domingo, 29 de setembro de 2024

Espírito Anália Franco - Livro Seareiros de Volta - Espíritos Diversos / Waldo Vieira - Cap. 16 - Fazer do dever um prazer



Espírito Anália Franco - Livro Seareiros de Volta - Espíritos Diversos / Waldo Vieira - Cap. 16


Fazer do dever um prazer


Tesouro inconspurcável que o homem pode trazer por dentro reside na confiança integral depositada por ele na Força Maior que rege a vida.

Quem transporta consigo semelhante riqueza iluminou a vontade, erguendo-se invencível nas vagas ondulantes em que se entrechocam as ilusões terrestres.

Sejam quais sejam os empeços externos, enxameiem-se ciladas por onde caminhe, esculpe a fisionomia da vitória no pedestal da serenidade. Nos vagalhões da luta, tem o raciocínio ereto, à feição do penedo capaz de sustentar o farol que aponta o abismo, e mantém o sentimento qual chama de esperança a fazer-se canção na sombra noturna para saudar o renascimento da alva.

Não conhece tempo pior, nem futuro incerto.

Em qualquer eventualidade, convence-se de que executa os desígnios da Providência, para que melhore a si mesmo, melhorando as existências, em derredor.

Nada tem a perder, quanto ao mundo, porque, acima de tudo, prestigia os talentos que transcendem os valores do mundo.

Dificuldade ser-lhe-á incentivo na ação meritória; incompreensão alheia atestar-lhe-á o devotamento; sacrifício lhe acenará sempre, qual radioso clarão a desvendar-lhe roteiros para a esfera superior. Arrosta perigos e sofre riscos, baseando-se na importância do esforço a que se expõe na transitoriedade de tudo o que é humano fora de si, para exalçar a perenidade de tudo o que é espiritual, em si.

Olha o íntimo de ti e mede a extensão de «terreno interior» que consegues alcançar na luz da fé renovadora que pensa, analisa e conclui por si própria. Conserva a atitude de quem está pronto a servir. Préstimo espontâneo revela desejo de acertar.

Cada dia, cada experiência e cada circunstância te facultam multiplicadas oportunidades para burilar a fé, de maneira a te certificares, ainda mais entranhadamente, de que ninguém pode aposentar a própria consciência.

É assim que todo espírita viverá feliz, fazendo do dever um prazer. 
 
 
Espírito Anália Franco













sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Joanna de Ângelis - Livro Psicologia da Gratidão - Divaldo P. Franco - Cap. 1 - A bênção da gratidão - A consciência da gratidão



Joanna de Ângelis - Livro Psicologia da Gratidão - Divaldo P. Franco - Cap. 1 - A bênção da gratidão


A consciência da gratidão


À medida que a psique desenvolve a consciência, fazendo-a superar os níveis primitivos recheados pela sombra, mais facilmente adquire a capacidade da gratidão.

A sombra, que resulta dos fenômenos egoicos, havendo acumulado interesses inferiores, é a grande adversária do sentimento de gratulação. Na sua ânsia de aparentar aquilo que não conquistou, impedida pelos hábitos enfermiços, projeta os conflitos nas demais pessoas, sem a lucidez necessária para confiar e servir. Servindo-se dos outros, supõe que assim fazem todos os demais, ante a impossibilidade de alargar a generosidade, que lhe facultaria o amadurecimento psicológico para a saudável convivência social, para o desenvolvimento interior dos valores nobres do amor e da solidariedade.

A miopia emocional defluente do predomínio da sombra no comportamento do ser humano impede-o que veja a harmonia existente na vida.

As imperfeições morais que não foram modificadas pelo processo da sua diluição e substituição pelas conquistas éticas atormentam o ser, fazendo-o refratário, senão hostil a todos os movimentos libertários.

Não há no seu emocional, em conseqüência, nenhum espaço para o louvor, o júbilo, a gratidão.

Desse modo, os conflitos que se originaram em outras existências e tornaram-se parte significativa do ego predominam no indivíduo inseguro e sofredor, que se refugia na autocompaixão ou na vingança, de forma que chame a atenção, que receba compensação narcisista, aplauso, preservando sempre suspeitas infundadas quanto à validade do que lhe é oferecido, pela consciência de saber que não é merecedor de tais tributos...

