsável vem sendo apagada paulatinamente, o que tem impedido o homem de descobrir as origens da escuridão e do mal. Essa dinâmica inclui os ambientes do Espiritismo, nos quais os cadeados da censura e da descrença têm escravizado muitos médiuns e trabalhadores de boa intenção. A espinha dorsal do mal na humanidade tem raízes históricas com o Cristo. Portanto, os discípulos do Evangelho devem estar conscientes de quando e como os adversários do Senhor procuram exterminar suas iniciativas no bem.

— Diante dessas suas colocações, nosso GEF poderia ajudar de que forma? – perguntou Suzana.

— De muitas formas. Citarei algumas tarefas que tenho aqui anotadas pela nossa equipe responsável pelos assuntos da mediunidade. São temas desenvolvidos pelo nosso orientador José Mário. Vamos lá! – e começou a ler alguns tópicos que já haviam sido passados por mim algum tempo atrás:

•Remoção de tecnologia parasitária, como implantes, chips e aparelhos de dominação mental alojados nos corpos sutis.

•Alinhamento de chacras e exame de quando estão invertidos, paralisados ou acelerados.

•Limpeza da aura por meio de retirada de ideoplastias, clichês mentais e morbos psíquicos.

•Desobstrução de chacras com eliminação de inflamações ou infecção larvária.

•Reconhecimento de ovoides naturais e artificiais.⁷.

•Intervenções em diversos formatos de goécia.

•Reconhecimento e eliminação de energias do mau-olhado.

•Asseio de cordões energéticos.

•Trabalhos de limpeza com intervenção dos elementais.

•Desobstrução dos pontos de angústia no chacra cardíaco.

•Choque anímico com entidades inconscientes e hipnotizadas por licantropia e zoantropia.

•Puxada de aura coletiva do inconsciente do grupo para limpeza de resíduos das tarefas.

•Técnicas para fechamento do corpo e proteção energética.

•Limpeza astral de lares, ambientes e objetos que servem de endereço vibratório.

•Orientação sobre como eliminar os efeitos perispirituais da mediunidade estagnada em médiuns afastados e sob regime de controle de falanges.

•Cirurgias no perispírito e no duplo etérico.

•Escoamento da matéria mental da culpa.

— O senhor falou em vibriões? O que são? – perguntou Suzana.

— São chamados assim, na erraticidade inferior, os espíritos acentuadamente culpados, que perderam sua forma perispiritual humana. Suas mutações de aparência obedecem a complexos fenômenos de zoantropia, que são ativadas quando se abrem os porões do inconsciente e surgem os impulsos capazes de animalizar a forma. Alguns vibriões apresentam-se na coloração que se aproxima muito de um fígado bovino. São arroxeados, muito magros e com a órbita dos olhos totalmente avermelhadas, como se estivessem preenchidas por sangue. São escorregadios e gelatinosos. Quando conseguimos resgatar alguns, temos que transportá-los agarrados ao peito com larga dificuldade, porque, se os apertamos muito, eles sentem dores terríveis! São muito gelados, com temperaturas que chegam a menos cinco graus Celsius, em seu estado mais habitual. Por incrível que pareça, com essa temperatura, ostentam pressões sanguíneas altíssimas, entre 22x8 e 23x9. Não conseguem andar e sofrem muito com a luz. Excretam secreções por todos os orifícios, alimentam-se de substâncias salinas e água comum. Nada mais!

Outros vibriões são esbranquiçados e também escorregadios. Lembram um carnegão de um furúnculo da pele humana, só que bem maiores. São gordurentos e malcheirosos. A única parte deles que lembra o ser humano são os olhos envoltos numa protuberância branca que se abrem por algumas vezes. Estão ambos a caminho da ovoidização.

Quando dissemos que almas apodrecem do lado de cá, não foi uma metáfora. Os vibriões, em sua estrutura energética, são uma colônia virótica que desorganiza, pouco a pouco, os tecidos da sua roupagem perispiritual.

Todos eles gemem muito e, alguns, em estados de dor mais acentuada, emitem um silvo longo, fino e arrepiante, transformando os ambientes onde vivem em locais tétricos e de arrepiar até quem se encontra nas tarefas da luz. Eles ficam acomodados dentro dessas gavetas refrigeradas, ao serem selecionados pelos vigias, para que se recuperem. Na maioria dos casos, os vigias não têm escrúpulos e eles ficam lá sem nenhum cuidado.

O nosso papel é, com carinho e amor, reduzir o ritmo do “retrocesso”. Retardar a ovoidização, na esperança de que a Misericórdia permita algum desdobramento inesperado em cada caso. Não desistimos de amá-los. Se não o fizermos, quem fará? Quando nada acontece, pelo menos eles recebem asseio e amor, para despertar algo adormecido em seu inconsciente.

