sábado, 30 de dezembro de 2023

Joanna de Ângelis - Livro Entrega-te a Deus - Divaldo P. Franco - Cap. 15 - Libertação Gloriosa



Joanna de Ângelis - Livro Entrega-te a Deus - Divaldo P. Franco - Cap. 15


Libertação Gloriosa


"A ignorância é mãe de muitos males que afligem a criatura humana e responde por inúmeros crimes que se alastram na sociedade. Em razão de não estar informada em torno dos deveres humanos e espirituais da criatura, a ignorância investe, audaciosa, disseminando a agressividade e o estupor, mantendo o primarismo e comprazendo-se nas atitudes infelizes.

Uma palavra esclarecida pode conduzir as pessoas ao superior destino para o qual estão rumando. Mediante informações equilibradas e saudáveis, podes esparzir esperança e alegria de viver, proporcionando encantamento e liberdade de ação.

Por meio do luminoso esclarecimento, renascem no imo daquele que o recebe a coragem e a alegria de encontrar-se em processo de reparação dos erros praticados ontem ou remotamente, dignificando-se perante a própria consciência, assim como diante da Consciência Cósmica.

Quando as dores de qualquer matiz encontram agasalho no recesso dos seres e esses não identificam a sua finalidade, não entendendo a lei de causa e efeito, elas transformam-se em látego impiedoso que dilacera a alma, atirando as suas vítimas no calabouço da revolta e do desespero. Sem o amparo da compreensão, o nada se apresenta como sendo a solução, abrindo as portas para o suicídio nefando....

O ser esclarecido não mais se permite a dúvida em torno da imortalidade, na qual se encontra mergulhado, seja no corpo ou fora dele, mantendo contato com os Espíritos que o precederam no retorno ao país de origem e aguardando o seu momento de também volver....

Esclarecido em torno do significado existencial, dos objetivos de que a reencarnação é portadora, o ser humano desperta para a compreensão da terrestre caminhada, experimentando inexprimível alegria de viver conscientemente.

Aquele que se esclarece em torno da vida espiritual encontra um tesouro que pode multiplicar, mimetizando todos os outros que se lhe acercam, ao tempo que diminui a densidade miasmática predominante.

A palavra de amor e de esclarecimento que nasce nas emoções da solidariedade e da compaixão transforma-se em estrela luminífera, mantendo claridade esfuziante à sua volta".


Joanna de Ângelis










Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. 21 - Haverá falsos cristos e falsos profetas - Instruções dos Espíritos - Os falsos profetas



Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. 21 - Haverá falsos cristos e falsos profetas - Instruções dos Espíritos


Os falsos profetas 
 

A árvore que produz maus frutos não é boa e a árvore que produz bons frutos não é má; – porquanto cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto. Não se colhem figos nos espinheiros, nem cachos de uvas nas sarças. – O homem de bem tira boas coisas do bom tesouro do seu coração e o mau tira as más do mau tesouro do seu coração; porquanto, a boca fala do de que está cheio o coração. (S. LUCAS, 6:43 a 45.)

Guardai-vos dos falsos profetas que vêm ter convosco cobertos de peles de ovelha e que por dentro são lobos rapaces. – Conhecê-los-eis pelos seus frutos. Podem colher-se uvas nos espinheiros ou figos nas sarças? – Assim, toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus frutos. – Uma árvore boa não pode produzir frutos maus e uma árvore má não pode produzir frutos bons. – Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. – Conhecê-la-eis, pois, pelos seus frutos. (S. MATEUS, 7:15 a 20.)

Tende cuidado para que alguém não vos seduza; – porque muitos virão em meu nome, dizendo: “Eu sou o Cristo”, e seduzirão a muitos.

Levantar-se-ão muitos falsos profetas que seduzirão a muitas pessoas; – e porque abundará a iniqüidade, a caridade de muitos esfriará. – Mas aquele que perseverar até ao fim se salvará.

Então, se alguém vos disser: O Cristo está aqui, ou está ali, não acrediteis absolutamente; – porquanto falsos Cristos e falsos profetas se levantarão e farão grandes prodígios e coisas de espantar, ao ponto de seduzirem, se fosse possível, os próprios escolhidos. (S. MATEUS, 24:4, 5, 11 a 13, 23 e 24; S. MARCOS, 13:5, 6, 21 e 22.)

Allan Kardec












Fonte: Ipeak

Emmanuel - Livro No Portal da Luz - Chico Xavier - Cap. 8 - Familiares incompreensivos



Emmanuel - Livro No Portal da Luz - Chico Xavier - Cap. 8


Familiares incompreensivos


Quando aceites os princípios que te renovam, é possível que a mesma compreensão não te alcance, de pronto, os familiares queridos.

Conservas, talvez, a provocação de rentear com entes amados que te recusam a fé ou tudo fazem por arredar-te da senda de luz que hoje palmilhas.

Às vezes, entristece-te por semelhante motivo, a ponto de te ameaçares com desânimo e frustração.

É forçoso, porém, vejas no lar o educandário primeiro de tua fé.

A lavoura mais próspera começou na coleção de sementes. A missão mais alta entre os homens, sem dúvida, principia nos testemunhos pequeninos de serviço e abnegação no círculo estreito em que se forma a personalidade.