Acumuladas e preservadas as sensações que se converteram em emoções de suspeita em de ira, de descontentamento e amargura, projetam-nas nas demais pessoas, por não acreditar em lealdade, amor e abnegação.

Se alguém é dedicado ao bem na comunidade, é tido como dissimulador, porque essa seria a sua atitude (da sombra).

Se outrem reparte alegria e constrói solidariedade, a inveja que se lhe encontra arquivada no inconsciente acha meios de denominá-lo como bajulador e pusilânime, pois que, por sua vez, não conseguiria desempenhar as mesmas tarefas com naturalidade. A ausência de maturidade afetiva isola o indivíduo na amargura e na autopunição.

Tudo quanto lhe constitui impedimento mascara e transfere para os outros, assumindo postura crítica impiedosa, puritanismo exagerado, buscando sempre desconsiderar os comportamentos louváveis do próximo que lhe inspiram antipatia.

Assim age porque a sua é uma consciência adormecida, não habituada aos voos expressivos da fraternidade e da compreensão, que somente se harmonizando com o grupo no qual vive é que poderá apresentar-se plena.

Autoconscientizando-se da sua estrutura emocional mediante o discernimento do dever, o que significa amadurecer, conseguirá realizar o parto libertador do ego, dele retirando as suas mazelas, lapidando as crostas externas qual ocorre com o diamante bruto que oculta o brilho das estrelas que se encontram no seu interior.

Urge, pois, adotar nova conduta para se libertar das fixações perversas. Conseguindo despertar dos valores nobres, é inevitável a saída da sua individualidade para a convivência com a coletividade, onde mais se aprimorará, aprendendo a conquistar emoções superiores que o enriquecerão de alegria e de paz, deslumbrando-se ante as bênçãos da vida que adornam tudo, assimilando-as em vez de reclamando sempre, pela impossibilidade de percebê-las.

O ingrato, diante do seu atraso emocional, reclama de tudo, desde os fatores climatéricos aos humanos de relacionamentos, desde os orgânicos aos emocionais, sempre com a verruma da acusação ou da autojustificação assim como do mal-estar a que se agarra em seguro mecanismo de fuga da realidade.

Nos níveis nobres da consciência de si e da cósmica, a gratidão aureola-se de júbilos, e os sentimentos não mais permanecem adstritos ao eu, ao meu, ampliando-se ao nós, a mim e a você, a todos juntos.

A gratidão é a assinatura de Deus colocada na Sua obra.

Quando se enraíza no sentimento humano logra proporcionar harmonia interna, liberação de conflitos, saúde emocional, por luzir como estrela na imensidão sideral...

Por extensão, aquele que se faz agradecido torna-se veículo do sublime autógrafo, assinalando a vida e a natureza com a presença d'Ele.

Quando o egoísta insensatamente aponta as tragédias do cotidiano, as aberrações que assolam a sociedade, somente observa o lado mau e negativo do mundo, está exumando os seus sentimentos inconscientes arquivados, vibrantes, sem a coragem de externá-los, de dar-lhes campo livre no consciente.

A paz de fora inicia-se no cerne de cada ser. Também assim é a gratidão. Ao invés do anseio de recebê-la, tornar-se-lhe o doador espontâneo e curar-se de todas as mazelas, ensejando harmonia generalizada.

A vida sem gratidão é estéril e vazia de significado existencial.


Joanna de Ângelis 














quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Emmanuel - Livro Estude e Viva - Emmanuel / André Luiz - Chico Xavier / Waldo Vieira - Cap. 79 - Socorro oportuno



Emmanuel - Livro Estude e Viva - Emmanuel / André Luiz - Chico Xavier / Waldo Vieira - Cap. 79


Socorro oportuno


O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO — Cap. I — Item 5

O LIVRO DOS ESPÍRITOS — Questão 780


Sensibilizas-te diante do irmão positivamente obsidiado e esmeras-te em ofertar-lhe o esclarecimento salvador com que a Doutrina Espírita te favorece.