No Hospital Esperança, temos incubadoras com mais de quatrocentos espíritos que estão em estado de vibriões, ovoides e em estado de zoantropia. Os vibriões são almas culpadas que irradiam indiferença, apatia, indolência, preconceito e desprezo. Vivem nas regiões que circundam o Vale do Poder, nos arredores da Cidade da Luxúria. Não há virtude alguma na postura dos que comandam tais pátios de dor como vigias, pois eles fazem negócios com os vibriões.

No submundo reina a impiedade, o interesse pessoal e a inteligência do mal. Nos lixões, os capitães da maldade encontram farto arsenal para consumar seus tresloucados ímpetos de domínio. Eles alugam essas almas que perderam a forma para atormentar encarnados. A simples aproximação dessas criaturas à aura de um encarnado pode perturbá-lo das mais variadas formas. Diariamente são retirados vários vibriões das gavetas e colocados em gaiolas que reproduzem as condições daquele local, para serem levados à superfície da crosta, onde estão os encarnados, com o objetivo de infestar os ambientes terrenos. Cada vibrião é capaz de contaminar ambientes em um raio de pelo menos trezentos metros.

Por aí você pode deduzir que os lixões fazem parte da “economia social” das organizações da maldade. Os vibriões são escravos em todos os sentidos da palavra. São vendidos ou alugados a troco de serviços ou medidas que atendam aos interesses dessas legiões. Vibriões são moedas, mercadoria de troca. Não se assuste! É como são considerados nessas hordas. Os vibriões e seu hábitat são alvo de negociatas, assaltos e sequestros, no intuito de obter ganho pessoal ou de grupos. Os cemitérios de gaveta são palco de muitas atrocidades e constitui um mercado de loucuras a preço de objetivos escusos.

— Estou surpresa e engasgada! Fico pensando, irmão Ferreira... Vamos mesmo dar conta de receber uma criatura dessas aqui? Podemos ser atacados pelos grupos que atuam nessas esferas?

— Já estão sendo todos os dias e não sabem.

— Nem brinque!

— O que os faz pensar que começar uma tarefa nova com o submundo vai lhes permitir vivências novas ou novos ataques? Saiba que achamos vibriões em porta-malas de carros, em casinha de cachorro, no terreno de alguns lares, no jardim de centros espíritas, em empresas e até dentro de lares. Sabe aquela referência que vocês usam muito por aí: “macumba”? Pois é! Muitas delas, dependendo da gravidade do quadro e de quem manipula o feitiço, usam os vibriões, os ovoides e as entidades em processo de zoantropia e licantropia.

Para começar uma tarefa com o submundo, não precisa necessariamente ir até lá. É preciso aprender o quanto essa realidade já está no seu ambiente terreno, o quanto o submundo está cada vez mais perto da realidade terrena. Shoppings, restaurantes, bares e praças estão sendo frequentados por espécimes estranhos à sociedade, como peregrinos tresloucados desses vales astrais sombrios. As coisas não pioram para quem começa uma tarefa desse porte. O simples fato de começarem um trabalho com essas esferas já é uma defesa.

Por vezes, o personalismo, o preconceito, o julgamento, a adversidade, a antipatia e a arrogância têm causado desastres lamentáveis à obra do bem, entorpecendo inteiramente grupos de trabalhadores que passam a discutir suas questões pessoais e pontos de vista, ignorando totalmente os laços afetivos do seu grupo espiritual, na hora do conflito e da disputa. E por que isso acontece? Apenas por uma questão de maturidade moral? Não. Não é só por isso, embora resida nisso o ponto fundamental do exercício mediúnico com Jesus. Não podemos deixar de mencionar que a compreensão que se tem.

— Meu Deus! – Maurício tomou a palavra. Foi mais que um passo, foi uma caminhada!

— Nossa equipe está feliz com as primeiras orientações. Essa será a tônica das nossas atividades socorristas ao submundo. Vamos aprender fazendo. Vamos servir e ser úteis, pois são as formas pedagógicas mais eficazes de aprendizado.

As atividades daquela noite foram encerradas em clima de festa. Todos, sem exceção, nutriam esperanças e as depositavam em um único foco: na nossa equipe espiritual. Rendiam-se obedientes à força das ideias e do sentimento cristão que ali imperava. Nenhuma diferença conseguia abalar a força dessa união de propósitos. Era uma entrega pelo coração!

Essa talvez seja uma das conquistas que mais mereça destaque nos serviços de Jesus, aplicada aos sagrados campos da mediunidade. Por vezes, o personalismo, o preconceito, o julgamento, a adversidade, a antipatia e a arrogância têm causado desastres lamentáveis à obra do bem, entorpecendo inteiramente grupos de trabalhadores que passam a discutir suas questões pessoais e pontos de vista, ignorando totalmente os laços afetivos do seu grupo espiritual, na hora do conflito e da disputa.