Teu lar, tua escola. Aí dentro, serás professor e aluno ao mesmo tempo. Erguer-te-ás na cátedra do dever cumprido e transmitirás o ensinamento vivo do bom exemplo aos que te acompanham. Por outro lado, ouvirás, talvez, aí nesse abençoado cenáculo de aperfeiçoamento moral, frases agressivas ou conceitos ferinos que desconheces na vida pública, a fim de que aprendas paciência e humildade, no trato da purificação. 

As manifestações de desagrado ou corrigenda que aguardaste inutilmente dos teus maiores adversários provavelmente recolherás, em casa, dos seres que mais amas.

Entretanto, exercita o devotamento e prossegue adiante, no cultivo de tua fé.

Não te lastimes, nem discutas.

O embate palavroso deixa o coração encharcado de fel.

A opinião dos outros a teu respeito é construída ou retificada à custa de tuas próprias demonstrações de tolerância e bondade.

Se a incompreensão te rodeia, serve sempre.

Se sofres injúria ou perseguições, serve ainda.

Se tudo parece contrariar-te aspirações e desígnios, serve mais.

Não descreias de Deus, que te segue e te vê.

Pela força do exemplo, vencerás.


Emmanuel














Neio Lúcio - Livro Alvorada Cristã - Chico Xavier - Cap. 44 - Somos chamados a servir



Neio Lúcio - Livro Alvorada Cristã - Chico Xavier - Cap. 44


Somos chamados a servir


O legislador, com a pena, traça decretos para reger o povo.

O escritor utiliza o mesmo instrumento e escreve livros que renovam o pensamento do mundo.

Mas, não é só a pena que, manejada pelo homem, consegue expressar a sabedoria, a arte e a beleza, dentro da vida.

Uma vassoura simples faz a alegria da limpeza e, sem limpeza, o administrador ou o poeta não conseguem trabalhar.

O arado arroteia o solo e traça linhas das quais transbordarão o milho, o arroz, a batata e o trigo, enchendo os celeiros.

A enxada grava sulcos abençoados no chão, a fim de que a sementeira progrida.

A plaina corrige a madeira bruta, cooperando na construção do lar.

A janela é um poema silencioso a comunicar-nos com a natureza externa; o leito é um santuário horizontal, convidando ao descanso.

O malho toma o ferro e transforma-o em utilidades preciosas.

O prato recolhe o alimento e nos sugere a caridade.

O moinho recebe os grãos e converte-os no milagre da farinha.

O barro desprezível, nas mãos operosas do oleiro, em breve surge metamorfoseado em vaso precioso.

Todos os instrumentos de trabalho no mundo, tanto quanto a pena, concretizam os ideais superiores, as aspirações de serviço e os impulsos nobres da alma.

Ninguém suponha que, perante Deus, os grandes homens sejam somente aqueles que usam a autoridade intelectual manifestada. Quando os políticos orientam e governam, é o tecelão quem lhes agasalha o corpo. Se os juízes se congregam nas mesas de paz e justiça, são os lavradores quem lhes ofertam recurso ao jantar.

Louvemos, pois, a Divina Inteligência que dirige os serviços do mundo!

Se cada árvore produz, segundo a sua especialidade, a benefício da prosperidade comum, lembremo-nos de que somos todos chamados a servir, na obra do Senhor, de maneira diferente.

Cada trabalhador, em seu campo, seja honrado pela cota de bem que produza e cada servo permaneça convencido de que a maior homenagem suscetível de ser prestada por nós ao Senhor é a correta execução do nosso dever, onde estivermos.


Neio Lúcio













Meimei - Livro Vozes do Grande Além - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 51 - Lembra-te de Deus



Meimei - Livro Vozes do Grande Além - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 51


Lembra-te de Deus


Reunião da noite de 31 de maio de 1956.

Encerrando-nos as lides da noite, comunicou-se Meimei, a abnegada irmã de nosso grupo, que nos ofertou como de outras vezes, a sua palavra generosa e consoladora.

Lembra-te de Deus para que não olvides a tua alma no labirinto das sombras.

O Criador vive e palpita na Criação que o reflete.

Quando estiveres ferido pelas farpas do sofrimento, lembra-te de Deus que, em muitas ocasiões, socorre a terra seca, por intermédio de nuvens tempestuosas.

Quando te sentires revoltado ante as misérias do mundo, lembra-te de Deus, cuja majestade permanece incorruptível, no próprio fruto podre, através da semente pura em que a planta se renovará, exuberante e vitoriosa.

Lembra-te de Deus e aprende a não julgar com os olhos físicos, que apenas assinalam na Terra ligeiras nuances da verdade.

Tudo nos infinitos domínios do Infinito Universo é transformação incessante para a glória do bem.

Em razão disso, o mal é sempre efêmero nevoeiro na exaltação da eterna luz, e toda sombra, por mais dilatada no espaço e no tempo, não passa de expressão transitória no jogo das aparências.

Não reproves, assim, o solo estéril pela carência que patenteia e nem condenes a víscera cadavérica pelo bafio que exala, porque, amanhã, a Bondade de Deus pode reunir um e outro, com eles edificando um berçário de lírios.