Bendito seja o impulso que te leva a socorrer semelhante doente da alma; entretanto, reflete nos outros, os que se encontram nas últimas trincheiras da resistência ao desequilíbrio espiritual.

Por um alienado que se candidata às terapias do manicômio, centenas de fronteiriços da obsessão renteiam contigo na experiência cotidiana. 

Desambientados num mundo que ainda não dispõe de recursos que lhes aliviem o íntimo atormentado, esperam por algo que lhes pacifique as energias, à maneira de viajores tresmalhados nas trevas, suspirando por um raio de luz… 

Marchavam resguardados na honestidade e viram-se lesados a golpes de crueldade, mascarada de inteligência; abraçaram tarefas edificantes e foram espancados pela injúria, acusados de faltas que jamais seriam capazes de cometer; entregaram-se, tranquilos, a compromissos que supuseram inconspurcáveis e acabaram espezinhados nos sonhos mais puros; edificaram o lar, como sendo um caminho de elevação, e reconheceram-se, dentro dele, à feição de prisioneiros sem esperança; criaram filhos, investindo em casa toda a sua riqueza de ideal e ternura, na expectativa de encontrarem companheiros abençoados para a velhice, e acharam-se relegados a extremo abandono; saíram da juventude, plenos de aspirações renovadoras e toparam enfermidades que lhes atenazam a vida…  

E, com eles, os que se acusam desajustados, temos ainda os que vieram do berço em aflição e penúria, os que se emaranharam em labirintos de tédio, por demasia de conforto, os que esmorecem nas responsabilidades que esposaram e os que carregam no corpo dolorosas inibições…

Lembra-te deles, os quase loucos de sofrimento, e trabalha para que a Doutrina Espírita lhes estenda socorro oportuno. 

Para isso, estudemos Allan Kardec, ao clarão da mensagem de Jesus-Cristo, e, seja no exemplo ou na atitude, na ação ou na palavra, recordemos que o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade — a caridade da sua própria divulgação.


Emmanuel








(Psicografia de Francisco C. Xavier)
Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Joanna de Ângelis - Livro Momentos de Meditação - Divaldo P. Franco - Cap. 1 - Recorre à meditação



Joanna de Ângelis - Livro Momentos de Meditação - Divaldo P. Franco - Cap. 1


Recorre à meditação


O homem que busca a realização pessoal, inevitavelmente é impelido à interiorização.

Seu pensamento deve manter firmeza no ideal que o fascina, e a fé de que logrará o êxito impulsiona-o a não intimidar-se diante dos impedimentos que o assaltam na execução do programa ao qual se propõe.

A meditação torna-se-lhe o meio eficaz para disciplinar a vontade, exercitando a paciência com que vencerá cada dia as tendências inferiores nas quais se agrilhoa.

Meditar é uma necessidade imperiosa que se impõe antes de qualquer realização.

Com esta atitude acalma-se a emoção e aclara-se o discernimento, harmonizando-se os sentimentos.

Não se torna indispensável que haja uma alienação, em fuga dos compromissos que lhe cumpre atender, face às responsabilidades humanas e sociais. Mas, que reserve alguns espaços mentais e de tempo, a fim de lograr o cometimento.

Começa o teu treinamento, meditando diariamente num pensamento do Cristo, fixando-o pela repetição e aplicando-o na conduta através da ação.

Aumenta, a pouco e pouco, o tempo que lhe dediques, treinando o inquieto corcel mental e aquietando o corpo desacostumado.

Sensações e continuados comichões que surgem, atende-os com calma, a mente ligada à ideia central, até conseguires superá-los.

A meditação deve ser atenta, mas não tensa, rígida.

Concentra-te, assentado comodamente, não, porém, o suficiente para amolentar-te e conduzir-te ao sono.

Envida esforços para vencer os desejos inferiores e as más inclinações.

Escolhe um lugar asseado, agradável, se possível, que se te faça habitual, enriquecendo-lhe a psicosfera com a qualidade superior dos teus anelos.

Reserva-te uma hora calma, em que estejas repousado.

Invade o desconhecido país da tua mente, a princípio reflexionando sem censurar, nem julgar, qual observador equilibrado diante de acontecimentos que não pode evitar.

