sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Manoel Philomeno de Miranda - Livro Tramas do Destino - Divaldo P. Franco - Cap. 20 - O amor vence o ódio



Manoel Philomeno de Miranda  - Livro Tramas do Destino - Divaldo P. Franco - Cap. 20


O amor vence o ódio


- Não se desalente - respondeu o dedicado médium da caridade -, nem se arreceie. Seus pressentimentos tormentosos são justos, seus pesadelos procedem. 

"Quem de nós pode olhar para trás sem defrontar a horda de infelizes que se asselvajaram por nossas inconsequências?" 

"Enriquecidos pela fé que esplende esperanças em nossos corações, deveremos empunhar as armas da coragem e da inalterável confiança em Deus, mediante as quais combateremos de espírito forte e resoluto, rumando para os objetivos da nossa libertação definitiva". Cândido exortou-o.

Era primordial ter o ânimo inquebrantável nos propósitos de reparar todo mal e recuperar o bem perdido, sabendo que cada um recolhe conforme espalha, porque Deus é o Pai Amantíssimo de todos nós. 

O enfermeiro deu, depois, ante as perguntas de Rafael, notícias de sua casa. Lisandra estava internada no Pronto-Socorro, mas fora de perigo, em franco refazimento. E minudenciou a ocorrência, buscando dar-lhe um tom natural, de modo a diminuir o impacto da notícia, acalmando o genitor perplexo. 

O acabrunhamento de Rafael foi, porém, evidente e dizia da profunda mágoa que se apossava do enfermo. Contudo, a palavra amiga do enfermeiro encarregou-se de erguer-lhe o ânimo e de incitá-lo ao aproveitamento das horas, com o consequente lucro da aflição bem recebida. 

 "Função sublime tem a dor: submeter a rebeldia e alçar o espírito, dignificando-o e fazendo-o ressarcir as misérias anteriormente a outros impostas."

Nos dias subsequentes, como o Dr. Armando Passos também mantivesse com ele salutares e eficientes conversações, desvelando sua própria condição de espírita militante, Rafael recuperou-se moralmente do abalo, embora dificilmente lhe desaparecessem o constrangimento e a decepção defluentes da malograda agressão da Treva. 

Retornando ao lar, Lisandra voltou ao mutismo e à infelicidade que lhe apetecia entreter, sendo inúteis todos os chamamentos do carinho materno e as advertências dos novos amigos. Ela recusava-se a sair do quarto e encerrava-se, cativa, nas sombras das janelas e porta fechadas. Negou-se também a participar das reuniões espíritas no Centro, e só a custo assentia em assistir às orações conjuntas no lar. 

A família Ferguson já  havia sido admitida nos trabalhos mediúnicos da Sociedade Espírita, após a fase de preparação, e, atendendo às sugestões da médium Epifânia, Lisandra não fora forçada a ir, contra sua vontade, ao Centro. 

Em ocasião oportuna, Natércio, mentor da dedicada médium, informou que os problemas espirituais relativos à família de Artêmis seriam atendidos por etapas. Esta exultou em silêncio, porque soubera confiar em Deus e esperar, sem importunar com insistências inconvenientes os diretores daquela instituição. A sofrida mulher aprendera, no Espiritismo, que os acontecimentos de qualquer natureza obedecem a uma programação bem urdida, pois que nem mesmo uma única folha de árvore cai que não seja pela Vontade do Pai.


Manoel Philomeno de Miranda







Fonte: Tramas do Destino -pdf

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