Egoísmo
A vaidade é um desejo superlativo de chamar a atenção, a presunção de ser aplaudido e reverenciado perante os outros. É a ostentação dos que procuram elogios, ou a ilusão dos que querem ter êxito diante do mundo e não dentro de si mesmo.
Importante não olvidarmos (esquecermos) que a vaidade atinge toda e qualquer classe social, desde as paupérrimas até as que atingiram o cume da independência econômica.
É oportuno dizer que não estamos nos referindo aqui ao esmero na maneira de andar, falar, vestir ou se enfeitar, que, em realidade, são saudáveis e naturais, mas sim a uma causa mais complexa e profunda. O motivo de nossas análises e observações é o estado íntimo do indivíduo vaidoso, ou seja, o que está por baixo do interesse dessa exibição e dessa necessidade de ser visto, a ponto de falsificar a si mesmo para chamar a atenção.
Outra causa do desenvolvimento da vaidade nas pessoas é a importância desmedida que dão às posses e propriedade. Na atualidade, por menor que seja a classe social em que se encontra constituída uma família, ainda o dinheiro é uma fonte absoluta de poder. Quem ganha mais reivindica no lar a autoridade, a atenção e o amor. A riqueza amoedada é conceituada como um dos instrumentos com o qual podemos manipular as pessoas e nos tornar um ponto de atração.
A presunção leva os indivíduos a se casar não por amor, mas a se unir a alguém que lhes proporcione um melhor “status” social, uma roda de amigos de projeção e um nome importante. Enfim, as uniões matrimoniais acontecem, quase sempre, por interesse pessoal, sem se levarem em conta os reais sentimentos da alma.
A supervalorização social e econômica de determinada profissão ou emprego influencia as escolhas. Há profissões tradicionalmente ambicionadas, como medicina, advocacia, engenharia e outras tantas de mais recente valorização nos dias atuais, que os pais almejam para os filhos, tentando assim solucionar suas próprias frustrações e evidenciar sua própria pessoa com o “brilho profissional” de seus familiares. condicionando-os a viver uma existência estereotipada justificam-se com a representação de uma dedicação e proteção ao ambiente doméstico, quando na realidade, o que cultivam é o “prazer da notoriedade”.
Quando o eminente educador Allan Kardec indagou aos Semeadores da Era Nova qual a maneira de extirpar inteiramente do coração humano o egoísmo, fundado no sentimento do interesse pessoal, ele recebeu a seguinte orientação: ” … o egoísmo é a mais difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria, influência de que o homem, ainda muito próximo de sua origem, não pôde libertar-se para cujo entretenimento tudo concorre: suas leis, sua organização social, sua educação. (…) O egoísmo assenta na importância da personalidade. Ora, o Espiritismo, bem compreendido, repito, mostra as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece, de certo modo. diante da imensidade …”
A vaidade é filha legítima do egoísmo, pois o vaidoso é um “cego” que somente sabe ver a si próprio. Ora, essa importância ao “sentimento de personalidade”, da qual os Espíritos de Escol se reportam, nada mais é do que a vaidade.
As almas não são clichês umas das outras, todos somos seres únicos. Os ingredientes do sucesso do ser humano se encontram em sua intimidade.
Não há razão para nos compararmos com os demais, pois cada indivíduo em sua razão de ser no Universo.
Se a natureza nos criou para sermos mangueiras, não devemos querer produzir como laranjeiras. Lembremo-nos, contudo, de que, tal como a semente, que contém todos os elementos vitais para a formação de uma árvore, também nós possuímos, em essência, todos os componentes de que necessitamos para ser criativos, originais e bem-sucedidos.
Paulo de Tarso assim se reportava aos moradores da Galácia: “Porque, se alguém cuida ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo”.
À medida que os homens tomarem consciência do seu próprio mundo interior, reconhecerem-se filhos do Poder do Universo e instruírem-se sobre as infinitas possibilidades da vida eterna, deixarão a doentia preocupação com as aparências, a frustração crônica que possuem por imitar os outros e a “atitude de camaleão” que cultivam com uma autoimagem para agradar o mundo em seu redor. Eis aqui rápidas reflexões a respeito da vaidade humana.
Hammed
Fonte: As Dores da Alma -pdf
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