Respira, calmamente, sentindo o ar que te abençoa a vida.

Procura a companhia de pessoas moralmente sadias e sábias, que te harmonizem.

Dias haverá mais difíceis para o exercício. O treinamento, entretanto, se responsabilizará pelos resultados eficazes.

Não lutes contra os pensamentos. Conquista-os com paciência.

Tão natural se te tornará a realização que, diante de qualquer desafio ou problema, serás conduzido à ideia predominante em ti, portanto, a de tranquilidade, de discernimento.

Gandhi jejuava em paz, por vários dias, sem sofrer distúrbios mentais, porque se habituara à meditação, à qual se entregava nessas oportunidades.

E Jesus, durante os quarenta dias de jejum, manteve-se em ligação com o Pai, prenunciando o testemunho no Getsémani, quando entregue, em meditação profunda, na qual orava, deixou-se arrastar pelas mãos da injustiça, para o grande testemunho que viera oferecer à Humanidade.


Joanna de Ângelis 













segunda-feira, 23 de setembro de 2024

André Luiz - Livro Nos Domínios da Mediunidade - Chico Xavier - Cap. 1 - Estudando a mediunidade



André Luiz - Livro Nos Domínios da Mediunidade - Chico Xavier - Cap. 1


Estudando a mediunidade


— Indubitavelmente, — concordava o Assistente Áulus, — a mediunidade é problema dos mais sugestivos na atualidade do mundo. 

Aproxima-se o homem terreno da Era do Espírito, sob a luz da Religião Cósmica do Amor e da Sabedoria e, decerto, precisa de cooperação, a fim de que se lhe habilite o entendimento.

O orientador, de feição nobre e simpática, recebera-nos, a pedido de Clarêncio, para um curso rápido de ciências mediúnicas.

Especializara-se em trabalhos dessa natureza, consagrando-lhes muitos anos de abnegação. Era, por isso, dentre as relações do Ministro, que se nos fizera patrono e condutor, um dos companheiros mais competentes no assunto.

Áulus nos acolhera com afabilidade e doçura.

Relacionando aflitivas questões da Humanidade Terrestre, pousava em nós o olhar firme e lúcido, não apenas com o interesse do irmão mais velho, mas também com a afetividade de um pai enternecido.

Hilário e eu não conseguíamos disfarçar a admiração.

Era um privilégio ouvi-lo discorrer sobre o tema que nos trazia até ali.

Aliavam-se nele substanciosa riqueza cultural e o mais entranhado patrimônio de amor, causando-nos satisfação o vê-lo reportar-se às necessidades humanas, com o carinho do médico benevolente e sábio que desce à condição de enfermeiro para a alegria de ajudar e salvar.

Interessava-se pelas experimentações mediúnicas desde 1779, quando conhecera Mesmer, em Paris, no estudo das célebres proposições lançadas a público pelo famoso magnetizador. 

Reencarnando no início do século passado, apreciara, de perto, as realizações de Allan Kardec, na codificação do Espiritismo, e privara com Cahagnet e Balzac, com Théophile Gautier e Victor Hugo, acabando seus dias na França, depois de vários decênios consagrados à mediunidade e ao magnetismo, nos moldes científicos da Europa. 

No mundo espiritual prosseguiu no mesmo rumo, observando e trabalhando em seu apostolado educativo. Dedicando-se agora à obra de espiritualização no Brasil, e isto há mais de trinta anos; comentava, otimista, as esperanças do novo campo de ação, dando-nos a conhecer a primorosa bagagem de memórias e experiências de que se fazia portador.

Maravilhados ao ouvi-lo, mal lhe respondíamos a essa ou àquela indagação.

— Conhecíamos, sim, — informamos, respeitosos, em dado momento, — alguns aspectos do intercâmbio espiritual; todavia, o nosso desejo era amealhar mais amplas noções do assunto, com a simplicidade possível. Em outras ocasiões, estudáramos ao de leve alguns fenômenos de psicografia, incorporação e materialização, no entanto, era isso muito pouco, à face dos múltiplos serviços que a mediunidade encerra em si mesma.