Não te antecipes à Justiça do Pai Celeste quando fores incomodado, porque o Pai Celeste sabe distribuir o pão e a corrigenda com os filhos que lhe constituem o patrimônio de excelso amor.

Ainda mesmo diante do inferno que nós criamos na consciência com os nossos erros deliberados, ei-lo, bondoso, a expressar-se com o seu Divino Devotamento, transformando-o em lixívia que nos sane as mazelas da alma.

Trabalha, ajudando sempre, na certeza de que Deus sustenta a vida, para que a vida se aprimore.

Assim sendo, no princípio de cada dia ou no começo de cada tarefa nova, faze da oração a nota inicial de teu passo primeiro, para que te não falte a inspiração do Céu em toda a medida justa.

Quando fatigado, seja Deus teu descanso.

Quando aflito, seja Deus teu consolo.

Quando supostamente derrotado, seja Deus teu arrimo.

Quando em desalento, seja Deus tua fé.

Ergue, diariamente, um templo vivo de amor a Deus em teu espírito e rende-lhe preito incessante, através do serviço ao próximo, nas lutas de cada hora.

Em todos os lances de nossa peregrinação para os cimos, lembremo-nos de Deus para que não estejamos esquecidos de nós.


Meimei















domingo, 24 de dezembro de 2023

Auta de Souza - Livro Os Dois Maiores Amores - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 19 - Tempo de Natal



Auta de Souza - Livro Os Dois Maiores Amores - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 19


Tempo de Natal


Jesus, servindo sem guerra,

Demonstrou, sem nada impor,

Que o reino da paz, na Terra,

Tão-só precisa de amor.


Auta de Souza














Isabel - Livro Relicário de Luz - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 23 - No correio do coração



Isabel - Livro Relicário de Luz - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 23


No correio do coração


Minha querida filha: Deus nos abençoe!

Não se sinta esquecida por sua mãe na viagem dolorosa.

Mãe também, sinto as penas que lhe sangram o coração e, mais acordada para a vida, em razão do milagre da morte, mais me doem suas feridas, suas amarguras, suas provações…

Ainda assim, louvemos o sofrimento que se fez nosso aguilhão de todos os dias.

É por ele que alvejamos o tecido de nossa alma, a fim de vestir, mais tarde, aquela túnica de felicidade na festa nupcial da comunhão com Jesus. 6 Até lá, é preciso padecer e agradecer, chorar e sorrir, trabalhar e esquecer, acolhendo os transes da existência por dádivas do Céu e desculpando a existência escura da Terra, pela claridade que as suas lutas acerbas inflamam, em nós.

De tudo o que vi no mundo, de tudo o que conheci entre os homens, só mesmo a fé e o serviço, a prova e o sofrimento, se revestem de justo valor.

Enquanto na carne, sobram enganos ao coração…

Procuramos equilíbrio nas ilusões da vida material, como se essas ilusões não passassem…

Buscamos satisfação e reconforto, segundo as convenções humanas, como se essas convenções representassem realidades.

Idealizamos a construção de um paraíso de amor com os nossos afetos, como se esses laços não pertencessem a Deus…

E, por isso, quando a ventania da experiência ruge sobre nós, raramente nos sustentamos de pé, a fim de prosseguir na subida para o melhor.

Mais feliz que eu mesma, apesar das aflições que me devastaram na Terra, você tem visto a tempestade de perto, sabendo dignamente atravessá-la.

Não perca sua coragem e sua confiança, sua submissão ao Céu e sua paciência de cada dia.

A fé viva é uma lâmpada que não se apaga quando sabemos oferecer-lhe o combustível de nossa humildade, perante o Senhor.

Não tema, diante dos obstáculos. Lembre-se da transitoriedade de tudo! 

Nosso lar, que era um ninho, nossas afeições que eram oásis de alegria, nossos projetos que eram alimento da alma e nossas realizações domésticas que pareciam verdades inamovíveis também passaram…

Eu, às vezes, penso que a reencarnação dos seres que se amam, em abençoados grupos familiares, é semelhante a breve reunião de viajores num recanto pacífico da praia…

Por algum tempo, é possível a continuidade da comunhão de vistas e esperanças naqueles que se entrelaçam; mas, logo após, o mar que nos deve exercitar as forças, em ondas fortes, se incumbe de separar temporariamente os que se harmonizam uns com os outros, a fim de que a romagem de aprendizado alcance os seus fins, no fortalecimento do espírito.

Graças a Jesus, você tem vencido galhardamente os choques e as surpresas da travessia laboriosa…

E esteja certa de que, enquanto suas mãos estiverem acariciando a cruz que o Senhor nos concede, por valioso salva-vidas, no oceano irado das provações, sua viagem continuará sempre iluminada pelo sol bendito da Divina Proteção a conduzi-la até o porto seguro da paz definitiva, em que abnegados amigos a esperam, solícitos e amorosos. 

E guarde igualmente a convicção de que estamos ao seu lado, auxiliando-a em todos os lances difíceis, para que a vejamos, enfim, afortunada e vitoriosa.

Minha filha, por mais inquietantes sejam os tropeços, não desanime, recordando que mais tem Deus a nos dar.

O Celeste Amor não se empobrece. Quanto mais buscamos das mãos de Nosso Pai, maiores suprimentos nos reserva Ele às nossas necessidades.