E por que isso acontece? Apenas por uma questão de maturidade moral? Não. Não é só por isso, embora resida nisso o ponto fundamental do exercício mediúnico com Jesus. Não podemos deixar de mencionar que a compreensão que se tem da mediunidade possui enorme e decisiva influência nos grupos mediúnicos, para que ajam com tamanho descuido e desconsideração aos vínculos e laços espirituais. E compreensão é também um dos ingredientes da maturidade emocional e moral.

Boa parcela dos serviços mediúnicos ainda está afeiçoada à ideia de sempre amparar as sombras, porém, poucos conseguem traduzir, comunicar ou alcançar uma ligação afinada com os servidores da luz. Com essa conotação de que a mediunidade tem por objetivo socorrer espíritos em desajustes dolorosos, os benfeitores quase não têm vez de participar das tomadas de decisão. Com esse propósito nobre de servir às dores dos desencarnados, muitos grupos não encontram razões e estímulos para uma conexão com seus orientadores.

Alguns chegam a asseverar que, na dependência dos trabalhadores para com os mentores, gasta-se um tempo que poderia ser empregado no bem dos sofredores. Outros chegam a acreditar que os benfeitores, quando querem dizer algo, buscam a psicografia e não ocupam o tempo destinado para cuidar dos obsessores.

Maturidade do entendimento. Maturidade moral. Eis a grande conquista a ser realizada!

A história do GEF nos leva a refletir na essência das lições de Jesus nesse setor do intercâmbio mediúnico como sendo uma parceria. Pessoas simples, carregando ainda muitas lutas a vencer em suas almas e com boa orientação espiritual são capazes de realizar muito quando seus corações abrem uma pequena fresta para a entrada da luz do amor.

Nossos companheiros no GEF são pessoas em busca de sua melhoria e crescimento espiritual. Juntos, conseguiram se transformar em um canteiro de esperanças e vitórias. Eles conseguiram abrigar em seu íntimo a vibração cósmica da amorosidade sem limites. Entraram, por essa razão, em sintonia com a lei que rege os mais sublimes planos da vida: a fraternidade sem barreiras. Conseguiram agasalhar em seus corações a vibração da universalidade, sob a égide de que todos os rótulos e separatismos se extinguem para dar lugar ao apoio, à colaboração e à união.

Essa necessidade humana de separar o inseparável, de distinguir o certo do errado, de desvalorizar quem não esteja afinado com os modelos é, sem dúvida, um dos maiores entraves aos serviços do bem na Terra. O preconceito, o racismo, a xenofobia, a homofobia, a discriminação da mulher, o desrespeito aos idosos, o menosprezo às classes sociais mais carentes e o privilégio para com as mais abastadas, enfim, toda forma deseparatismo é resultado da maior doença que assinala este planeta de provas e expiações: o egoísmo.

Vencer os preconceitos que excluem os diferentes, abraçar com respeito a diversidade, entender que diferenças fazem parte de um todo, dilatar a consciência de que a vida é um sistema e que essa separação de seitas, partidos, movimentos e culturas é algo ilusório é a base para uma entrega psíquica que permite florescer as bênçãos entre planos distintos da vida: o espiritual e o físico.

A Doutrina Espírita iluminou nosso caminho de diretrizes e compromissos, para que a consciência possa se libertar dos grilhões da culpa e da dor; entretanto, não nos impôs o pesado ônus de assumir aquilo que ainda não queremos ou não conseguimos.

Ser espírita e médium com o Cristo não é tarefa para os anjos. Todos podemos, dentro das limitadas condições que ainda nos assinalam, fazer algo em favor do bem e do próximo, diminuindo nosso egoísmo e dilatando a luz da fraternidade.

Trabalhamos todos pela nossa melhoria e, mais que conhecimento espiritual, o conhecimento de nós mesmos é a garantia mais segura para que a nossa sombra interior não seja a nossa grande adversária no bom aproveitamento das oportunidades de servir e aprender.

Quando o amor sucumbe, a trevas vencem. Se faltar a luz da generosidade, do afeto e do sentimento cristão, seremos atormentados pela escuridão da mágoa, da disputa e da inimizade.

Para os serviços com os infernos, é necessário que tenhamos laços com o céu. Para descer aos despenhadeiros do submundo astral, pede-se apenas a união de propósitos em torno do ideal do perdão e da tolerância, para recolhermos os sentimentos elevados por parte de tutores amoráveis que nos amparam os esforços.

O chamado de Jesus é para todos os que se encontram doentes e buscam sua cura pessoal. A regeneração bate à porta do planeta Terra neste século 21. Os pilares morais, sociais e espirituais deste tempo estão em plena construção. Para que esse novo tempo se estabeleça, é imperiosa a limpeza dos escombros morais, sob os quais se encontram soterrados bilhões de irmãos, nossos familiares espirituais, nas furnas da infelicidade, da tormenta e da loucura.