O anfitrião, afável, aquiesceu em elucidar-nos.

Colaborava em diversos setores de trabalho e prodigalizar-nos-ia aquilo que considerava, com humildade, como sendo “alguns apontamentos”.

Para começar, convidou-nos a ouvir um amigo que falaria sobre mediunidade a pequeno grupo de aprendizes encarnados e desencarnados, e em cuja palavra reconhecia oportunidade e valor.

Não nos fizemos de rogados ante a obsequiosa lembrança.

E, porque não havia tempo a perder, seguimo-lo, prestamente.

Em vasto recinto do Ministério das Comunicações, fomos apresentados ao Instrutor Albério, que se dispunha a iniciar a palestra.

Tomamos lugar entre as dezenas de companheiros que o seguiam atentos, em muda expectação.

Como tantos outros orientadores que eu conhecia, Albério assomou à tribuna, sem cerimônia, qual se nos fora simples irmão, conversando conosco em tom fraternal.

— Meus amigos, — falou, com segurança, — dando continuidade aos nossos estudos anteriores, precisamos considerar que a mente permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos.

Não ignoramos que o Universo, a estender-se no Infinito, por milhões e milhões de sóis, é a exteriorização do Pensamento Divino, de cuja essência partilhamos, em nossa condição de raios conscientes da Eterna Sabedoria, dentro do limite de nossa evolução espiritual.

Da superestrutura dos astros à infraestrutura subatômica, tudo está mergulhado na substância viva da Mente de Deus, como os peixes e as plantas da água estão contidos no oceano imenso.

Filhos do Criador, d’Ele herdamos a faculdade de criar e desenvolver, nutrir e transformar.

Naturalmente circunscritos nas dimensões conceptuais em que nos encontramos, embora na insignificância de nossa posição comparada à glória dos Espíritos que já atingiram a angelitude, podemos arrojar de nós a energia atuante do próprio pensamento, estabelecendo, em torno de nossa individualidade, o ambiente psíquico que nos é particular.

Cada mundo possui o campo de tensão eletromagnética que lhe é próprio, no teor de força gravítica em que se equilibra, e cada alma se envolve no círculo de forças vivas que lhe transpiram do “hálito” mental, na esfera de criaturas a que se imana, em obediência às suas necessidades de ajuste ou crescimento para a imortalidade.

Cada planeta revoluciona na órbita que lhe é assinalada pelas leis do equilíbrio, sem ultrapassar as linhas de gravitação que lhe dizem respeito, e cada consciência evolve no grupo espiritual a cuja movimentação se subordina.

Somos, pois, vastíssimo conjunto de Inteligências, sintonizadas no mesmo padrão vibratório de percepção, integrando um Todo, constituído de alguns bilhões de seres, que formam por assim dizer a Humanidade Terrestre.

Compondo, assim, apenas humilde família, no infinito concerto da vida cósmica, em que cada mundo guarda somente determinada família da Humanidade Universal, conhecemos, por enquanto, simplesmente as expressões da vida que nos fala mais de perto, limitados ao degrau de conhecimento que já escalamos.

Dependendo dos nossos semelhantes, em nossa trajetória para a vanguarda evolutiva, à maneira dos mundos que se deslocam no Espaço, influenciados pelos astros que os cercam, agimos e reagimos uns sobre os outros, através da energia mental em que nos renovamos constantemente, criando, alimentando e destruindo formas e situações, paisagens e coisas, na estruturação dos nossos destinos.

Nossa mente é, dessarte, um núcleo de forças inteligentes, gerando plasma sutil que, a exteriorizar-se incessantemente de nós, oferece recursos de objetividade às figuras de nossa imaginação, sob o comando de nossos próprios desígnios.

A ideia é um “ser” organizado por nosso Espírito, a que o pensamento dá forma e ao qual a vontade imprime movimento e direção.

Do conjunto de nossas ideias resulta a nossa própria existência.

O orador fez pequeno intervalo que ninguém ousou interromper e prosseguiu comentando:

— Segundo é fácil de concluir, todos os seres vivos respiram na onda de psiquismo dinâmico que lhes é peculiar, dentro das dimensões que lhes são características ou na frequência que lhes é própria. Esse psiquismo independe dos centros nervosos, de vez que, fluindo da mente, é ele que condiciona todos os fenômenos da vida orgânica em si mesma.