Descanse, atenda à saúde e continuemos dando o melhor de nós mesmas na plantação do bem.

A dor é senda para a alegria.

O pranto é a preparação do sorriso.

A saudade é a esperança que sofre.

Tomemos Jesus por nosso condutor infalível e avancemos.

Distribua minhas lembranças com todos os nossos e, conchegando você ao meu coração, peço-lhe guardar, como sempre, todo o carinho, todo o reconhecimento e todo o amor de sua mãe,


Isabel










Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Ermance Dufaux - Livro Mereça Ser Feliz - Wanderley S. de Oliveira - Cap. 2 - Felicidade do Tarefeiro Espírita



Ermance Dufaux - Livro Mereça Ser Feliz - Wanderley S. de Oliveira - Cap. 2


Felicidade do Tarefeiro Espírita


Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos? 
"Em conhecerem todas as coisas;" (...)  O Livro dos Espíritos - Questão 967 

Observamos um quadro comum nas fileiras abençoadas do serviço espírita: alguém procura apoio e consolo, recebendo a recomendação acertada para buscar o trabalho e o estudo - medicações essenciais para recuperação e desenvolvimento da felicidade e da paz.

Assim, o aprendiz começa sua faina espiritual, doando-se nas atividades de amor ao próximo e na afanosa busca de conhecimento. O tempo passa e a melhora é evidente. Contudo, o próprio trabalhador observa, em determinado momento, que se encontra diante de si mesmo com o grave compromisso de transformação e crescimento, tendo uma longa jornada a encetar. Nesse ínterim, experimenta a sensação de que o progresso efetivado não é compensador e passa a debater-se com a questão da felicidade, do equilíbrio e da superação de velhos vícios. Percebe que estudo e trabalho, por si só, não geram a transformação e a excelsitude desse estado íntimo que requer um tanto mais de aplicação do servidor a novos campos de labor na sua intimidade.

Nessa hora decisiva da caminhada espiritual, se o discípulo espírita não dispuser de elevadas doses de atenção e paciência na compreensão de suas necessidades profundas, poderá sucumbir nos estados de descrença e desânimo, vindo a permitir-se o desencanto com o idealismo superior. Falta-lhe horizontes sobre os caminhos a construir para aquisição da paz legítima, respostas mais consistentes aos seus dramas interiores, os quais deseja superar em busca do homem novo.

Pensará então de si para consigo: para que tanto esforço, se não observo melhoras na minha vida pessoal? Com que objetivo trilhei esse caminho, se não consigo vencer certas limitações que atormentam minha consciência? Por que não logrei um tanto mais de felicidade ante tanta movimentação e empenho na trilhas de espiritualização?

Comum observar, igualmente, o pessimismo em que se encontram muitas lideranças valorosas, entregues ao desânimo depois de ricos investimentos na lavoura doutrinária em anos de trabalho e devoção, desacreditando de tudo e de todos, projetando no movimento espírita o derrotismo que tomou conta de seu campo mental.

Falta de horizontes, rotina exaustiva, sensação de faltar algo na melhoria das atividades, sem conseguir se dar conta do que seja, ausência de criatividade de novas alternativas e soluções para os velhos problemas de grupo e comportamento, cansaço na luta com as imperfeições sem encontrar caminhos para o progresso pessoal: esses são os resultados de algumas de suas tarefas depois de anos peregrinando nas vivências espiritistas. O que estará acontecendo? Será uma obsessão? Um descuido? O que ocorre nessas circunstâncias? Será normal esse tipo de vivência ou será o fruto de semeadura mal trabalhada?

Essa questão sutil da vivência espírita tem passado desapercebida de muitos, e não é por outra razão que bons tarefeiros têm abandonado a sementeira ou tombado em diversos insucessos do comportamento...

Façamos uma análise sobre o assunto, tomando por base um campo preparado para o plantio, onde o agricultor não deitou as sementes nas covas. Que resultados esperar dessa sementeira sem semeadura? Em outro quadro, poderíamos supor que o lavrador semeou, no entanto, sua impaciência e intransigência com a natureza lhe retiram a força para continuar os cuidados imprescindíveis com a gleba.

Assim é a situação do tarefeiro. Trabalhar e estudar são os caminhos de descoberta e fortalecimento. Todavia, se ele não se aplica ao serviço essencial da transformação de si próprio, buscando o autoconhecimento com pleno domínio do mundo interior, deixará de semear no seu terreno pessoal as sementes vigorosas que vão lhe conferir, no futuro, a liberdade e a farta colheita do júbilo almejado por ele mesmo. E esse processo exige tempo, disposição incansável de recomeçar, meditação, cultivo de novos hábitos, oração, renúncia, capacidade de sacrifício, vigilância mental, vontade ativa, disciplina sobre os desejos, diálogo fraternal, dever cumprido e amparo espiritual.

Não existe felicidade sem pleno conhecimento de si mesmo. O mergulho nas águas abissais do mar íntimo é indispensável. E a convivência, nesse contexto, é escola bendita. Saber os motivos de nossas reações uns frente aos outros, entender os sentimentos e ideias nas relações é preciosa lição para o engrandecimento da alma na busca de si próprio.