Os médiuns da regeneração se fazem archotes de luz nas trevas, auxiliando, efetivamente, a remoção de tais escombros, pelo simples fato de investigarem seu sombrio pessoal. São dispensadores emocionais capazes de manter o clima da serenidade mesmo ante os vendavais da agressividade, do preconceito, da maldade calculada e do poder organizado.

Nos bastidores da transição, há gemidos de dor, calados pelo materialismo voraz, esperando a luz do amor e o poder da coragem para salvá-los dos pátios horrendos na vida extrafísica. A defesa para aqueles que se oferecem a essa missão gloriosa, rejeitada por muitos grupos mediúnicos, é algo de incomparável grandeza e justiça.

As palavras de irmão Ferreira naquela noite de oportunidades junto ao GEF fortaleceu o ideal de servir de nossos companheiros, que até hoje se mantêm firmes em busca dos diamantes atirados no lodo, que não perderam sua luz e sua condição gloriosa de filhos de Deus.

O Cangaceiro do Cristo os conscientizou de que eles tinham os seus nomes na mesa de Jesus, e que nenhum amparo lhes faltaria no serviço do bem. Isso também serve para todo aquele que se oferecer no bom combate das lides da luz espiritual pela implantação da regeneração na Terra.


Maria Modesto Cravo 






(1) Questão 930 - O Livro dos Espíritos.



Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. 18 - Muitos os chamados, poucos os escolhidos - Item 9




Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. 18


Muitos os chamados, poucos os escolhidos


9. Todos os que reconhecem a missão de Jesus dizem: Senhor! Senhor! – Mas, de que serve lhe chamarem Mestre ou Senhor, se não lhe seguem os preceitos? Serão cristãos os que o honram com exteriores atos de devoção e, ao mesmo tempo, sacrificam ao orgulho, ao egoísmo, à cupidez e a todas as suas paixões? Serão seus discípulos os que passam os dias em oração e não se mostram nem melhores, nem mais caridosos, nem mais indulgentes para com seus semelhantes? Não, porquanto, do mesmo modo que os fariseus, eles têm a prece nos lábios e não no coração. Pela forma poderão impor-se aos homens; não, porém, a Deus. Em vão dirão eles a Jesus: “Senhor! não profetizamos, isto é, não ensinamos em teu nome; não expulsamos em teu nome os demônios; não comemos e bebemos contigo?” Ele lhes responderá: “Não sei quem sois; afastai-vos de mim, vós que cometeis iniquidades, vós que desmentis com os atos o que dizeis com os lábios, que caluniais o vosso próximo, que espoliais as viúvas e cometeis adultério. Afastai-vos de mim, vós cujo coração destila ódio e fel, que derramais o sangue dos vossos irmãos em meu nome, que fazeis corram lágrimas, em vez de secá-las. Para vós, haverá prantos e ranger de dentes, porquanto o reino de Deus é para os que são brandos, humildes e caridosos. Não espereis dobrar a justiça do Senhor pela multiplicidade das vossas palavras e das vossas genuflexões. O caminho único que vos está aberto, para achardes graça perante ele, é o da prática sincera da lei de amor e de caridade.”

São eternas as palavras de Jesus, porque são a verdade. Constituem não só a salvaguarda da vida celeste, mas também o penhor da paz, da tranquilidade e da estabilidade nas coisas da vida terrestre. Eis por que todas as instituições humanas, políticas, sociais e religiosas, que se apoiarem nessas palavras, serão estáveis como a casa construída sobre a rocha. Os homens as conservarão, porque se sentirão felizes nelas. As que, porém, forem uma violação daquelas palavras, serão como a casa edificada na areia: o vento das renovações e o rio do progresso as arrastarão.


Allan Kardec









Allan Kardec - Livro O Céu e o Inferno - 1ª Parte - Cap. 3 - O céu - Item 13




Allan Kardec - Livro O Céu e o Inferno - 1ª Parte - Cap. 3


O céu 


13. - As atribuições dos Espíritos são proporcionais ao seu avanço, às luzes que possuem, a suas capacidades, à sua experiência e ao grau de confiança que inspiram ao soberano Senhor. Não há privilégio, não há favores que não sejam o prêmio do mérito: tudo é avaliado pela estrita justiça. As missões mais importantes são confiadas somente àqueles que se sabe serem capazes de realizá-las e incapazes de falhar ou de comprometê-las. Enquanto sob o olhar do próprio Deus, os mais dignos compõem o conselho supremo, a chefes superiores é entregue a direção dos turbilhões planetários; a outros é conferida a dos mundos especiais. Vêm a seguir, na ordem do adiantamento e da subordinação hierárquica, as atribuições mais restritas daqueles que são encarregados da marcha dos povos, da proteção das famílias e dos indivíduos, da impulsão de cada ramo do progresso, das diversas operações da natureza até os mais ínfimos detalhes da criação. Neste vasto e harmonioso conjunto, há ocupação para todas as capacidades, todas as aptidões, todas as boas vontades, ocupações aceitas com alegria, solicitadas com ardor, porque é um meio de progresso para os Espíritos que procuram elevar-se.