Examinando, pois, os valores anímicos como faculdades de comunicação entre os Espíritos, qualquer que seja o Plano em que se encontrem, não podemos perder de vista o mundo mental do agente e do recipiente, porquanto, em qualquer posição mediúnica, a inteligência receptiva está sujeita às possibilidades e à coloração dos pensamentos em que vive, e a inteligência emissora jaz submetida aos limites e às interpretações dos pensamentos que é capaz de produzir.

Um hotentote desencarnado, em se comunicando com um sábio terrestre, ainda jungido ao envoltório físico, não lhe poderá oferecer notícias outras, além dos assuntos triviais em que se lhe desdobraram no mundo as experiências primitivistas, e um sábio, sem o indumento carnal, entrando em relação com o hotentote, ainda colado ao seu “habitat” africano, não conseguirá facultar-lhe cooperação imediata, senão no trabalho embrionário em que se lhe encravam os interesses mentais, como sejam o auxílio a um rebanho bovino ou a cura de males do corpo denso. 

Por isso mesmo, o hotentote não se sentiria feliz na companhia do sábio e o sábio, a seu turno, não se demoraria com o hotentote, por falta desse alimento quase imponderável a que podemos chamar “vibrações compensadas”.

É da Lei, que nossas maiores alegrias sejam recolhidas ao contato daqueles que, em nos compreendendo, permutam conosco valores mentais de qualidades idênticas aos nossos, assim como as árvores oferecem maior coeficiente de produção se colocadas entre companheiras da mesma espécie, com as quais trocam seus princípios germinativos.

Em mediunidade, portanto, não podemos olvidar o problema da sintonia.

Atraímos os Espíritos que se afinam conosco, tanto quanto somos por eles atraídos; e se é verdade que cada um de nós somente pode dar conforme o que tem, é indiscutível que cada um recebe de acordo com aquilo que dá.

Achando-se a mente na base de todas as manifestações mediúnicas, quaisquer que sejam os característicos em que se expressem, é imprescindível enriquecer o pensamento, incorporando-lhe os tesouros morais e culturais, os únicos que nos possibilitam fixar a luz que jorra para nós das Esferas Mais Altas, através dos gênios da sabedoria e do amor que supervisionam nossas experiências.

Procederam acertadamente aqueles que compararam nosso mundo mental a um espelho.

Refletimos as imagens que nos cercam e arremessamos na direção dos outros as imagens que criamos.

E, como não podemos fugir ao imperativo da atração, somente retrataremos a claridade e a beleza, se instalarmos a beleza e a claridade no espelho de nossa vida íntima.

Os reflexos mentais, segundo a sua natureza, favorecem-nos a estagnação ou nos impulsionam a jornada para a frente, porque cada criatura humana vive no Céu ou no inferno que edificou para si mesma, nas reentrâncias do coração e da consciência, independentemente do corpo físico, porque, observando a vida em sua essência de eternidade gloriosa, a morte vale apenas como transição entre dois tipos da mesma experiência, no “hoje imperecível”.

Vemos a mediunidade em todos os tempos e em todos os lugares da massa humana.

Missões santificantes e guerras destruidoras, tarefas nobres e obsessões pérfidas, guardam origem nos reflexos da mente individual ou coletiva, combinados com as forças sublimadas ou degradantes dos pensamentos de que se nutrem.

Saibamos, assim, cultivar a educação, aprimorando-nos cada dia.

Médiuns somos todos nós, nas linhas de atividade em que nos situamos.

A força psíquica, nesse ou naquele teor de expressão, é peculiar a todos os seres, mas não existe aperfeiçoamento mediúnico sem acrisolamento da individualidade.

É contraproducente intensificar a movimentação da energia sem disciplinar-lhe os impulsos.

É perigoso possuir sem saber usar.

O espelho sepultado na lama não reflete o esplendor do Sol.

O lago agitado não retrata a imagem da estrela que jaz no infinito.