Por isso, sempre ao lado de tarefas e estudos, incentivemos um melhor relacionamento, permitamos espaços no centro espírita para construção de grupos autênticos, que permitam falar de seus limites, de suas angústias, de suas lutas, de suas vitórias, de seus sonhos, em magnífica permuta de vivências embasada em tolerância e solidariedade, a fim de promover as agremiações doutrinárias a ambientes de lídima fraternidade, evitando as capas, as máscaras, o verniz.

Os excessos nesse tema são reais; a intransigência, a normatização, o clima de cobranças têm servido para assustar e aterrorizar muitos corações. Frases impiedosas e humilhantes têm sido estatuídas a pretexto de esculpir um modelo de conduta ou padrão para a vida espírita, calcadas em velhos chavões religiosistas no estilo "espírita faz isso, espírita não faz aquilo", subtraindo a possibilidade da conscientização, do amadurecimento, da interiorização dos conteúdos pelas vias sagradas do coração.

O ser humano está cansado da intransigência. Ele quer responsabilidade, liberdade e paz. E se não mudarmos a didática na forma de comunicarmos a mensagem espírita, continuaremos na obsoleta postura de educar de fora para dentro, quando educação é tirar de dentro para fora, respeitando as singularidades da individualidade e permitindo-lhe o ajustamento pacífico entre os novos conteúdos apresentados pelo Espiritismo e sua bagagem espiritual, buscando, pouco a pouco, através da postura íntima, a responsabilidade, a mudança de hábitos, o controle sobre sua própria existência na direção de novos propósitos.

Ante essa abordagem, não temos dúvida em afirmar que quando orientamos quem quer que seja a estudar e trabalhar, jamais podemos deixar de alertar e relembrar que o compromisso da transformação é individual e exige esforço, a fim de não alimentarmos velhas ilusões de "negociatas com Deus" em favor de vantagens na vida.

Não podemos supor que a simples adesão do trabalhador ao trabalho trará paz e felicidade instantâneas. Por isso, todas as atividades que se erguem em nome do Espiritismo deveriam ter como objetivo primordial ensejar aos que dela participam uma visão do compromisso educativo no qual ele está ingressando. Essa responsabilidade está diretamente atrelada às funções daqueles que a dirigem, que devem ser os primeiros a terem consciência clara das linhas de aprendizado que cada atividade pode desenvolver no mundo mental, psicológico e emocional do tarefeiro.

Caridade com o próximo, porém igualmente conosco. A luz com a qual clareamos os caminhos alheios é crédito perante a vida, entretanto, somente a luz que fazemos no íntimo nos pertence e é fonte de liberdade e equilíbrio, paz e riqueza na alma.

Parece óbvio a nossa afirmativa, mas nem tanto! Há muitas pessoas esquecendo ou não querendo compreender semelhante princípio, submetendo-se a largo processo de autocobrança do qual não conseguem vencer, enredando-se em climas desgastantes de desamor a si próprias. E o mais lamentável é que muitos corações passam a acreditar que esse mecanismo de sofrimento é o resultado de reflexos de seu passado reencarnatório, quando, em verdade, a pessoa está no labirinto de si mesma sem conseguir encontrar as saídas pelas quais já poderia ter passado, caso guardasse melhor habilidade na arte de conviver bem consigo própria.

A felicidade, tão procurada no mundo da transitoriedade, está em nós, no ato de penetrarmos na desconhecida gleba do eu, arando esse terreno fértil para que floresça a Divindade da qual somos todos portadores. Essa é a felicidade dos Espíritos Superiores, conforme assertiva da codificação; todavia, pode também ser a nossa, ainda agora...


Ermance Dufaux



(...)  “Em conhecerem todas as coisas; em não sentirem ódio, nem ciúme, nem inveja, nem ambição, nem qualquer das paixões que ocasionam a desgraça dos homens. O amor que os une lhes é fonte de suprema felicidade. Não experimentam as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias da vida material. São felizes pelo bem que fazem. Contudo, a felicidade dos Espíritos é proporcional à elevação de cada um. Somente os puros Espíritos gozam, é exato, da felicidade suprema, mas nem todos os outros são infelizes. Entre os maus e os perfeitos há uma infinidade de graus em que os gozos são relativos ao estado moral. Os que já estão bastante adiantados compreendem a ventura dos que os precederam e aspiram a alcançá-la. Mas, esta aspiração lhes constitui uma causa de emulação, não de ciúme. Sabem que deles depende o consegui-la e para a conseguirem trabalham, porém com a calma da consciência tranquila e ditosos se consideram por não terem que sofrer o que sofrem os maus.”



quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

André Luiz - Livro Relicário de Luz - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 53 - Pequeno decálogo do serviço espiritual



André Luiz - Livro Relicário de Luz - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 53


Pequeno decálogo do serviço espiritual


Se procuras materializar o Espírito, espiritualiza a matéria.

Se desejas aumentar o uso da alma, diminui o uso da carne.

Se buscas receber, aprende também a dar de ti mesmo.

Se pretendes encontrar a luz, foge à sombra.

Se buscas verdadeiramente o bem, evita o mal.

Se aspiras à integração com a Verdade, abstém-te da fantasia.

Se julgas o privilégio desagradável nos outros, não reclames prerrogativas ao teu círculo pessoal.