Allan Kardec









Emmanuel - Livro Recados da Vida - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Chico Xavier - Cap. 9 - Coragem da fé




Emmanuel - Livro Recados da Vida - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Chico Xavier - Cap. 9


Coragem da fé


Guarda a coragem da própria fé.

A existência na Terra é bendita oportunidade de evoluir.

Se a provação te visita, recebe-a com paciência.

A dor, seja qual seja, é sempre um aviso salutar.

Não te marginalizes, caminha adiante.

Não existem espinhos e pedras insuperáveis.

Quanto possível, auxilia aos companheiros na travessia dos entraves maiores do que os teus.

Se agora é o teu momento de auxiliar, é possível que, em breve, venha a surgir o teu momento de receber o socorro alheio.

Não te entregues à impaciência; reclamação e azedume são processos de perder aquilo de que mais necessites.

Trabalha sempre. Ainda que as circunstâncias te obriguem a trabalhar pouco, mantém-te nesse pouco, de vez que servir espontaneamente é ato dos mais significativos da Criação.

Se te ofendem, perdoa; os agressores não sabem o número das tribulações que os esperam.

Haja o que houver, confia na Providência Divina, porque o Senhor que nos sustentou e dirigiu até hoje, nos sustentará igualmente agora, a fim de prosseguirmos colaborando na edificação da Terra Melhor de Amanhã.


Emmanuel







Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

sábado, 20 de novembro de 2021

Léon Denis - Livro O Mundo Invisível e a Guerra - Cap. V - A justiça divina e a atual guerra




Léon Denis - Livro O Mundo Invisível e a Guerra - Cap. V


A justiça divina e a atual guerra

 
14 de Julho de 1915

Há um ano que sobre a França caem às provações de uma guerra sem precedentes. Um véu de tristeza e de luto estende-se sobre os nossos pais e muitos irmãos nossos choram por entes queridos.

A vista de tantos males, é mister volver os pensamentos para os princípios eternos que regem as almas e as coisas. Somente no Espiritismo acharemos a solução dos múltiplos problemas dite o drama atual apresenta: nele é que léus. Buscaremos as consolações capazes de mitigar a nossa dor.

Perturbados pelos acontecimentos que se dão, vários amigos me perguntaram: Porque permitem Deus tantos crimes, tantas calamidades?

Antes de tudo, Deus respeita a liberdade humana, pois que é o instrumento de todo progresso e a condição essencial de nossa responsabilidade moral. Sem liberdade, sem livre arbítrio, não existiria nem bem nem mal e como conseqüência não poderia haver progresso. E o principio de liberdade que constituem ao mesmo tempo a prova e a grandeza do homem, pois lhe confere o poder de escolher e de operar; é a fonte dos esplendores Moraes para quem está resolvido a engrandecer se. Não se tem visto, na presente guerra, uns descerem abaixo do bruto e outros, pela dedicação e, pelo sacrifício, atingirem o sublime?

Sabemos que, para os espíritos inferiores como os que, em maioria, povoam a terra, o mal é a resultante inevitável da liberdade. Mas, do mal praticada sabe Deus, em sua sabedoria profunda e infinita, tirar proveito para a humanidade. Colocado fora do tempo, por isto mesmo ele assiste ao decorrer dos séculos, ao passo que, uma nossa existência efêmera, tem dificuldade de abranger o encadeamento das causas e seus efeitos. Contudo, cedo ou tarde. Soará indubitavelmente a hora da justiça eterna. Sucede que ás vezes os  homens, esquecendo-se das leis divinas e do objetivo da vida, resvalam no declive do sensualismo e se chafurdam na matéria. Então, tudo o que era beleza da alma se encobre, desaparece, para dar lugar ao egoísmo, à corrupção, aos desregramentos de toda espécie. O que se verificava de muito tempo entre nós. A maior parte dos nossos contemporâneos já não tinham outro ideal senão a riqueza e os prazeres. O alcoolismo, a devassidão havia secado as fontes da vida. Para tantos excessos só restava um remédio: o sofrimento! As paixões más, sabemo-lo, desprendem fluidos que se acumulam pouco a pouco para se transformarem em borrascas e tempestades. (Dai a atual guerra).

Não faltaram, entretanto, avisos; mas os homens perseveraram surdos ás vozes do céu. Deus deixou que ela estalasse, porque sabe ser a dor o único meio eficaz para fazer voltar o homem a vistas mais sãs, a sentimentos mais generosos. Contudo, sofreu o furor do inimigo. Apesar do talento de organização e de um meticuloso preparo, a Alemanha foi detida na execução de seus planos. Sua feroz crueldade, sua desmedida ambição levantaram contra ela os poderes celestes. Depois do lento trabalho de desagregação do antimilitarismo, a Vitória do Marne e o entusiasmo das nossas tropas só podem ser explicados pela intervenção das forças invisíveis. Orar, essas forças estão sempre em ação, e eis porque, Apesar dos sombrios prognósticos do presente, conservamos, inteira a nossa confiança no porvir.