Elevemos nosso padrão de conhecimento pelo estudo bem conduzido e apuremos a qualidade de nossa emoção pelo exercício constante das virtudes superiores, se nos propomos recolher a mensagem das Grandes Almas.

Mediunidade não basta só por si.

É imprescindível saber que tipo de onda mental assimilamos para conhecer da qualidade de nosso trabalho e ajuizar de nossa direção.

Albério prosseguiu ainda em seus valiosos comentários e, mais tarde, passou a responder a complicadas perguntas que lhe eram desfechadas por diversos aprendizes. Por minha vez recolhera largo material de meditação e, em razão disso, em companhia de Hilário, despedi-me dos instrutores com alguns monossílabos de agradecimento, ouvindo de Áulus a promessa de reencontro para o dia seguinte.


André Luiz





VÍDEO:

Cap. 1 - Estudando a mediunidade
O Espírito da Letra

Apresentação André Luiz Ruiz




O Espírito da Letra - Analisando a obra de André Luiz Nos Domínios da Mediunidade - Psicografia de Chico Xavier

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TELA MEDIÚNICA - Rembrandt 


Produção - TV Alvorada Espírita - http://www.tvalvoradaespirita.com.br 

Realização - TV Mundo Maior - http://www.tvmundomaior.com.br 


domingo, 22 de setembro de 2024

Emmanuel - Livro Companheiro - Chico Xavier - Cap. 7 - Questões de mudança



Emmanuel - Livro Companheiro - Chico Xavier - Cap. 7


Questões de mudança


Não podes modificar o mundo, na medida dos próprios anseios, mas, podes mudar a ti próprio.

Ninguém está impedido de transformar essa ou aquela ideia na própria cabeça.

Assim como a semente traça a forma e o destino da árvore, os teus próprios desejos é que te configuram a vida.

Aprende a ganhar simpatias, sabendo perder.

Sempre aconselhável melhorar as nossas maneiras, antes que as circunstâncias da vida nos obriguem a melhorá-las.

Ouvindo sempre mais e falando um tanto menos, conseguirás numerosos recursos que te favorecem a própria renovação.

Escuta com atenção quaisquer pareceres dos outros, mesmo quando se te afigurem francamente absurdos.

O diálogo deve ser um processo de aprender, mas não de brigar.

Em qualquer reunião, convém não esquecer que talvez, em breves dias, estejas precisando daquela pessoa que te parece a mais desagradável.

Aceitar os nossos problemas com bom humor é o melhor modo de convertê-los em fatores de auxílio a nós mesmos.

A irritação é o meio de congelar os próprios interesses.

Todo encontro é oportunidade para que te exercites na ciência da direção.

Cada pessoa se troca por aquilo que estima fazer.

Poderás enfeitar o desânimo com as mais lindas palavras, entretanto, o desânimo não te trará proveito algum.

Dificuldades caem no caminho de todos; a maneira de usá-las é que faz a diferença.

Admira as estrelas, mas não te descuides dos sinais do trânsito.

Os outros terão talvez muitas opiniões a teu respeito, mas a vida que tens é aquela em que Deus te colocou para que faças o melhor.

Muitas vezes, perder algo de valor, em mudanças impostas pelo sofrimento, é o jeito de encontrar algo de mais precioso no caminho.

Na contabilidade da vida, a idade é convenção; o que existe é o tempo e todo tempo é importante.


Emmanuel












Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

André Luiz - Livro Conduta Espírita - Waldo Vieira - Cap. 8 - No trabalho



André Luiz - Livro Conduta Espírita - Waldo Vieira - Cap. 8


No trabalho


“Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” — Jesus. (João, 5:17.)

Desde que se encontre em condições orgânicas favoráveis, dedicar-se ao exercício constante de uma profissão nobre e digna.

O engrandecimento da vida exige o tributo individual ao trabalho.

Situar em posições distintas as próprias tarefas diante da família e da profissão, da Doutrina que abraça e da coletividade a que deve servir, atendendo a todas as obrigações com o necessário equilíbrio.

O dever, lealmente cumprido, mantém a saúde da consciência.