Se esperas realização nobre, não olvides o trabalho incessante, a persistência no bem, o estudo edificante, a sementeira benéfica e o serviço desinteressado aos semelhantes.

Se aguardas a revelação dos Céus, revela-te com humildade diante do Senhor e diante de teus irmãos, com espírito de reconstrução do próprio destino.

Se buscas a bênção consoladora na Doutrina dos Espíritos, sob a inspiração de Jesus, nosso Mestre e Senhor, traze com alegria o Espiritismo por fora, mas não te esqueças de conservar o Evangelho por dentro.


André Luiz











Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Bezerra de Menezes - Livro Nosso Livro - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 16 - O serviço orientador



Bezerra de Menezes - Livro Nosso Livro - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 16


O serviço orientador


É indiscutível a vitória do pensamento novo, sob as claridades do Espiritismo Cristão, a se derramarem abundantemente no mundo.

Em todos os lugares, identificamos a fome de conforto e a sede de saber… Contudo, observamos também vacilação e dúvida, em quase toda parte.

Convicções hesitantes não conseguem manter o serviço iniciado sobre projetos grandiosos, porque, não raro, os princípios sublimes são confundidos com pessoas transitórias, velando-se a luz sob espessa cortina de sombras, no ânimo irresoluto dos aprendizes, que retardam o avanço das novas revelações.

Observamos, assim, o triunfo e o brilho na ideia, a rodear-se de obscuridade e incerteza na ação.

Não podemos esquecer, porém, de que o único dissolvente dos óbices dessa natureza é o serviço, em cujos continentes renovadores encontraremos, a todo instante, o renascimento íntimo que o trabalho bem conduzido e bem interpretado estabelece dentro de nós mesmos.

A inspiração divina não se abre a quem lhe não bata às portas. E esse “bater” simbólico, tão bem expresso nas lições de Jesus, representa a atividade incessante dos discípulos da Boa Nova a fim de materializarem no mundo os ensinamentos do Mestre.

Sem que nos afeiçoemos ao serviço que ajude ao semelhante, a própria mediunidade estaria reduzida a um poço de águas estagnadas.

Avançaremos pelos caminhos do amor e da cooperação, orientando-nos pela verdadeira fraternidade, ou permaneceremos indefinidamente cristalizados na contemplação nociva ou na discussão perturbadora.

Estejamos convencidos de que o auxílio eficiente aos outros é a nossa diretriz comum, de vez que, em todo tempo, quem ajuda ao vizinho beneficia a si mesmo com mais segurança.

Se desejamos, pois um Espiritismo triunfante com o Cristo na direção e com assembleias e realizações dignas dele, não olvidemos que o serviço é o nosso orientador primário e supremo, porque somente convertendo nossa existência em braços, olhos, ouvidos, pés, pensamentos e corações, através dos quais se manifeste a vontade atuante e redentora do Mentor Divino, em favor de todas as criaturas e de nós mesmos, é que atingiremos o mundo regenerado com uma só fé e um só Senhor.


Bezerra de Menezes













Emmanuel - Livro Urgência - Chico Xavier - Cap. 24 - Ama servindo



Emmanuel - Livro Urgência - Chico Xavier - Cap. 24


Ama servindo


Muitos companheiros se propõem a conquistar a vitória, nesse ou naquele tipo de luta; no entanto, em qualquer conflito, a vitória somente vale quando envolve a paz de todos.

Reter o melhor para si, unicamente, é uma forma de egoísmo; contudo, fazer-se alguém melhor, a benefício dos outros, é o caminho para a tranquilidade.

Geralmente, quando nos achamos no Plano Físico, as leis da vida nos colocam de preferência, junto daqueles com os quais ainda não nos harmonizamos de todo. Por isso, aprender tolerância é curso de elevação espiritual dos mais importantes.

Às vezes, por longo tempo, na existência terrestre, temos pela frente os adversários gratuitos, os parentes difíceis, os desafetos que remanescem de vidas passadas ou os companheiros desinformados e infelizes.

Em suma, é o antagonismo a oferecer-nos oportunidades de melhoria e burilamento. Em vista disso, observa no assunto, os pontos essenciais a considerar.

Faze pelos familiares-problemas todo o bem que puderes. Não acredites, em tempo algum, que hajas feito por eles o bastante, embora conservando a própria paz íntima, depois dos teus deveres plenamente cumpridos, porque, de nossa parte, nunca admitimos que Deus haja realizado o suficiente, em nosso favor.

Não recolhas ofensas e sim age, de tal modo que os teus mais austeros críticos melhorem as próprias opiniões a teu respeito.

Ninguém te pede bajular os inimigos gratuitos para obter-lhes a simpatia, mas reconhecer-lhes as qualidades nobres e respeitá-los para nós todos é simples dever.

Se alguém demonstra intolerância para contigo, anota isso por traço de ligação com o pretérito e procede com discrição, aguardando o momento em que possas ser útil a esse alguém, passando a desfazer impressões negativas que terás criado à distância, em outros quadros da vida.

E se esse ou aquele irmão te falta à confiança, criando-te dificuldades e prejuízos, considera-os por doentes, mais necessitados de apoio e compreensão que de corrigenda.