Do ponto de vista material, podia Deus impedir a guerra, porém do ponto de vista moral, não o podia, visto exigir uma de suas leis supremas que todos nós, indivíduos e coletividades, suportemos as conseqüências de nossas ações. São culpadas, em graus diversos, as nações empenhadas na presente luta. A Alemanha. Pelo seu insensato orgulho, seu culto da força bruta, seu desprezo do direito, suas mentiras e crimes, levantou contra si as forças vingadoras. O desmedido orgulho produz sempre a queda e a ruína. Foi a sorte de Napoleão; será a de Guilherme II. São tremendas as responsabilidades deste ultimo, pois o seu gesto não provoca somente hecatombes sem iguais na Historia; poderia também fazer perder a Europa o cetro da civilização. Ele conseguiu Por muito tempo, iludir a opinião: não sucedera mesmo à justiça eterna.

Quanto a França, nos dissemos, a leviandade, a imprevidência, o amor infrene dos gozos haviam de atraiu fatalmente sobre ela duras provações. Notemos foi no dia seguinte ao de um processo em que a podridão nacional se patenteava em plena luz, que rebentou a guerra. O que entre nós de pior havia não eram os nossos defeitos, era antes esse estado de consciência que não mais distingue o bem do mal. E a pior das condições Moraes. Os laços da família se tinham afrouxado de tal modo que se considerava o filho como uma carga. Por isso, o despovoamento, resultado de nossos vícios, nos colocou enfraquecidos diminuídos, ante um adversário temível. A alma francesa, porem, conservava imensos recursos. Desse banho de sangue e lagrimas ela ponde sair retemperada, regenerada.

Perante a justiça divina, não são somente estas duas nações que se acham carregadas de pesadas dividas. Entre os males que assinalamos, há uns que se estendem a toda a Europa. Por toda parte se nos deparam homens semelhantes aos que encontramos em torno de nós, cuja consciência morreu e que fizeram do bem-estar o fim exclusivo da existência, como certos políticos e homens de estado que tiveram a pretensão de presidir aos destinos de nosso pais.

Para reagir contra essas enfermidades da consciência e esse baixo materialismo, permitiu Deus que as calamidades se revestissem de caráter geral. Se tivessem sido apenas parciais, uns teriam assistido indiferentes aos sofrimentos dos outros. Para arrancar as almas ao letargo moral, a profunda imersão na matéria, era necessário esse raio que abala a sociedade a os alicerces. Ser-nos-á suficiente a terrível lição que nos é dada Se devesse permanecer vã, se devessem persistir em nós as causas morais de decadência e de ruínas, seus efeitos continuariam a se produzir e a guerra reapareceria com seu cortejo de males.

 E mister, pois, que, passada a tormenta, a vida nacional recomece em bases Moraes e que a alma humana aprenda a se desapegar dos bens materiais, a lhe compreender o nenhum valor. Sem o que, todos os sofrimentos terão sido estéreis e a nossa bela juventude, ceifada sem proveito para a França.

Conseguir-se-á algum dia abolir, apagar os ódios que separam os povo?

Os socialistas o tentaram, mas a sua propaganda internacionalista não teve outro resultado senão a mais estrondosa derrota. Os nobres e inúteis protestos dos pacifistas, seus apelos á arbitragem não nos parecem mais, diante do presente conflito, do que pueris ilusões. Ao sopro de um vento de tempestade, as nações se atiram umas contra as outras sem pensar em recorrer ao tribunal de Haya.

As religiões se mostram não menos impotentes: dois monarcas cristãos ou que na conta de cristãos eram tidos, ou pelo menos místicos e devotos, desencadearam todas as calamidades presentes. O próprio papa não logrou encontrar a expressão forte que convinha para estigmatizar atrocidades germânicas. 

Para remediar aos nossos males, seria preciso a renovação completa da educação, um despertar da consciência profunda; cumpriria ensinar a todos, desde a infância, as grandes leis do destino com os deveres e as responsabilidades que a elas se prendem; seria preciso que todos, cedo, ficassem compenetrados de que todas as nossas ações recaem fatalmente sobre nós com suas conseqüências boas ou más, felizes ou funestas, como a pedra lançada ao ar torna a cair ao solo. Em uma palavra, cumpre dar as almas alimento mais substancial e mais vivificante do que com que as alimentaram desde muitos séculos e que atinge a falência intelectual e moral que presenciamos com tristeza. Mas, enquanto o ensino escolar e religioso deixarem o homem na ignorância do verdadeiro fim da existência e da grande lei da evolução que regula a vida através de suas fases sucessivas e renascentes, a sociedade ficará entregue ás paixões más, á devassidão, e a humanidade será dilacerada por violentas convulsões.