Examinar os temas de serviço que lhe digam respeito, para não estagnar os próprios recursos na irresponsabilidade destrutiva ou na rotina perniciosa,

Da busca incessante de perfeição, procede a competência real.

Ajudar aos colegas de trabalho e compreendê-los, contribuindo para a honorabilidade da classe a que pertença.

O espírita responde por sua qualificação nos múltiplos setores da experiência.

Cultuar a caridade nas tarefas profissionais, inclusive naquelas que se refiram às transações do comércio.

O utilitarismo humano é uma ilusão como as outras.

Jamais prevalecer-se das possibilidades de que disponha no movimento espírita para favoritismos e vantagens na esfera profissional.

Quem engana a própria fé, perde a si mesmo.

Em nenhuma ocasião, desprezar as ocupações de qualquer natureza, desde que nobres e úteis, conquanto humildes e anônimas.

O trabalho recebe valor pela qualidade dos seus frutos.


André Luiz

















quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Espírito Anália Franco - Livro Seareiros de Volta - Espíritos Diversos / Waldo Vieira - Cap. 16 - Fazer do dever um prazer



Espírito Antônio Cardoso - Livro Seareiros de Volta - Espíritos Diversos / Waldo Vieira - Cap. 20 


Caridade Real 


Toda criatura plasma ou alberga pensamentos novos a todo instante. Naquilo que te importa mais intimamente, recebes contínuas abordagens mentais, dignas e indignas, e, porque te decides a escolher, és, ao mesmo tempo, como Espírito encarnado, o benfeitor ou o malfeitor de ti próprio. 

Se urge estudar a nós mesmos, na esfera das nossas reações, para sanarmos as próprias faltas, a caridade preceitua, igualmente, estudar a alma dos semelhantes, nas tendências que os caracterizam, para servi-los com mais segurança. 

Não raro, somos obrigados, em nome da fraternidade, a fazer aquilo a que não nos achamos predispostos no momento, vencendo indisposições, dores e achaques, cansaços e desconfortos. É aí que testemunhamos mais vivamente a caridade pura. 

Quantas vezes, embora sem ânimo para conversar, torna-se preciso entabular determinado entendimento por requisição da caridade? 

Em quantas ocasiões, apesar da fadiga, é forçoso te entregues ainda a algum sacrifício, caminhando um pouco mais, à face da caridade que assim reclama? 

Quantas horas, não obstante sem qualquer disposição íntima, serás compelido a despender, em servir o próximo nisso ou naquilo, para atender a silenciosa rogativa da caridade? 

A caridade real é essa doação de algo pessoal e único que trazemos dentro de nós e que somente nós podemos oferecer. 

É o esforço de esquecimento do «eu» para louvar os outros. 

É a anulação do direito que nos compete para consagrar o direito de alguém. 

É o silêncio de nossa voz para que se faça ouvir uma voz mais frágil que a nossa. 

É a luta contra os incômodos pessoais para dilatar o bem-estar alheio. 

É a muda sufocação de toda tristeza nossa para acentuar a alegria no coração de outrem... 

Se todos somos almas convalescentes, estejamos, no entanto, convictos de que não há mal inextirpável na intimidade do próprio ser. 

Estuda fraternalmente as aflições do próximo. Uma criança a chorar, conquanto nos enterneça as fibras mais íntimas, lembra, em qualquer parte, a vida acordando os que se dispõem a sofrer por um mundo melhor, mas já meditaste no pranto de um homem? O drama de um homem soluçante que nos oferta o espetáculo da própria indigência é um desafio supremo à nossa possibilidade de sentir a tragédia alheia, a fim de remediá-la. 

Amplia a capacidade de amar desinteressadamente, estabelecendo comunhão espiritual com a Humanidade e alargando os limites emocionais de teu sentimento no rumo da imensidade do amor que vivifica a Criação. Ovelhas em meio de lobos, gazelas entre leões ou pombos diante de abutres, oponhamos a caridade ao ódio, a verdade ao erro e a luz à sombra, onde respirarmos, porque apenas dentro da luta incessante é que promoveremos o triunfo imarcescível do bem, por vozes vivas anunciando a vitória do Cristo de Deus. 


Espírito Antônio Cardoso