Enfim, para ganhar a paz, toma o amor ao próximo por legenda da própria vida. Abençoa e auxilia, serve e espera.

Não lutes para complicar as lutas que se te fazem necessárias. Amando e servindo, vencerás.


Emmanuel












terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Emmanuel - Livro Caminhos - Chico Xavier - Cap. 20 - Desapego



Emmanuel - Livro Caminhos - Chico Xavier - Cap. 20


Desapego


Quantos estamos presos
A grilhões invisíveis?

Esse está preso ao campo
Que comprou por milhões.

Outro prendeu-se à fama
Que lhe consome a vida.

Aquele lembra um louco
Em algemas de ouro.

Há quem faça do amor
Um cativeiro em trevas.

Se queres paz em Deus,
Desapega-te e ama.


Emmanuel











domingo, 10 de dezembro de 2023

Joanna de Ângelis - Livro Psicologia da Gratidão - Divaldo P. Franco - Cap. 1 - A benção da gratidão



Joanna de Ângelis - Livro Psicologia da Gratidão -  Divaldo P. Franco - Cap. 1


A benção da gratidão
 

Entre os sentimentos nobres que caracterizam o ser psicológico maduro, a gratidão destaca-se como um dos mais relevantes.

A vida, em si mesma, é um hino de louvor à Vida, portanto, de gratidão incontida.

Vida, porém, é vibração de harmonia presente em todo o Universo.

Limitada nas diversas expressões pelas quais se manifesta, é um desafio em constante desdobramento na busca de significado.

Quando o processo de crescimento emocional liberta o Espírito da sombra em que se aturde, nele se apresenta a luz da verdade, que é o discernimento em torno dos valores significativos que o integram no concerto harmônico do Cosmo.

Buscando a perfeita identidade, na fusão equilibrada do eixo ego/Self, dá-se conta que viver é experienciar gratidão por tudo quanto lhe sucede e tem oportunidade de vivenciar.

A gratidão, dessa maneira, é a força que logra desintegrar os aranzéis da degradação do sentido existencial.

Filha da maturidade alcançada mediante a razão, sobrepõe-se ao instinto, é conquista de elevada magnitude pelo propiciar de equilíbrio que faculta àquele que a sabe ofertar.

Comumente, na imaturidade emocional, acredita-se que a gratidão é uma retribuição pelo bem ou pelos favores que se recebem, consistindo em uma forma de devolução, pelo menos em parte. Inegavelmente, quando se devolve algo dos recursos recebidos, que têm significados saudáveis, opera-se no campo do reconhecimento. No entanto, trata-se de uma convenção, efeito do jogo mercadológico da oferta e da procura ou vice-versa.

O instinto de preservação da existência, trabalhando em favor dos interesses imediatistas, age, não poucas vezes, utilizando-se de ações retributivas, especialmente quando estimulado ao prazer.

A gratidão é um sentimento mais profundo e significativo, porque não se limita apenas ao ato da recompensa habitual. É mais grandioso, porque traz satisfação e tem caráter psicoterapêutico.

Todo aquele que é grato, que compreende o significado da gratidão real, goza de saúde física, emocional e psíquica, porque sente alegria de viver, compartilha de todas as coisas, é membro atuante na organização social, é criativo e jubiloso.

Predomina, porém, nas massas, que infelizmente diluem a identidade do indivíduo, confundindo os valores éticos e comportamentais, a ingratidão, filha inditosa da soberba, quando não do orgulho ou da prepotência, esses remanescentes do instinto, transformados em sombra perturbadora. Em consequência, vivem em inquietação, perturbam-se e desequilibram os demais, cultivando as enfermidades parasitas da agressividade, da violência ou da autocompaixão, entregando-se aos  conflitos e realizando mecanismos de transferência de responsabilidades. Impossibilitados de compreender a finalidade existencial, a busca de um sentido para a autorrealização, fazem-se omissos, até mesmo no que diz respeito aos seus insucessos, entregando-se a condutas esdrúxulas que pensam poder escamotear os conflitos que os assinalam.

Essa estranha conduta é responsável por alguns mitos que remanescem no inconsciente, e esses arquétipos desculpistas constituem-lhes recursos de auto apaziguamento, dessa forma tentando conciliar a consciência que exige lucidez com o ego que prefere a ilusão.

O Self imaturo sofre o efeito do ego dominador e atribui-se méritos que não possui, acreditando-se credor de todas as benesses que lhe são concedidas, sempre anelando por mais recursos que lamentavelmente não o plenificam. Nesse estágio, haure bens que não sabe usar, e amontoam-se em armários ou em bancos, acumulando presunção e despotismo, sem se integrar no conjunto social em que se movimenta. E quando o faz, destaca-se pelo orgulho e pelo falso poder externo, compensando as angústias internas com a bajulação e o aplauso dos outros, que se transformam em estímulo para exibir as qualidades que gostaria de possuir.

Aspira sempre por ter mais, sem a preocupação de ser melhor.

Busca ser respeitado, o que equivale a dizer temido, antes que ser amado, pela dificuldade que tem de amar, o que lhe propicia insegurança e mal-estar disfarçados com os vícios sociais, tais o álcool, as drogas da moda, o tabaco, o sexo apressado e destituído de sentimento emocional compensatório.