Seria ocasião de ensinar ao homem a conhecer-se e a dirigir as forças que nele existem.

Se ele soubesse que todos os seus pensamentos, ações, movimentos hostis, egoístas ou invejosos, contribuem para aumentar os poderes maus que pairam sobre nós, alimentam as guerras e precipitam as catástrofes, mais
cuidado teria no seu modo de proceder e assim se atenuaram muitos males.

Só o Espiritismo poderia ministrar esse ensino; infelizmente, sua falta de organização lhe tira a maior parte dos recursos. Resta a iniciativa individual. Ela muito pode, na esfera restrita de sua ação. Todos os espíritas têm por dever difundir em torno de si a luz das verdades eternas e o balsamo das consolações celestes, tão necessários nas Horas de provações que atravessamos.

No meio da procela, a voz dos poderes invisíveis se ergue para dirigir um apelo supremo á França, á humanidade. Se não for ouvido esse apelo, se não provocar o despertar das consciências, se persistir a nossa sociedade nos vícios, no cepticismo, na corrupção, a era dolorosa se prolongará ou se renovará.

Mas o espetáculo das virtudes heroicas decorrentes da guerra nos conforta, enche-nos de esperança, de confiança no futuro de nossa terra que apraz-nos ver nele o ponto de partida de uma re. Surgimento intelectual e moral, a origem de uma corrente de idéias assaz poderosa para varrer os miasmas políticos e estabelecer o regimes que as circunstancias exigem. Então, do caos dos acontecimentos, surgirá uma França nova, mais digna e capaz de grandes obras.

A alma viva da França liberta-te das pesadas influencias materiais, que te detêm o surto e sufocam as aspirações de teu gênio! Neste, dia - 14 de julho -  ouvem a sinfonia que se ergue de todos os pontos do território nacional: vozes elos sinos que se escapam em ondas sonoras de todos os campanários, vozes das antigas cidades e dos burgos tranquilos, vozes da terra e do espaço que te chamam e te convidam a retomar tua marcha, tua ascensão na luz.

Soldados que, na linha de frente, opondes ao inimigo a trincheira de vossos peitos e de vossos valentes corações, sois a carne de nossa carne, o sangre de nosso sangue, a força e a esperança de nossa raça. As irradiações de nossos pensamentos e de nossas vontades dirigem-se a vós, para vos animar na luta ardente que prosseguis.

Ouvi, vós também, a harmonia que, neste dia, sobe das planícies, dos vales e dos bosques, das cidades populosas e dos campos recolhidos, unidos aos toques estridentes do clarim e aos acordes vibrantes das Marselhesas! E a voz da pátria. Ela vos diz.

Velai e lutai. Combateis pelo que neste mundo há de mais sagrado, por esse principio de liberdade que Deus colocou no homem e que ele próprio respeita, a liberdade de pensar e de obrar sem ter que prestar contas ao estrangeiro.

Combateis pela conservação do patrimônio que nos legaram os séculos, pela casa em que nascestes, pelo cemitério em que jazem nossos antepassados, pelos campos que nos alimentaram, por todos os tesouros de arte e de belezas acumulados pelo trabalho lento das gerações em nossas bibliotecas, museus e catedrais. Combateis para conservar a nossa língua, esse falar tão meigo que o mundo inteiro considera como a mais nítida e mais clara expressão do pensamento humano. Defendeis o lar da família, onde gosta de repousar vosso espírito e vossa alma; os berços de vossos filhos e os túmulos de vossos Pais!

Soldados, vós vos engrandecestes no ponto de vista terreno. Pela vossa firmeza na provação, pelo vosso heroísmo nos combates, levantastes aos olhos do mundo o prestigio da França, tornastes mais brilhante aureola de gloria que lhe orna a fronte. E mister, agora, aspirar ao céu; cumpre erguer os pensamentos para Deus, fonte de toda força e de toda a vida!

Não basta, para vencer, armas aperfeiçoadas e poderoso instrumental material. E necessário também o ideal e a disciplina; é preciso, nas almas, a confiança em um futuro infinito, a fé esclarecida, a certeza de que aos destinos de todos nos preside uma justiça infalível.

Ficai de sobre aviso com os negadores de verdades evidentes, com os que vos dizem que a morte é o fim de tudo, que o ser perece completamente, que os esforços, as lutas, os sofrimentos só têm por sanção o nada. 

Aprendei a orar antes da batalha, a implorar os socorros do alto. Abrindo-lhes os vossos corações, toar mais intensos, mais poderosos.

Desconfiai dos que vos dizem: não há fronteiras, a pátria é apenas uma. Palavra, todos os povos são irmãos. Reims, Soissons, Arras é tantas outras cidades podem responder eloquentemente a essas teorias.

Não foi dessa maneira que nossos pais constituíram a França através dos séculos, que tornaram grande, forte e respeitada.

Cada povo tem seu talento particular e para o manifestar precisa da independência. Dessa diversidade, desses contrastes mesmos é que se origina a emulação, que nascem o progresso e a harmonia.

Soldados ouviram a sinfonia que se eleva das planícies, dos vales e dos bosques, mesclada aos rumores das cidades, aos cânticos patrióticos e ás fanfarras belicosas. Das florestas da Argonne ás gargantas dos Pirineus, das margens floridas da Côte d'Azur aos vergeis da Turena e ás penedias da Normandia, dos promontórios bretões batidos pelas ondas aos Alpes majestosos, a grande voz da França entoa seu hino eterno!

Mais alto ainda se ergue a sua prece, a prece dos vivos e dos mortos, a prece de um povo que não quer parecer e que, na aflição, se volta para Deus, pede socorro, para salvar a independência e conservar intactas a gloria e grandeza!


Léon Denis










domingo, 14 de novembro de 2021

Bezerra de Menezes - Livro Encontros no Tempo - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 15 - Em torno do livro




Bezerra de Menezes - Livro Encontros no Tempo - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 15


Em torno do livro


O livro que instrui e consola, é uma fonte do Céu, transitando na Terra.


Bezerra de Menezes








Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Emmanuel - Livro Irmão - Chico Xavier - Cap. 12 - O Reino de Deus está próximo




Emmanuel - Livro Irmão - Chico Xavier - Cap. 12


O Reino de Deus está próximo


Muitas vezes, disse-nos o Senhor: — “O Reino de Deus está próximo.” 

E até hoje milhares de criaturas aguardam-lhe a vinda, através de espetaculosos eventos exteriores.

Muitos esperam-no, por intermédio de cataclismos inomináveis e mentalizam telas fantasmagóricas, incompatíveis com a Divina Misericórdia que nos preside os destinos…

Trovões ribombando no firmamento… Maremotos e terremotos… Raios destruidores a se derramarem do céu…

Multidões amotinadas promovendo devastações e ruínas… Fluidos comburentes na atmosfera, transformando-a em fogo devorador… Bombas fulminantes aniquilando nações inteiras…

E contam, quase sempre, com o absurdo e com o fantástico, para que se sintam no portal da grande transformação.

Sem dúvida que semelhantes flagelos podem sobrevir a qualquer momento na experiência das criaturas e no campo da natureza, contudo, longe de significarem o Reino Divino apenas revelam imperativos de nova luta e com serviço mais áspero para quantos se enfileiram nos quadros evolutivos da Humanidade.

O Reino de Deus está próximo, sim, mas, antes de tudo, em nossa capacidade de construí-lo por dentro de nós, através do Céu que possamos oferecer à alma do próximo.

Atendamos ao cumprimento do dever que a vida nos atribui, colaborando quanto possível pela vitória do bem a atender o amor que o Mestre nos legou e alcançaremos, com a urgência possível, o clima celestial para nós e para os outros.

É por isso que Jesus igualmente foi positivo e justo quando afirmou: “Quando se vos disser o Reino de Deus permanece ali ou acolá não acrediteis, porque, em verdade, o Reino de Deus está dentro de vós.”  


Emmanuel









André Luiz - Livro Nosso Livro - Espíritos Diversos / Chico Xavier – 1ª Parte, Cap. 7 - Pequeno curso de vigilância




André Luiz - Livro Nosso Livro - Espíritos Diversos / Chico Xavier – 1ª Parte, Cap. 7


Pequeno curso de vigilância


Diante do mal, santifica teus olhos.

Perante o bem, liberta a palavra.

Ante a ignorância, usa o entendimento.

Com os superiores, vigia teus modos.

Com os subordinados, guarda os ouvidos.

Na alegria, exerce a temperatura.

Na dor, aprende a lição.

Na abastança, não te esqueças de dar.

Na escassez, não olvides o esforço próprio.

Na festa, evita os lugares destacados.

No círculo do sofrimento, estende mãos fraternas.

Em negócios do mundo, repara os teus meios.

Nos interesses da alma, não desdenhes a própria renúncia.

No trabalho, observa o tempo.

Na prece, vigia a atitude.

Na estrada, ajuda ao companheiro.

Na bênção, não te esqueças dos outros.

Em público, retifica o temperamento.

Em família, preserva a língua.

Quando sozinho, vigia o pensamento.

Cada estrela possui brilho peculiar.

Cada flor tem diverso perfume.

Cada criatura humana, centro de soberana inteligência, emite raios vivos dos sentimentos e propósitos que ambienta e reproduz, na intimidade de si mesma.

Em razão disso, ao discípulo do Evangelho se pede vigilância, não somente para dissolver a tentação de nossa própria inferioridade, mas também para que sejamos lâmpadas ativas da Luz Imortal.


André Luiz