Recolhe onde não semeou, por acreditar-se possuidor de direitos que lhe não cabem, impedindo-se o dever de repartir solidariedade e harmonia.

Assume postura agressivo-defensiva, de modo que amealhe sem oferecer, descobrindo inimigos onde existem apenas desconhecidos que não foram conquistados e simpatizantes que não foram atraídos ao seu fechado círculo de egoísmo.

Permanece armado, em vigília contínua, em vez de amando em todas as  circunstâncias,  ante  a  irradiação  de  desequilíbrio  que  é  o  seu  estado interno. 

Introverte-se, quando deveria espraiar-se como as águas generosas do regato, diluindo as fixações que o retêm na infância da evolução antropológica...

O sentido existencial é de conquistas internas, aplicadas em favor da gratificação.

À medida que se recebe, doa-se, e, na razão direta em que se é aceito e querido, mais ama e melhor agradece. 

A gratidão é uma bênção de valor desconhecido, porque sempre tem sido considerada na sua forma simplista e primária, sem o conteúdo psicoterapêutico de que se reveste.

Quando  se  reflexiona  em  torno  da  gratidão,  quase  imediatamente  se pensa em devolver parte do que foi recebido, o que a torna insignificante e destituída de valor. 

Permanece aí a visão material imediatista, sem os conteúdos psicológicos renovadores.

Quando observamos uma rosa exteriorizando perfume carreado pela brisa, deparamo-nos com a gratidão do vegetal que transformou húmus e água em aroma delicado. 

De igual maneira, o Sol, que responde pela preservação do milagre da vida em múltiplas manifestações, oscula o charco sem assimilar-lhe os odores pútridos e acaricia as pétalas das flores sem tomar-lhes o aroma agradável. Essa é a sua forma de agradecer a própria finalidade para a qual foi criado...

Quando o Espírito alcança o objetivo do seu significado imortal e entende-o com discernimento lúcido, abençoa tudo e todos, agradecendo-lhes a oportunidade por fazer parte do seu conglomerado. 

A gratidão deve ser um estado interior que se agiganta e mimetiza com as dádivas da alegria e da paz. 

Por essa razão, aquele que agradece com um sorriso ou uma palavra, com uma expressão facial em silêncio ou numa canção oracional, com o bem que esparze, é sempre feliz, vivendo pleno. Entretanto, aquele que sempre espera receber, que faz e anela pela resposta gratulatória, que se movimenta e realiza atos nobres, mas conta com o alheio reconhecimento, imaturo, negocia, permanecendo instável, neurastênico, em inquietação.

Quando  se  é  grato,  nunca  se  experimenta  nenhum  tipo  de  decepção ou queixa, porque nada espera em resposta ao que realiza.

A busca, portanto, da autorrealização é alcançada a partir do momento em que a gratidão exerce o seu predomínio no self sem nenhuma sombra perturbadora, constituindo-se uma sublime bênção de Deus.


Joanna de Ângelis

















Emmanuel - Livro Escrínio de Luz - Chico Xavier - Cap. 6 - Mansos de coração



Emmanuel - Livro Escrínio de Luz - Chico Xavier - Cap. 6


Mansos de coração


Quando Jesus proclamou a felicidade dos mansos de coração, não se propunha, de certo, exaltar a ociosidade, a hesitação e a fraqueza.

Muita gente, a pretexto de merecer o elogio evangélico, foge aos mais altos deveres da vida e abandona-se à preguiça ou à fé inoperante, acreditando cultivar a humildade.

O Mestre desejava destacar as almas equilibradas, os homens compreensivos e as criaturas de boa vontade que, alcançando o valor do tempo, sabem plantar o bem e esperar-lhe a colheita, sem desespero e sem violência.

A cortesia é o primeiro passo da caridade.

A gentileza é o princípio do amor.

Ninguém precisa, pois, aguardar o futuro, a fim de possuir a Terra. É possível orientá-la hoje mesmo, detendo-lhe os favores e talentos, entre os nossos semelhantes, cultuando a bondade fraternal.

As melhores oportunidades de cada dia no mundo pertencem àqueles que melhores se fazem para quantos lhes rodeiam os passos. E ninguém se faz melhor, arremessando pedras de irritação ou espinhos de amargura na senda dos companheiros.

A sabedoria é calma e operosa, humilde e confiante.

O espírito de quem ara a Terra com Jesus compreende que o pântano pede socorro, que a planta frágil espera defesa, que o mato inculto reclama cuidado e que os detritos do temporal podem ser convertidos em valioso adubo, no silêncio do chão.

Se pretendes, pois, a subida evangélica, aprende a auxiliar sem distinção.

A pretexto de venerar a verdade, não aniquiles as promessas do amor. 

Abraça o teu roteiro, com a alegria de quem trabalha por fidelidade ao Sumo Bem, estendendo a graça da esperança, a benefício de todos, e, um dia, todos os que te cercam e te acompanham entoarão o cântico da bem-aventurança que o teu coração escreveu e compôs nos teus atos, aparentemente pequeninos de fraternidade e sacrifício, em favor dos outros, em tua jornada de ascensão à Divina Luz.


Emmanuel









[Reformador,  agosto de 1953, p. 180]
Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano